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    Arquivo: Edição de 15-01-2006

    SECÇÃO: Crónicas


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    Sol de Inverno

    Sol de Inverno é mais que uma canção! Aquece quando é preciso aquecer mesmo. Dá luminosidade nos dias frescos e curtos. Nas eiras, é o sol de soalheiro aquecendo as velhinhas, enquanto fiam, conversam e aquecem os pés, revestidos de meiotes de lã.

    Como será o astro-rei nas zonas polares, quando apenas surge uma hora por dia?!

    No Canadá, as poucas horas de luz solar de Inverno são totalmente aproveitadas, nem que sejam só para saírem para o campo ou jardins, patinar nos rios gelados ou deslizar na neve ou nas encostas dos terrenos congelados.

    É um privilégio viver no Porto. As amplitudes térmicas mais baixas são pouco frequentes; dão para tiritar um pouco ou nevar quando o rei faz anos! Assisti a três ou quatro nevadas, em cinco décadas de Invicta, uma das quais deu para apanhar neve no jardim dos Leões, ao sair da Faculdade de Ciências.

    É belo, é típico da cidade, o assistir à subida do nevoeiro da Foz até à Ribeira, e desta até às Fontaínhas e Campanhã. Vê-lo chegar e descer para o rio é mesmo místico, principalmente, para quem apanhou azeitona nas férias de Natal no Alto-Douro, e viu trepar e partir a carujeira, enquanto aquecia as mão "garanhas" à fogueira.

    Passar o Natal em Soutelo do Douro, mesmo no frio "domesticado" de casa, leva a desejar o regresso ao Porto, onde o Inverno, deste ano, parece um princípio de Primavera. E foi por isso que Maria Antónia, vendo o sol radiante pelo fim de uma tarde natalícia, na rua Costa Cabral, afirmou:

    – Agora os dias são maiores que antigamente!!!

    O tempo muda, mas as horas dos dias são eternas (!), apesar de esporádicos acertos de milésimos de segundos, como vai acontecer na passagem de ano.

    A marcação dos equinócios e solstícios (estações do ano) sempre preocupou a humanidade. Será pela magia celeste?

    Não é preciso ir ao templo egípcio de Karnak dos Faraós, onde mais de cem metros de colunas estão alinhadas com a precisão dos raios solares do solstício!, para pensar na importância da variação dos dias.

    O conjunto megalítico de Stonehenge, o mais notável das ilhas Britânicas, perto de Salisbury, é um excepcional monumento neolítico do culto Sol ao ar livre!

    As festas pagãs sempre tiveram, e têm, o culto solar. É, no entanto, nas mudanças das estações do ano mais forte e expressivo.

    Sem sol não há vida. A vida é um cântico ao Sol.

    O que leva a comemorar o Natal a 25 de Dezembro, quando o solstício de Inverno é no dia 21?!

    O António José não tem dúvidas:

    – Comemorarmos as festividades antes da data dá azar! A festa do solstício, três dias após, ainda vai a tempo!, é Natal.

    A tendência actual é dar, cada vez mais força à vida e, principalmente, esperança aos idosos.

    A morte, a grande lei da vida, começa a ser relembrada e saudada. Iria dizer que nalgumas sociedades, ditas primitivas, é uma libertação, festejada a música e cânticos. Nós, por cá, já vamos batendo umas palmas nos funerais, acompanhando as exéquias a música e cânticos.

    José Saramago, ao escrever "As Intermitências da Morte", deu importância à morte e à vida extraterrestre.

    Não terá o filme "A Noiva Cadáver" a mesma intenção?

    Por: Gil Monteiro

     

     

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