ENTREVISTA COM JACINTO SOARES
Mais do que ser cidade, Ermesinde tinha a ambição de ser concelho
Investigador e profundo conhecedor da História da nossa terra, o professor Jacinto Soares concede-nos, nesta edição, uma pequena entrevista onde recua 35 anos para recordar o acontecimento que foi a passagem de Ermesinde de vila a cidade. Uma designação que, nas palavras do nosso entrevistado, nunca foi colocada de forma muito direta na nossa comunidade, e, quando aconteceu efetivamente não foi motivo de muito alarido. Tudo porque, então, a grande ambição de Ermesinde era ser concelho!
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Foto MIGUEL BARROS |
A Voz de Ermesinde (AVE): Quando e como se começou a sonhar com a elevação de Ermesinde a cidade, ou seja, quando é que este desígnio começou a germinar na nossa comunidade?
Jacinto Soares (JS): Essa questão de elevar Ermesinde a cidade nunca se pôs de uma forma muito direta, porque havia outras questões anteriores muito mais fortes e que diziam mais à população - desde logo que Ermesinde fosse concelho. Esta ambição tinha uma força muito grande e contou com a adesão de muita gente. Depois, também, havia um conjunto de problemas que preocupavam muito mais a população do que essa questão de elevar Ermesinde a cidade, como, por exemplo, o problema da então Fertor (Lipor), o problema da falta de água, o problema do urbanismo, que era tratado de uma forma «ad hoc», digamos assim. Nesta questão do urbanismo é de ressalvar que então ainda não havia o PDM, que só aparece em 1995, e que mesmo assim não foi logo cumprido. Ou seja, havia na época um conjunto de problemas cuja resolução urgente era mais importante para as pessoas do que Ermesinde ser cidade. Esta questão da elevação a cidade aparece numa altura em que eu estava na Câmara, como vereador, e onde o presidente, o Dr. João Moreira Dias, era alguém que era mal visto pela população de Ermesinde, que o tinha como um centralista, como um presidente que se esquecia de nós. Mas, voltando atrás, as pessoas pensavam mais na resolução do conjunto de problemas de que falei atrás do que em ser cidade e para isso só viam uma solução direta: Ermesinde ser concelho. Naquela altura isso era uma coisa que era possível de acontecer, pois Ermesinde era muito populosa e havia concelhos com menos habitantes. Recordo-me que houve muitas terras que nunca foram sede de concelho e, mais tarde, passaram a ser independentes. A este propósito havia algumas vozes contraditórias anti-concelho, que afirmavam que os ermesindenses eram obrigados a indemnizar a Câmara Municipal de Valongo por tudo o que a autarquia fez aqui. Só que se esqueciam que o dinheiro que foi daqui para lá ajudou a enriquecer Valongo, que era uma terra muito pobre comparativamente com a nossa, desde os primeiros tempos.
AVE: Portanto, e deduzindo das suas palavras, Ermesinde ter sido elevada a cidade não foi algo que a população tivesse ambicionado assim de uma forma tão intensa…
JS: Esse conceito de cidade, pela perceção que eu tenho, é de que era um conceito novo aqui, que se adaptava mais como distinção do que de carácter reivindicativo. As pessoas queriam era ser concelho. A questão da cidade surgiu de uma forma lenta e silenciosa de tal maneira que as pessoas nem deram grande valor a isso. Naquela altura eu tinha a sensação de que se usava a criação da cidade não tanto como uma forma de resolver os problemas das populações mas como um instrumento de poderio político.
AVE: Mas não havia conversas, ou debates, aqui na terra que deixassem transparecer a hipotética elevação de Ermesinde a cidade?
JS: Eu acho que essa questão era mais do domínio político, como já disse, e mesmo aí não era assim tão ruidosa como as pessoas hoje em dia possam crer. A população estava revoltada com os problemas de que já falei antes: os maus cheios da Fertor, a falta de água e a questão do urbanismo. E, neste ponto, tenho de lembrar que havia os Amigos de Ermesinde que, em primeiro lugar defendiam a criação do concelho de Ermesinde, mas também olhavam para estes problemas de que falei atrás, e que eram os grandes problemas da altura. Recordo, aliás, que sobre o problema da água os Amigos de Ermesinde chegaram a ser recebidos pelo primeiro-ministro de então, Cavaco Silva, para ajudar a resolver esta crise. Sobre essa questão da elevação a cidade, lembro-me que após ter sido apresentado o documento que propunha a passagem de vila a cidade, foi grande a demora até à sua aprovação, o que levou a que as pessoas fossem esquecendo esse tema. Este atraso deveu-se ao facto de a Assembleia Municipal de Valongo querer aprovar o documento de Ermesinde ao mesmo tempo que o de Valongo. Este último estava mais atrasado, mas conseguiu-se que as duas terras fossem cidades no mesmo dia.
AVE: Olhando para o antes e para o depois, o que trouxe o título de cidade de benefício a Ermesinde em termos de identidade, de infraestruturas, das suas gentes…
JS: Ora bem,
(...)
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Por:
MB
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