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    Arquivo: Edição de 10-07-2011

    SECÇÃO: Crónicas


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    Uma cadela citadina

    Quem tem cão sujeita-se. Dão bons e maus momentos, como tudo. Iria dizer: são mais os bons senão era a extinção dos canídeos. Em regiões da China, passaram a servir de alimento humano!

    Graças à sensibilidade para a existência e bem-estar dos animais, a Maria Fernanda recolheu, em hora de ponta de um cruzamento movimentado do Porto, uma cadelinha abandonada, e de trela ao penduro a tentar entrar para um autocarro! Será que o dono a largou, e fugiu de autocarro? Há pior: uma amiga tem um quintalinho de muro antigo, em rua pacata, transversal a Costa Cabral, um carro parou, e arremessaram, por cima do muro empedrado, um cão!

    Entre o grupo observador do animal desprezado, e à deriva entre carros e pessoas, duas senhoras resolveram tomar conta dele, e levaram-no a um consultório veterinário próximo, para saber das condições higiénicas e saberem do destino a dar-lhe. Como as informações sanitárias foram satisfatórias, não foi recambiado para o canil. E, quando a outra disse que ficava com ele (ela) mas já tinha três e o levaria para a aldeia, Maria Fernanda resolveu dar-lhe alojamento temporário, na marquise do andar, até hoje!

    Ao encarar a cadelinha enrolada numa manta, barafustei mas fiquei cativo, os olhitos pediam clemência! ... Assim, começaram os meus passeios pelo quarteirão, dando espaço para as traquinices e necessidades fisiológicas do animal. Não é que arranjei novos amigos!?

    – Outros donos e outros cães.

    Os vizinhos, de bom dia e boa tarde, passaram à conversa, e os não conhecidos passaram a saudações. Aumentei os conhecimentos sobre as raças e variedades de cães e gatos vadios ou domesticados por usarem rua.

    Devido ao Sr. Orlando, a passear o seu cão Sancho, fiquei a saber como foram recuperados os moinhos de água da sua aldeia de Boticas e as suas audaciosas caçadas por terras angolanas.

    Os alunos de Escola Secundária em frente, a fumarem, sentados na escadaria do prédio, chegam a deitar fora o cigarro para brincarem com a cadelinha.

    A senhora da lavandaria e do quiosque aproveitam a passagem para fazerem festinhas e meter conversa. Chego a pensar que o antigo dono devia ter sido Professor, tal é predileção do ser vivo pelos afagos dos alunos!

    A minha rua parece estar mais humanizada. Será do convívio proporcionado pelos animais? A alegria é maior, e a limpeza feita aos excrementos de cão vai melhorando. É tempo de aprender ... Umas mini casotas, bonitas e especadas nos passeios, oferecem saquinhos de lixo. É tudo muito lindo mas, passados tempos, os sacos não são repostos, ficando a careta do cãozito pintado a sorrir para quem mete a mão em vão!

    E as idas a Soutelo do Douro, como resolvê-las? Simples: vai no carro, mas nas portagens de Ermesinde já estava a vomitar. Pelo modo como entrou no transporte, vimos que devia ser a primeira viagem. Passou a ingerir pastilhas de enjoo e amarrada com o cinto de segurança, deitada em lençol; nas etapas programadas de espairecer tomamos café ou admiramos as paisagens, sempre novas! As aborrecidas paragens têm esse lado positivo, como:

    – Anda ver a água do rio Douro, lá em baixo, a brilhar! ...

    Se, graças à cadela, os contactos aumentaram, estava longe de supor o seu contributo paisagístico, em tempo tão acelerado.

    Devo dizer que a cadelinha é de tamanho médio de pelo branco, pintalgado de pequenas bolinhas pretas, o focinho branco tem manchas pretas e outras, mais pequenas, amarelas à volta dos olhos, e de orelhas finas, grandes, arrebitadas, com pequeninas pintas pretas. Resumo: é linda e todos gostam dela. Dizem os entendidos: é arraçada de Jack Russel, cães de caça à raposa na Inglaterra. Tem o nome de Belinha!

    Em Soutelo, na quinta de portões fechados, passa de belinha citadina a rafeira, numa camaradagem ativa, com um velho boxer e um labrador.

    Por: Gil Monteiro

     

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