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    Arquivo: Edição de 10-09-2011

    SECÇÃO: Crónicas


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    Família

    As Família são as pessoas do mesmo sangue? Ou elemento do mesmo tipo de linhagem, como Mendel deu ao cruzamento das ervilheiras de cheiro?

    Os dois casos complementam-se. “Sangue do meu sangue” será sempre tido em conta; o genético, cada vez mais, impõe o cânone. Se os grupos sanguíneos ainda podem definir a paternidade, em certos casos, o ADN dos genes não deixa dúvidas.

    A Família acabou? Não. A genética a determina. Irmãos separados à nascença são capazes de se reconhecerem, vários anos passados. Uma mãe não precisa do rei Salomão para sentenciar o verdadeiro filho. As vivências do grupo familiar são novas e bem diferentes dos tempos idos; e existem em maior número. Enquanto se foi acreditando na regra: “A função faz o órgão”, os resultados eram constatáveis e certos. Mas, com a rápida evolução social, e as disfunções dos elementos do mesmo lar as brechas começaram a aparecer.

    A associação de pais, filhos (vários), avós e apêndices (paquete dos bois), no mesmo tecto não era só pela subsistência e formação, compartilhava os trabalhos domésticos e o lazer, como os de serão de Inverno: leituras, lengalengas, contos, historietas e participar nas rezas. As diferentes intensidades das labaredas dos cavacos, a arder na lareira, iluminavam as caras como luzes da ribalta! As orações eram obrigatórias, e só havia permissão de retirada depois do final da Salve Rainha dita de pé, desde o ensonado pequeno neto à idosa Avó. As preces pelos defuntos eram muitas, não esquecendo as das almas do Purgatório, principalmente as mais pobres e abandonadas!

    As aldeias transmontanas das zonas ribeirinhas tinham muitas viúvas. O Balhestra explicava:

    – Os homens, ao regarem os lameiros, molham os pés e...

    Assim, passavam a criar os netos, libertando as mães para os trabalhos agrícolas e outros.

    Os avós tinham tanta preponderância que eram, prioritariamente, convidados para batizarem os netos. Como os homens morriam cedo, um Santo era o padrinho e ainda designava o afilhado! Daí, tantos Josés e Antónios.

    Nas recônditas aldeias já não há neófitos. A família fecunda passou à citadina. Mais: os filhos nascem nas maternidades, mas os pais vivem nas periferias das urbes, pois dentro das zonas centrais quase não há nascimentos, só vivem casais de meia-idade e idosos. Os habitantes de Ermesinde originam mais nascimentos do que os da Baixa Portuense!

    O novo agregado familiar pode ser, cada vez mais, constituído por filhos de outras uniões e conter “irmãos” sem laços de sangue, e sem incluir os adotados.

    É complicado? Diria que não. É diferente. A vida moderna assim obriga. A pacatez antiga outros dados impunha. Pais e filhos dos novos lares têm de ser mais tolerantes e cumpridores. Da colaboração dos avós só digo: na aldeia os netos (na mesma casa ou não) viviam com os avós, agora são apenas visitas queridas e ambicionadas e prestam serviços a pedido. O gerir os diversos naipes do grupo requer um bom maestro (a), a fim de poder haver boa harmonia.

    A rápida evolução social, em todos os sentidos, devia começar pela Família e não ao contrário. “Quem vai para o mar prepara--se em terra”. As águas encapeladas das novas condições sociais podem ser superadas pela eficiência e dedicação constante dos elementos do conjunto familiar, não esquecendo: “Filho és Pai serás...”.

    Por: Gil Monteiro

     

     

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