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Edição de 31-10-2024
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    Arquivo: Edição de 30-03-2006

    SECÇÃO: Crónicas


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    Ensino – aprendizagem

    «Os professores dos 2º e 3º ciclos e ensino secundário vão prestar provas para poderem vir a leccionar», ouvi hoje pela rádio. «O cumprimento da Proposta de Bolonha assim o exige», informava o locutor. É matéria de monta!...

    Aos comentários ouvimos a surpresa dos inquiridos e as curtas respostas. Foi curioso verificar que a novidade não foi linearmente reprovada, como é qualquer inovação.

    Desde o primeiro ano que leccionei, no Liceu de Lamego, sempre disse:

    – Nenhum professor devia ser autorizado a exercer funções sem o estágio ou um colega mais velho a orientar--lhe a primeira aula.

    Nesse liceu (anos sessenta) apenas tinham estágio o Reitor, a Vice-Reitora e um dos professores de Educação Física (Prof. Girão).

    Todos os docentes, mesmo o Senhor Cónego Noronha, a leccionar Religião e Moral, eram eventuais, colocados por telegrama em Setembro e despedidos, após a conclusão dos exames, em Julho/Agosto.

    As candidatas a professoras do ensino técnico ou liceal tinham de realizar exame de acesso ao estágio (os homens entravam directamente). Estagiavam nas escolas normais (Lisboa, Porto e Coimbra). As vagas eram muitas...

    Quantos tinham a coragem de realizar o Curso de Ciências Pedagógicas e dois anos a pagar propinas?

    Por mais que se critique, a formação será sempre uma valorização, ainda que mesmo negativa. Os metodólogos eram competentes e o ensino actualizado.

    SURPREENDIDO

    COM OS BENEFÍCIOS

    DO ESTÁGIO

    Quando concluí o estágio, no Liceu Rodrigues de Freitas, e voltei a leccionar, passados os dois anos, fiquei surpreendido: foi diferente o decorrer das aulas e a aprendizagem dos alunos.

    O Porto, apelidado Cidade do Trabalho, tem a maior Universidade do País. O número de alunos e os cursos o confirmam. Sempre foi assim?

    Quando foi extinta a Faculdade de Letras e sem o curso de Direito, os universitários eram menos do que em Lisboa. No entanto, criado o Liceu Normal do Porto, formavam-se muitos professores efectivos.

    Passando os estágios pedagógicos a serem integrados nos cursos superiores, desde os educadores de Infância aos docentes de Matemática ou Latim, deu-se um salto na qualidade e quantidade de docentes. Pena é o que se passa agora; com a natalidade baixa há menos alunos e mais professores! No ensino universitário já há docentes desempregados!

    Ainda que no País a percentagem de licenciados seja inferior aos parceiros europeus, temos que convir que as condições económicas e falta de alunos não levam a preencher as vagas das várias universidades; enquanto candidatos a médicos ou arquitectos continuam à espera de entrarem no ensino superior!

    NOVAS

    TECNOLOGIAS

    SIM!,

    – MAS SEM

    EXAGERAR

    As novas tecnologias devem ser aplicadas na Educação, mas não exagerar. Aprendi, e continuo a ter por válido: «A educação tem muito de imitação». A eficiência, a pontualidade, a afabilidade e até o sorriso de quem ensina ganham raízes nos educandos. A máquina jamais poderá substituir o professor – aluno, pai – filho ou avô – neto. A imagem vale muito, mas o “feedback” é sempre importante.

    Por mais que se cultive o uso da imagem e a pesquisa de dados (Internet incluída) o ditado, bem soletrado e explicado, será sempre um pilar da aprendizagem.

    Quando encontrei a Mariazinha, distraído a ver os seus cabelos louros transformados em estriga de linho, fiquei perplexo ao ouvir-lhe:

    – Deu-me explicações de Francês (!), ainda era aluno do liceu de Vila Real. Concluiu:

    – Até ditados fazia!...

    Por: Gil Monteiro

     

     

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