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    Arquivo: Edição de 15-02-2008

    SECÇÃO: Crónicas


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    A laranja

    Apesar do me interessar muito por cinema de amadores, desde os filmes de Super 8 até ser associado e colaborador de cine-clubes, gostava de poder falar do filme “A Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick (1971), como introdução ao tema. Digo apenas que era uma fita chocante, mostrando a violência gratuita da sociedade americana. Felizmente, as nossas laranjas são boas para fornecerem água, sais minerais e, principalmente, vitaminas; e Kubrick realizou também o filme - 2001, Odisseia no Espaço.

    A laranja é um fruto originário da China, foi graças aos portugueses dos descobrimentos que passou ao consumo doméstico do Globo. Em países do Leste é designado com o fruto dos portugueses, incluindo a Itália.

    Os navegadores de Vasco da Gama, ao aportarem a Melinde (Mombaça), comeram laranjas e outros frutos frescos. O que o Capitão das Naus verificou no embarque? A maioria dos marinheiros estava curada do terrível escorbuto. Os sorrisos, saídos das bocas dos marinheiros, deram origem a um segredo de “guerra”!

    Nos abastecimentos das naus, os frutos passaram a terem prioridade!, e, enquanto as frotas estrangeiras eram dizimadas, as nossas seguiam sempre mais além, desde a Trapobana (Ceilão), ao Japão, Canadá, e se mais houvesse!… As vitaminas tinham sido descobertas “empiricamente”! Foram precisos quatro a cinco séculos para termos as descobertas científicas do combate às avitaminoses.

    Ainda se diz sobre o consumo da laranja:

    «De manhã é de ouro; de tarde é de prata, e à noite mata!».

    Na minha aldeia transmontana o frio é tal que a laranjeira não dá fruto, tal como a oliveira; em contrapartida, produzem-se maçãs, castanhas e nozes.

    Só quando as pernitas de criança adquiriam forças para ir ver a apanha da azeitona, em olival para os lados de Paradela de Guiães, no vale do rio Douro, ao brincar com a Maria Elisa, junto a um riacho de águas cantantes, apanhei laranjas a rolarem pela água. Na magia de criança, eram frutos dourados, vindos do reino das fadas!

    A laranja era tida, em Roalde, como fruto divinal, pois comia-se pela Páscoa e era muito doce.

    Em algumas casas, quando o Senhor Prior entrava para saudar, com o hissope, a família, o sacristão arrecadava o folar, colocado por vezes no centro da mesa de jantar, em cima de uma laranja!

    No quintal das Antas (Porto) secou uma bananeira. Sempre esperei que, sendo originária duma quinta dos arredores de Évora, iria sobreviver. Para repor outra, encarreguei o Francisco de ir ao horto comprá-la, com a recomendação:

    – Se não houver, pelo menos traga outra planta tropical, como a mangueira ou outra pereira-abacate, pois a que temos já dá frutos para amigos e vizinhos!

    Do Francisco ouvi, passando dias:

    – Como não tinham as plantas, trouxe mais uma laranjeira!, a que temos é pequena e já dá bons frutos.

    No vale do Douro, incluindo a zona do Porto à Pala, temos deliciosas laranjas, sendo os frutos da variedade de S. Mamede do Tua os melhores de Portugal!

    Por: Gil Monteiro

     

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