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    Arquivo: Edição de 30-04-2009

    SECÇÃO: Cultura


    Centro Cultural Taborda promove caminhada

    Visita à aldeia de Couce

    O Centro Cultural Alberto Taborda (CECAT) levou a efeito no passado dia 18 de Abril uma caminhada junto aos rios Simão e Ferreira, até à aldeia de Couce. Apesar do tempo ter estado cinzento, participaram nesta iniciativa quase duas dezenas de associados que gostaram muito do que viram.

    Fotos CECAT
    Fotos CECAT
    O ponto de encontro dos participantes da caminhada foi, como é habitual, frente à Escola Secundária de Ermesinde, às 9 horas do 1º Sábado do regresso às aulas. A essa hora, aí se encontrava um mini autocarro da Câmara Municipal de Valongo (que assim colaborou com a direcção do CECAT) para transportar aqueles que se haviam previamente inscrito, até ao Centro de Interpretação Ambiental em Valongo, onde nos aguardava a menina Marisa que nos acompanhou durante toda a manhã, com muita simpatia, respondendo a todas as curiosidades e questões que as pessoas iam colocando.

    No espaço museológico do Centro de Interpretação Ambiental de Valongo, começou por explicar que toda esta região se encontrava submersa por mares pouco profundos, há mais de 500 milhões de anos, vivendo aqui organismos primitivos como as trilobites, os graptólitos e os braquiópodes. Estas formas animais ter-se-ão extinguido perto do final do Paleozóico, mas o registo da sua presença ficou bem visível nas rochas que hoje aqui existem, especialmente nos abundantes xistos e nalguns quartzitos, sob a forma de fósseis, de que vimos alguns exemplares.

    O Parque Paleozóico de Valongo é delimitado a Norte pela sede do concelho e inclui a Serra de Santa Justa, parte da Serra de Pias e parte do vale do rio Ferreira, entre as duas serras. Há milhões de anos a configuração do relevo era substancialmente diferente, já que a erosão sendo maior nalgumas zonas por causa da diferente composição dos solos, fez diminuir substancialmente a altitude nalguns sítios, conforme se pode verificar através de uma maquete preparada para se poder comparar como era esta região há milhões de anos e como é agora.

    Através da exibição de excelentes fotografias, os participantes nesta visita puderam ficar com uma ideia da riqueza da fauna e da flora endémicas de Valongo, bem como da investigação e sensibilização ambiental que vêm sendo feitas.

    Desde o Centro de Interpretação Ambiental, os visitantes podem optar por um dos três itinerários possíveis, devidamente assinalados com cores, de diferentes extensões e graus de dificuldade, que permitem descobrir antigos moinhos de água, admirar o vale do rio Ferreira, visitar a típica aldeia de Couce, passear em antigos povoados castrejos e entrar em algumas das minas deixadas pelos romanos que dali extraíam ouro, no século III.

    Nós fomos visitar, em primeiro lugar, o Fojo das Pombas, vimos os vestígios do processo de elevação do metal precioso e pudemos admirar uma espécie endémica de um feto gigantesco que nasce num dos minúsculos socalcos das profundas quebras rochosas das minas de Valongo.

    Depois voltámos ao autocarro que nos levou até à localidade da Azenha, próximo da foz do rio Simão, onde ele se junta ao rio Ferreira. Fomos ver mais uma enorme fenda rochosa pela serra dentro e, depois, iniciámos a marcha propriamente dita, em direcção à típica aldeia de Couce. Pelo caminho reparámos nos moinhos, nas formações rochosas que o tempo se encarregou de fazer, nas plantas e nos animais, embora estes andassem um tanto arredios e o que mais conseguimos ver foi pássaros, cães, ovelhas, cabras e galinhas. Os mais procurados, como as salamandras lusitânicas ou as de pintas amarelas, não as descobrimos. Mesmo assim, o “passeio” foi repleto de bons momentos e muito enriquecedor.

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    Já na aldeia, pudemos imaginar as dificuldades com que se debatem os habitantes para se abastecerem dos bens alimentares ou enviar diariamente as poucas crianças à escola, e agora a via de ligação a Valongo, sede da freguesia e do concelho, está substancialmente melhorada.

    Algumas casas da aldeia têm um aspecto de abandono, de que até a Capela é um bom exemplo. Mais abaixo o rio é que se mostra bem vivo, com uma corrente apreciável, ou não tivessem sido de chuva os últimos dias.

    Depois da “foto-família”, bem pertinho do Ferreira, dos participantes nesta jornada, regressámos ao sítio onde tínhamos deixado o autocarro, até porque a manhã tinha passado e eram horas de matar a fome, agigantada pelo esforço inusitado da marcha.

    Seguiu-se, por isso, um almoço-convívio num restaurante de Alfena e os convivas ficaram satisfeitos com os pratos escolhidos bem como com o serviço prestado, que foi bastante eficaz e esmerado. Entre os vários assuntos abordados durante a refeição foram sugeridas futuras actividades para o nosso grupo que, a seu tempo, serão divulgadas junto dos sócios.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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