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    Arquivo: Edição de 15-01-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    REUNIÃO DA JUNTA DE FREGUESIA DE ERMESINDE

    Cemitérios e carta de indignação dos Bombeiros estiveram em foco

    A reunião pública da Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE) - realizada a 4 de Janeiro último - foi marcada pela polémica em torno do cemitério nº 1 desta cidade, mais concretamente nos factos de ter sido “arrombado” no dia de Natal, e de o Executivo da Junta ter deliberado nesta sessão de que a partir do próximo mês de Março será proibida a venda flores e ceras dentro do recinto, prática esta que já vem sendo feita há largos anos. Uma carta do presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde, Artur Carneiro, endereçada à JFE, dando conta da indignação desta associação ermesindense de cariz humanitário pelo facto de ter corrido o rumor de que Artur Pais havia proferido, num plenário do PSD, palavras menos agradáveis para com esta instituição, esteve igualmente no centro das atenções.

    Como é hábito acontecer nestas reuniões, foram do público as primeiras intervenções da noite, tendo Esmeralda Carvalho voltado à carga com algumas questões antigas relacionadas com a limpeza das ruas e com os parquímetros instalados na cidade. A ex-autarca socialista pretendeu saber junto do presidente da JFE, Artur Pais, se já existe alguma novidade em relação à empresa que a Câmara Municipal de Valongo (CMV) irá contratar para efectuar a limpeza das ruas de Ermesinde, que aos olhos de Esmeralda Carvalho continuam repletas de lixo. A paroquiana fez saber ainda que vários Ecopontos espalhados pela cidade estão a abarrotar de lixo há alguns meses, sem que ninguém dos serviços de limpeza da autarquia ali se desloque a fim de solucionar a situação. Sobre este assunto, Esmeralda informou ainda que já contactou por diversas ocasiões a CMV para tentar saber o porquê do não esvaziamento dos Ecopontos, recebendo sempre a mesma resposta, ou seja, que os dois camiões que fazem a recolha desse lixo estão avariados. A questão da continuidade de falta de abrigos em algumas paragens de autocarro foi igualmente lembrada pela socialista, que finalizou a sua intervenção, “trazendo à superfície” o assunto dos parquímetros, querendo saber para quando a diminuição destes aparelhos nas ruas de Ermesinde. A intervenção seguinte pertenceu a Telmo Vilar, que deu conta do caos, ao nível de trânsito, em que se encontra a Rua da Índia Portuguesa, informando o mesmo que a quantidade de carros estacionados em cima dos passeios - nos dois sentidos, isto quando esta rua é circulável ao trânsito automóvel somente num sentido – é muito elevado, referindo ainda que em dias de feira a rua torna-se autenticamente intransitável. Na resposta a estas duas primeiras intervenções, Artur Pais começou por dizer que ainda não existem novidades da parte da CMV quanto à existência de uma nova empresa que faça a limpeza das ruas. Já no que diz respeito aos assuntos dos Ecopontos o presidente da JFE informou que irá alertar a autarquia para esse problema, enquanto que em relação à Rua da Índia Portuguesa, disse que dentro em breve irão ser tomadas medidas para resolver a situação. Sobre os parquímetros, o presidente da Junta não trouxe boas notícias para os habitantes de Ermesinde, já que ficou assente na última Assembleia Municipal que o número de máquinas na cidade irá aumentar, tendo Pais dito ainda que os responsáveis da CMV quando abordaram o tema dos parquí-

    metros em Ermesinde, frisaram que «este aumento apenas peca por tardio». Sobre os abrigos das paragens de autocarros, o líder da Junta informou que o processo da colocação dos mesmos está já em andamento, mas que irá ser muito moroso.

    A INVASÃO

    DO CEMITÉRIO

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    Mas o primeiro ponto quente da noite estava reservado para o momento em que três paroquianas, nomeadamente Fernanda Monteiro, Maria da Glória Mota, e Manuela Silva, mostraram toda a sua indignação perante o Executivo pelo facto de nos passados dias 25 de Dezembro e 1 de Janeiro o cemitério nº 1 de Ermesinde se ter encontrado encerrado. Referiram que esta foi uma situação lamentável e de falta de respeito da JFE para com os familiares dos defuntos que ali se encontram sepultados, acrescentando que esta é uma situação exclusiva de Ermesinde, visto que noutros cemitérios do país as famílias dos mortos podem passar, pelo menos, metade dos dias 25 de Dezembro e 1 de Janeiro junto dos seus entes queridos já desaparecidos. Na resposta a esta intervenção, o tesoureiro da JFE e responsável pelos assuntos relacionados com os cemitérios, Américo Silva, insurgiu-se contra o testemunho das três paroquianas, dizendo alto e bom que o lugar daquelas senhoras era na cadeia. Isto porque, e segundo o membro da Junta, estas paroquianas “infiltraram-se” no cemitério, no dia 25 de Dezembro, quando este se encontrava fechado. «Houve alguém que viu um miúdo saltar o muro do cemitério e abrir a porta a estas senhoras. A dona Maria da Glória Mota havia estado dias antes aqui na Junta a oferecer dinheiro do seu bolso para que a JFE pusesse um funcionário no cemitério no dia 25 de Dezembro de modo a que o local pudesse estar aberto ao público. Isso é soborno. Tinha sido decidido, há já algum tempo, por este Executivo que a Junta iria conceder folga ao funcionário do cemitério nesses dias, pois como qualquer pessoa ele também tem direito a passar os dias de Natal e de Ano Novo junto da família», referiu Américo Silva. Assunto este que mereceu então intervenções dos membros do Executivo, que na sua totalidade classificaram o acto destas três senhoras de extrema gravidade, sendo que o socialista Artur Costa foi mais longe ao sugerir que a JFE deveria tomar as medidas legais para punir as paroquianas em questão.

    A CARTA

    DE INDIGNAÇÃO

    DOS BOMBEIROS

    PARA COM A JUNTA

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    Posto isto, deu-se então entrada no período de intervenções dos vários membros do Executivo, tendo os autarcas da Oposição trazido para a mesa vários problemas com os quais a cidade se depara, nomeadamente questões relativas à má sinalização de ruas, às péssimas condições das mesmas – Artur Costa e Almiro Guimarães estiveram em destaque na apresentação destas maleitas –, ou a factos ainda referentes a paragens de autocarro, neste caso, e mais concretamente, ao facto de a paragem situada em frente à Praça da Estação estar sem iluminação há longos meses, caso este apresentado pela autarca da CDU, Sónia Sousa. Mais uma vez, Artur Pais referiu que irá colocar todas estas questões à CMV de modo a poderem ser solucionadas em breve. Por seu turno, Alcina Meireles trouxe a esta reunião um assunto que gerou alguma polémica, mais concretamente uma carta do presidente da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde (AHBVE), Artur Carneiro, endereçada à JFE, dando conta da sua indignação perante a forma pouco simpática que a associação por si dirigida havia sido tratada por Artur Pais num plenário do PSD, após o presidente da Junta ter marcado presença na tomada de posse dos novos órgãos directivos desta associação.

    Uma nota importante a ser referida em toda esta polémica, para dizer que Artur Carneiro tomou conhecimento das supostas declarações ofensivas do presidente da JFE por intermédio de alguém que havia estado no citado plenário do PSD. Nessa carta podia-se ler que Artur Pais na altura de fazer a sua intervenção no plenário do seu partido havia referido que tinha estado na tomada de posse dos novos órgãos directivos da AHBVE onde os discursos aí proferidos haviam sido mais pobres do que aqueles que estavam a acontecer no plenário do PSD. Perante estes dados, Alcima Meireles pediu a Artur Pais que apresentasse a sua versão do acontecido. Resposta esta que não se fez esperar, tendo Pais dito que se tratou de um mal entendido, de uma deturpação de palavras por parte da pessoa que foi fazer intrigas junto do presidente dos bombeiros. «O que se passou na realidade foi que aquando da minha intervenção no plenário do PSD, eu apenas disse que tinha chegado tarde pois tinha vindo da sessão da tomada de posse dos órgão directivos da AHBVB, onde os discursos haviam sido mais pobres do que aqueles que eu acabava de presenciar no plenário do meu partido. Mas quando disse “pobres” quis dizer com isso que os discursos efectuados na sessão dos bombeiros tinham sido mais breves do que aqueles que se estavam a fazer na sessão do PSD. Apenas e só isso, pois eu não proferi a palavra “pobres” com o sentido de dizer que as intervenções feitas nos bombeiros foram piores do que aquelas que se estavam a fazer no plenário do PSD. Alguém interpretou mal as minhas palavras, e esse alguém foi de imediato fazer intrigas junto do senhor Artur Carneiro. Aliás, eu já expliquei pessoalmente este mal entendido ao senhor Artur Carneiro, estando a situação esclarecida. E eu quero aqui assumir publicamente que tenho um respeito muito grande pela AHBVE e jamais diria uma cosia dessas. Agora, fico triste ao constatar que dentro do meu próprio partido existem pessoas que querem tentar derrubar-me, pois este boato todo partiu de alguém que estava nesse plenário organizado pelo PSD», esclareceu Pais.

    ESCOLAS DA BELA

    E DE SAMPAIO

    CONTINUAM

    SEM CANTINA

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    Ainda dentro deste período o socialista Artur Costa deu a conhecer uma situação que atinge quatro crianças de uma família de baixos recursos financeiros do lugar de Sampaio. Acontece que estas crianças tiveram de ser transferidas para uma escola do concelho da Maia para puderem usufruir na cantina da escola de uma refeição quente diária, refeição esta que devido às carências desta família é, segundo Costa, por vezes a única refeição quente que têm por dia. O socialista teceu ainda duras críticas a Fernando Melo, relembrando uma entrevista dada pelo edil de Valongo em Maio de 2004 em que este dizia que a questão das cantinas nas escolas do concelho estava praticamente resolvida, sendo que restavam apenas duas escolas de Ermesinde ser contempladas com uma cantina, infraestruturas essas que, segundo o presidente da CMV, estavam na altura a ser construídas e que as suas conclusões iriam ser dali a pouco tempo. «Lamento profundamente que o senhor Fernando Melo não tenha cumprido com esta sua promessa de colocar duas cantinas nas escolas da Bela e de Sampaio, que eram os dois estabelecimentos escolares em questão. Isto implicou que estas quatro pobres crianças para comer uma refeição quente todos os dias tiveram que ser transferidas para uma escola do concelho vizinho, pois na escola da zona onde vivem isso, infelizmente, não é possível», disse Costa. A também socialista Alcina Meireles classificou este caso de extrema gravidade, propondo a todo o Executivo da JFE que juntem todas as suas forças no sentido de ver alterada esta situação. A autarca socialista sugeriu ainda que se reunissem os meios necessários para fazer regressar as quatro crianças à escola da sua zona de residência, e que enquanto não se resolvesse o problema da cantina da escola visada, estas crianças poderiam fazer as suas refeições na Escola D. António Ferreira Gomes, na Travagem. Artur Pais referiu que a JFE vai investigar este caso para tomar as devidas medidas.

    CEMITÉRIOS DE

    NOVO NA BERLINDA

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    Após a leitura e aprovação da acta da reunião anterior, a sessão entrou então no período destinado à Ordem do Dia. Período este que se iniciou com críticas, vindas da comunista Sónia Sousa, que expressou o seu descontentamento perante o facto de os documentos referentes à Ordem de Trabalhos virem sempre com pontos muito resumidos e pouco esclarecedores sobre os assuntos/temas que irão ser tratados nas reuniões, sugerindo seguidamente que estes documentos devem ser no futuro redigidos mais detalhadamente «para que assim se possa fazer um bom trabalho de casa», referiu. Ordem de Trabalhos que num dos seus pontos fazia novamente referência ao tema dos cemitérios, mais concretamente ao facto da comercialização ilegal de cera e de flores dentro do referido espaço. Situação esta de ilegalidade que se arrasta já há alguns anos, tendo o responsável pelo pelouro dos cemitérios da JFE, Américo Silva, colocado em cima da mesa uma proposta para solucionar este problema. Proposta essa que na qual se referia que a Junta poderia abrir um concurso público para a venda de cera e flores fora do cemitério, venda essa que seria realizada numa barraca, a ser construída pela JFE, junto ao referido espaço. Em resposta a esta proposta, o socialista Artur Costa começou por sublinhar que a venda ilegal destes materiais que vem sendo feita por funcionários do cemitério, e por conseguinte funcionários da Junta, deveria ser proibida de uma vez por todas. Em seguida o autarca socialista opinou que a JFE não deveria proceder à abertura de concursos públicos para encontrar interessados em explorar a hipotética barraca de venda de cera e flores, uma vez que «nós não temos vocação para ser vendedores, nem tão pouco para andar a perder tempo com a abertura de concursos públicos para arranjar pessoas para vender cera numa barraca. Se alguém quiser vender cera, ou flores, ou qualquer outro material relacionado com o cemitério, que o faça sozinho, que se colecte nas Finanças a fim de poder trabalhar de uma forma legal e fora do cemitério». Abandonada esta ideia da abertura de um concurso público por parte da JFE, Américo Silva propôs então que se definisse um prazo para que o funcionário do cemitério deixasse de proceder à venda ilegal destes materiais dentro do citado local. Foi então deliberado pelo Executivo que o mesmo funcionário tem até ao fim do mês de Fevereiro próximo para deixar este tipo de actividade ilegal. Assuntos relacionados com o novo edifício da Junta foram igualmente abordados na Ordem de Trabalhos desta reunião. Na parte final da mesma, foram lidas algumas cartas de associações e grupos ermesindenses que solicitavam à JFE um pequeno apoio monetário pontual, a fim de serem levados avante eventos de ordens várias. Pouco depois Artur Pais dava por encerrada mais uma longa – quatro horas foi o tempo que a sessão demorou a ser concluída – e intensa reunião.

    Por: Miguel Barros

     

     

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