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Agrupamento 7 de Ermesinde do Corpo Nacional de Escutas está prestes a entrar no “clube dos centenários”
A Cidade de Ermesinde prepara-se para ser a casa de mais uma instituição centenária. Na verdade, apenas (e de que tenhamos conhecimento) a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde até à data alcançou – e já ultrapassou – a bonita idade dos 100 anos de vida cá no burgo. Pois bem, a partir do próximo dia 14 de março de 2026 os nossos bombeiros irão passar a ter no “clube dos centenários” a companhia do Agrupamento 7 de Ermesinde do Corpo Nacional de Escutas. A preparação das comemorações do centenário já se faz por esta altura na família dos escuteiros da nossa cidade, como este mês pudemos testemunhar na visita que fizemos à emblemática sede do agrupamento – localizada na Rua do Passal – onde estivemos à conversa com dois dos elementos mais antigos e conhecedores da história da instituição, António Carvalho e Mónica Couto.
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| ANTÓNIO CARVALHO E MÓNICA COUTO |
Um orgulho enorme em pertencer a uma casa que está a poucos meses de completar 100 anos de vida. É desta forma unânime que António Carvalho e Mónica Couto – que curiosamente são pai e filha – começam por falar do ambiente que por estes dias ali se vive em torno do centenário que se aproxima. Mónica recorda que há já 38 anos faz parte da família dos escuteiros de Ermesinde, recordando, a título de exemplo, que quando aqui chegou a sede ainda estava em tijolo e que foi com a ajuda de muitos escuteiros que desde então por ali passaram que a casa do agrupamento foi concluída. «Esta casa foi iniciada e concluída com a mão de obra de muitos miúdos que por aqui passaram», lembra com orgulho António Carvalho, ele que é um verdadeiro guardião da história do agrupamento, já que vai a caminho dos 50 anos de pertença ao Agrupamento 7. Entrou para esta família ainda em criança, fez um interregno, ao sair por volta de 1970 para regressar em 1996 até aos dias de hoje. Foi inclusive, um dos chefes do agrupamento, funções desempenhadas durante 10 anos entre 2001 e 2011. Como curiosidade, António recorda que também o seu pai foi escuteiro no Agrupamento 7, tendo saído em 1934. «Estou orgulhoso deste caminho que o nosso agrupamento fez até aos dias de hoje. Ao longo destes 100 anos milhares de pessoas passaram por aqui, e aqui se formaram para a vida como homens e mulheres e muitos dele(a)s estão hoje em patamares elevados», frisa orgulhosamente António Carvalho, mais conhecido no agrupamento por Toni.
O entusiasmo das comemorações do centenário já se faz sentir por estes dias no seio do agrupamento, desde os mais pequeninos aos mais velhos. Aliás, na altura em que se comemorou o 99.º aniversário, foi colocado na sede um relógio em que começou a ser feita a contagem decrescente com vista aos 100 anos. Quanto às comemorações foi já criada uma Comissão de Honra que irá ser composta por todos os antigos chefes do agrupamento. Os que ainda estão vivos, naturalmente. As iniciativas desta data emblemática terão início já em janeiro, ou fevereiro, ainda não existem certezas concretas, com o reavivar de algumas atividades do passado que o agrupamento fazia na comunidade. Desde logo a Noite de Fados, que como nos contam, era uma atividade que durante anos a fio foi levada a cabo pelo agrupamento na comunidade com o intuito de angariar fundos. Foi também, já criado um calendário de parede de 2026 e que assinala precisamente os 100 anos do agrupamento. Porém, o dia principal, digamos, destes festejos acontecerá no dia 14 de março, precisamente o dia da fundação. Nesse dia, irá decorrer no Fórum Cultural uma sessão solene, pelas 21H00. António Carvalho e Mónica Couto, que fazem parte da direção do Agrupamento 7 de Ermesinde, respetivamente como secretário e tesoureira, revelam ainda que está em mente fazer uma exposição, sendo que o local ainda não está definido, em que será contada a história da instituição. «Vamos expor a vida do agrupamento, uma linha da vida, digamos, onde iremos colocar as fotografias de todos os padres que foram os assistentes do agrupamento, as fotografias de todos os chefes do agrupamento, e também evocar marcas importantes da nossa vida», explicam. Estão ainda pensados dois concertos com grupos ligados ao movimento escutista nacional, o grupo Maresia e o grupo Rumos. Outro momento simbólico que está pensado é a realizado de um fogo de conselho no Parque Urbano. E o que é um fogo de conselho? É uma antiga tradição do movimento escutista realizada à noite em torno de uma fogueira, em volta da qual se irão reunir, neste caso, todas as secções do Agrupamento 7 de Ermesinde e onde cada qual irá desenvolver um momento de animação enquanto o fogo estiver vivo.
UM POUCO DA… HISTÓRIA
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| UM CONVÍVIO EM 1968, ONDE SE VÊ FELICIANO CRUZ, O PRIMEIRO A CONTAR DA ESQUERDA PARA A DIREITA |
Como já foi referido, António Carvalho é, digamos, que uma enciclopédia quando se fala da história do Agrupamento 7. Religiosamente, ele guarda fotografias, documentos, alguns com 100 anos, que marcam a história da instituição. Aliás, algumas das imagens que ilustram esta reportagem foram escolhidas e cedidas por si, o que desde já muito agradecemos. Mas viajemos 100 anos no tempo, para recordar dois homens que estiveram na génese da fundação deste agrupamento: o padre Avelino Assunção, então pároco da nossa terra; e Manuel Feliciano Cruz. António Carvalho conheceu os dois. O primeiro porque foi o padre que o batizou e que presidiu à sua comunhão. O segundo porque frequentava os magustos do agrupamento, mesmo já depois de ter deixado as funções de chefe. «Vinha cá muitas vezes. Era uma pessoa acessível, que brincava muito e convivia connosco», lembra com saudade um dos nossos interlocutores.
É em 1923 que nasce em Portugal o Corpo de Scouts Católicos Portugueses, resultado de uma implementação por parte da igreja católica deste movimento nas comunidades paroquiais. «Nos finais de 1925, e dando resposta a um dos problemas emergentes da época, o abade de Ermesinde, padre Avelino Moutinho de Assunção, convidou um grupo de rapazes para, em sua casa, na presença do Sr. José Coelho da Mota (inspetor do núcleo de Gondomar do Corpo de Scouts Católicos Portugueses, hoje Corpo Nacional de Escutas), juntos discutirem os benefícios de um movimento como o escutismo para a educação dos jovens. Este foi sem dúvida, o primeiro e grande passo para a criação do escutismo em Ermesinde. A ideia foi de imediato aceite e começou a instrução de jovens, por parte do chefe do grupo n.° 16 de Rio Tinto. Um mês depois, a 14 de março de 1926 os primeiros escutas de Ermesinde faziam a sua investidura e formavam o grupo de escutas de Ermesinde oficialmente nomeado pelas instâncias Nacionais a 15 de abril de 1926 com o nome de grupo 22 Nun’ÁIvares Pereira (atualmente VII-Agrupamento de Ermesinde)», assim rezam os primeiros parágrafos da história que António Carvalho nos passou para as mãos.
Entre estes pioneiros locais, digamos, estava Manuel Feliciano Cruz, que seria, aliás, o primeiro chefe do agrupamento. Para além desta personalidade, a primeira direção foi constituída ainda pelo padre Avelino Assunção (diretor/assistente do agrupamento) e por Henrique Gregório Pereira (chefe de administração).
O Grupo 22 Nun’ Álvares Pereira de Ermesinde, assim se começou por chamar o Agrupamento 7, terá sido composto no seu início por 16 ou 17 elementos, segundo nos conta António Carvalho.
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| UMA FOTO DE FAMÍLIA ONDE SE VÊ AO FUNDO O PADRE MOTA |
Faça-se uma nota de rodapé para se explicar o porquê do agrupamento se denominar de Agrupamento 7. Porque foi o sétimo agrupamento a ser criado em todo o país. Por outras palavras, é atualmente o sétimo agrupamento de escuteiros mais antigo de Portugal e o segundo mais antigo do Distrito do Porto, apenas superado pelo Agrupamento 6 do Bonfim, que recentemente também celebrou o centenário. Os cinco mais antigos estão na região de Braga, região esta onde nasceu o movimento escutista no nosso país.
Mas voltando ao agrupamento da nossa cidade, claro que desde então se escreveu uma história de 100 anos, ou prestes a completar 100 anos. Questionados sobre que factos históricos mais relevantes marcaram a história do agrupamento António Carvalho começa por referir que os acampamentos nacionais deixaram marcas na vida da instituição. Mas numa retrospetiva cronológica cita, por exemplo, o ano de 1948, altura em que se dá um acontecimento trágico para a vida do agrupamento: o salão paroquial de Ermesinde (local onde então se encontrava a sede do grupo) arde e muito do património adquirido até aquela altura vê-se reduzido a cinzas, salvando-se unicamente e através de um ato heroico de um jovem escuteiro, cuja identidade até hoje se desconhece, de um galhardete do grupo, arrancado às chamas. Na década de 70, e no seguimento de orientações nacionais, é implementado em Ermesinde o escutismo misto, o que proporciona um alargamento mais eficaz à juventude local e proporciona uma melhor adaptação do movimento à comunidade. Em 1980 é lançado pelo agrupamento o primeiro Festival da Canção Escutista, um dos projetos com mais interesse escutista a nível nacional, e que ainda hoje se realiza de uma forma regular por vários pontos do país. No ano de 1984 inicia-se a construção da sede própria, a qual é inaugurada 12 anos volvidos aquando das comemorações dos 70 anos de Escutismo de Ermesinde,
No passado mais recente, as celebrações dos 75 anos e dos 90 foram datas igualmente marcantes na vida do agrupamento, pela envolvência e entrega de toda a família escutista nestes festejos. Já no novo milénio, em 2017, outro facto marcante foi a participação numa
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Por:
Miguel Barros
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