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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 15-01-2006

    SECÇÃO: Local


    Recordando um amigo...

    O Senhor Professor Sodré Borges foi das pessoas mais íntegras e bem formadas que conheci, ao longo da minha vida. Tinha por ele uma grande consideração. Não o digo agora porque ele nos deixou, em jeito de panegírico, mas porque sempre o pensei e demonstrei, no nosso relacionamento, tanto no Jornal como fora dele. Era um homem afável, de uma educação esmerada, sensível, culto, perfeccionista e apaixonado pelas coisas que fazia. Um bom amigo, para ele, era algo importante e fraternal. Conheci-o a partir do início de 1990, quando primeiramente comecei a colaborar com “A Voz de Ermesinde” e, uns meses mais tarde, fui convidado, pelo então presidente do Centro Social, o também amigo e saudoso Professor Joaquim Teixeira, a assumir a direcção do Jornal. O Senhor Hildebrando, como era conhecido pelos seus familiares mais íntimos, já lá estava desde 1983, primeiro como colaborador e mais tarde como chefe de redacção. Manuel Moreira Pereira era o director deste Jornal de periodicidade mensal e nele escrevia, entre outros, o «bom ermesindense» Domingos Santos.

    Com a responsabilidade do Jornal e tendo como credenciais apenas um entusiasmo incontido pela sua melhoria, a par do gosto de escrever, foi com Sodré Borges que eu aprendi muito do que sei hoje de jornalismo. Quantas vezes me aconselhou ele, nos primeiros tempos, a não escrever textos tão prolixos... Com um chefe de redacção tão dedicado, sabedor e amigo, começámos, ainda, em 1990 a escrever textos, em parceria, como os vários números da reportagem, sobre a história e evolução da nossa cidade, a que demos o nome genérico de “Andando e Observando” e que, na altura, tanto sucesso alcançou, junto dos nossos leitores. Percorremos, com este objectivo, Ermesinde de lés a lés e, enquanto eu falava, ele apontava. Ao outro dia reuníamo-nos na casa, ora de um ora de outro, para fazer o texto final. Em termos de artigos, a menina dos seus olhos era, no entanto, “As Questões de Linguagem”. Autênticos e meticulosos trabalhos de Linguística e Gramática, onde ele punha à prova todo o seu saber e interesse por estas áreas do Português, que a sua formação em Humanidades evidenciava e a sua colaboração na Sociedade de Linguística autenticava. Outros artigos, como os ligados às figuras mais importantes da nossa terra, também eram do seu agrado, apesar de ser açoriano pelo nascimento e viver em Ermesinde há poucos anos. Passou fugazmente pelas autarquias, sendo membro do Executivo da Junta de Freguesia da nossa cidade. Mas o Senhor Professor Sodré Borges não foi só o edil e o “carola” no jornalismo, numa altura em que não havia instalações, qualquer meio técnico mínimo, para além da esferográfica, e a gratuitidade era a prática. Ele foi também o servidor incansável e humilde do Jornal, que durante anos corrigiu provas que vinham de uma tipografia do Porto, que procurava e mobilizava outros homens bons, como ele, para dobrar, escrever direcções, amarrar e separar por endereços, montes de jornais que tinham prazo para serem entregues nos Correios. Quantas vezes se levantou cedo para preparar umas dezenas de fios, com o respectivo laço e medida certa, para que os «voluntários» do despacho dos jornais não esperassem e fosse possível, durante a manhã, fazer a sua entrega.

    O Jornal e o Centro de Assistência Social muito lhe devem.

    Paz à sua Alma!

    Jacinto Soares

    (Antigo director de “A Voz de Ermesinde”)

     

     

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