AVE Jovem
OVAL
quando o teu braço tocou era engano
e não deixaste mensagem
nem quiseste tentar mais tarde
apesar dos teus dedos interurbanos
habituados a gravar coisas
soltas que atravessam o espaço à procura
de amor
acerco-me agora na janela dorida
dentro do músculo da cidade vítimas passadas
vítimas futuras aguardam cada uma
a sua chamada, todas
sofrem à espera de um toque
às vezes um engano ou um sinal intermitente
e então já não tem mais segredos a medicina
da ligação
a manhã quase toda no tupperware azul
fecho o frigorífico
olho o céu estrelado onde tudo
é possível, um ovo
pela tarde outros pássaros hão-de eclodir nas palavras
talvez possamos então pousar
finalmente
nas linhas da companhia
Por: RENATO FILIPE CARDOSO
UM MAR DE CICLOS COERENTES
Por: CARLOS CÉSAR PACHECO
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