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    Arquivo: Edição de 30-11-2005

    SECÇÃO: Crónicas


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    O Tempo II

    Quuando não há mais para dizer, fala-se do tempo. Não é o caso. O significado popular do termo está na resposta à interrogação: «Como vai o tempo?!», está frio, chove, troveja, nevoeiro, sol, etc... Em sentido mais interiorizado, pode ser o estado de alma.

    O decorrer do tempo vivido e actual (clima) é por demais preocupante: não chove, quando devia, as temperaturas aumentam, o Verão começa cada vez mais cedo, a falta de água faz as primeiras vitimas na pecuária. Alguma vez se pensaria ver no Alentejo vacas e ovelhas mortas por falta de água, pastos ou forragens? A desertificação está a avançar. Temos que mudar de vida!

    Para já, novos planos de rega e poupança de água; combate aos incêndios e reflorestação apropriada, nem que seja com espinhosas das zonas áridas. Não se pode esquecer o combate à erosão dos solos e afixação das dunas marítimas com vegetação adequada. A História tem muito a ensinar, vejam-se a acção de D. Dinis (pinhal de Leiria). A indústria das resinas , plásticos e moldes metálicos (os melhores do Mundo) vêm do Rei Lavrador!

    O meu oráculo continua a ser a Filomena. Consultada sobre a evolução climatérica, preocupante nos nossos dias, logo manifesta:

    Ilustração RUI LAIGINHA
    Ilustração RUI LAIGINHA
    - Prepara o futuro. Novos hábitos de vida!...

    Quereria dizer, na dela, que vamos deixar de ter Primavera, Verão, Outono e Inverno?! E o tempo é já outro?

    Não adiantei conversa, mas magiquei o assunto. E, ao visitar o quintal das Antas (Porto) dou com as aboboreiras floridas e frutos a desenvolverem-se do tamanho de punhos!, quando já tinham dado abóboras para o dia das bruxas! Deu que pensar. “ O tempo anda trocado”, afirmou o Francisco, encarregado do quintal, quando soube do espanto de ver frutos a crescerem no Outono.

    Mais: no fim de semana seguinte, fui a Soutelo do Douro, e visitei a figueira pingo de mel favorita; e o que vejo? Figos como fosse tempo de S. João!

    Se há frutos que adoro são os figos e as castanhas. Talvez pelo contraste entre as terras altas (castanheiros) e os vales do Douro (figueiras), aonde fui criado. A compatibilidade das duas culturas é quase nula.

    O comer figos directamente da árvore, no tempo de apanhar castanhas, teria lembrado ao diabo?... Quando as castanhas e os ouriços “pingam”, as figueiras já nem folhas tinham!

    Saborear figos frescos no dia de finados, e castanhas assadas no borralho da lareira, nunca me tinha acontecido! Devo dizer que os comestíveis eram poucos e pequeninos, alguns debicados pelos pássaros; as castanhas pareciam miniaturas, comparadas com anos anteriores.

    A mutação climática, resultante das chuvas tardias, levou a natureza a reviver. O Carlos, na ida à Cabreira para ver as oliveiras carregadas, disse:

    – Com estas chuvinhas, as oliveiras ainda vão “fabricar” azeite. As azeitonas só tinham pele e caroço!

    – A safra do azeite o dirá – respondi esperançado.

    Frutos místicos são as romãs. Acho-as tão formosas e matizadas que perco o apetite de as comer. Ofereço--as, e guardo-as, de um ano para o outro, como adorno.

    Mas o que fez o mau tempo à romãzeira?! A água tardia, absorvida com sofreguidão, levou os frutos a escacharem, mostrando as sementes ao penduro!

    * Director do Colégio Vieira de Castro

    Por: Gil Monteiro

     

     

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