Por um ensino qualificado
A comunidade escolar vive momentos de tensão. A exemplo de outras áreas da governação, também o Ministério da Educação está a promover reformas no sector que estão a agitar a comunidade escolar. Os pais desejam melhor ensino para os seus filhos; os professores lutam – nem sempre da melhor forma – para que a sua docência seja valorizada profissionalmente e reconhecida socialmente e os portugueses exigem que o dinheiro dos seus impostos, canalizado para a área da educação, seja gasto em ensino de qualidade e que os alunos saídos das escolas sejam qualificados.
Estamos certos que os vários parceiros da comunidade educativa saberão, em breve, encontrar os pontos de convergência necessários ao aliviar do clima de crispação que reina nas escolas, praticamente desde o início do ano lectivo e que pode ter reflexos negativos na avaliação final dos alunos.
Por falar em avaliação dos alunos lembra-se a recente publicação dos “rankings” das escolas e o comentário, necessariamente sintético, que o mesmo nos merece:
Não somos especialistas da matéria. O que aqui escrevemos é a posição do cidadão comum que acompanha, tanto quanto possível, os problemas que atravessam a sociedade portuguesa e que olha com alguma preocupação para o posicionamento das escolas do nosso concelho no referido “ranking”.
Todos sabemos que o “ranking” representa uma classificação das escolas que apenas teve em conta o exame final, esquecendo a avaliação a que o aluno foi sujeito durante o ciclo do Ensino Secundário. A propósito, a ministra da Educação considerou “pobres” os critérios que presidiram à elaboração da lista de classificação, considerando-a apenas uma seriação das escolas com validade relativa. Mas não sendo uma avaliação rigorosa, a mesma listagem deve, apesar de tudo, merecer uma análise reflexiva sobre o posicionamento (modesto) das escolas de Valongo.
Saber das razões que estão por detrás do aparente insucesso, elaborar o diagnóstico e partir para as terapêuticas didácticas mais adequadas, são tarefas que devem envolver os conselhos executivos das escolas, as associações de pais e a própria Câmara Municipal, visando qualificar o ensino no Município. Estarão as escolas bem dimensionadas? Os equipamentos escolares no Município respondem às necessidades?
Certamente que os órgãos de gestão das escolas já dissecaram os problemas, já avaliaram a forma de contornar as dificuldades com que se defrontam, no dia a dia, os professores e os alunos.
Muitas das dificuldades e dos problemas têm, seguramente, a ver com o meio sócio-económico onde estão inseridas as escolas e não se pode culpabilizar, de forma leviana, somente os professores, já que outras entidades são corresponsáveis no sucesso ou insucesso do sistema educativo no concelho.
A própria Autarquia, parceiro importante do sistema, tem em funcionamento o Conselho Municipal de Educação, que devia dar contributos para que se definisse um rumo, uma estratégia que pudesse levar à redução das taxas de insucesso escolar, combater o absentismo e o abandono escolar, valorizar as potencialidades locais e dinamizar as capacidades individuais dos alunos.
Infelizmente a Câmara Municipal – poder e oposição – parece estar ausente destes fenómenos, sabendo nós que compete à Autarquia dinamizar o funcionamento do Conselho Municipal de Educação e mobilizar as empresas e as forças vivas do concelho para darem a atenção que a Educação merece.
A propósito, qual é o estado actual da Carta Educativa do Concelho de Valongo?
PS: Já depois de escrito este texto tivemos conhecimento da realização de um debate sobre Educação, cuja organização é da responsabilidade deste Jornal e com o apoio da Autarquia, no qual participam prestigiados oradores. A iniciativa merece o nosso aplauso.
Por: Afonso Lobão
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