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ENTREVISTA
Kung Fu do CPN encara o presente com os olhos postos no futuro
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| FERNANDO COELHO, COORDENADOR DA SECÇÃO DE KUNG FU DO CPN |
Foco na formação no presente para alcançar um maior número de êxitos desportivos no futuro. Esta é a meta da secção de Kung Fu do CPN, que há 10 anos a esta parte tem as suas portas abertas no seio do clube ermesindense. Este mês fomos conhecer um pouco por dentro o trabalho que esta jovem secção tem realizado, e nesse sentido fomos recebidos pelo coordenador Fernando Coelho, ele que há uma década atrás foi um dos mentores da ideia de juntar a mãe de todas as artes marciais, vulgo o Kung Fu, ao ADN do CPN.
Fernando Coelho que nos começa por dizer que desde jovem praticou esta arte marcial chinesa, fazendo-o então na melhor escola que havia em Portugal, a SHE-SI, pela mão do Sifu (Mestre) Paulo Araújo, tão só a figura mais consagrada da história do Kung Fu nacional e um dos mestres mais reputados a nível mundial. «Comecei a praticar Kung Fu com ele. Sou, aliás, dos alunos mais antigos dele. Antes de existir a Federação Portuguesa de Artes Marciais Chinesas (FPAMC) havia a Federação Portuguesa de Wushu, da qual eu e ele fizemos parte. Nessa altura, há mais de 30 anos, a SHE-Si ganhava tudo em Portugal. Fomos campeões nacionais sete anos consecutivos. De facto, na altura o Paulo Araújo estava muito à frente em comparação com os adversários, inclusive fizemos estágios na China porque ele tem lá as portas abertas e por isso éramos os melhores. Ele era um visionário e eu posso hoje dizer que aprendi com o melhor de todos», recorda Fernando Coelho.
Por força da vida, profissional e pessoal, o coordenador da secção de Kung Fu cepeenista teve de parar de praticar a arte marcial, até que há 10 anos o basquetebol fê-lo regressar ao ativo. Passamos a explicar. A filha de Fernando Coelho foi durante muitos anos praticante de basquetebol no CPN, sendo que por força do seu papel de pai o nosso interlocutor assistia com regularidade aos treinos e jogos da sua descendente. «Quando íamos levar as miúdas aos treinos, nós, os pais, ficávamos ali a olhar uns para os outros, até que certa ocasião nos perguntámos se também nós podíamos fazer qualquer atividade. Um dos meus colegas sabendo que além de eu ter praticado Kung Fu tenho formação nesta área perguntou-me porque é que eu não arrancava com a modalidade. E assim começámos, com uma brincadeira, com três ou quatros pessoas e hoje já somos mais de 40», diz Fernando Coelho, que realça ainda que a ideia foi na altura bem acolhida pela direção do CPN, que de pronto abriu as portas do clube a uma nova modalidade, que tal como as restantes modalidades que figuram no ADN cepeenista trabalham de forma autónoma. «De pronto a direção do CPN disponibilizou-nos um espaço para treinarmos e devo dizer ainda que fomos muito bem recebidos pelas restantes secções do clube. Temos hoje uma boa relação com todas elas, e, inclusive, já colaborámos com a secção de basquetebol no passado recente nos jogos da Liga Feminina, onde fizemos umas demonstrações nos intervalos dos mesmos».
NO KUNG FU REINA O ESPÍRITO FAMILIAR
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Falando mais concretamente da sua secção, Fernando Coelho conta-nos que o espírito que ali existe é um pouco diferente das demais modalidades. Na secção de Kung Fu existe mais um espírito familiar. «Apesar disto ser um desporto individual nós conseguimos transformar a secção numa equipa munida de um espírito familiar. Aqui há um ambiente familiar. E eu priorizo as boas pessoas, porque as boas pessoas nós podemos transformar em bons atletas, mas os bons atletas nem sempre podemos transformar em boas pessoas», realça o nosso interlocutor. Aliás e por falar em família, conta-nos que atualmente a secção tem cinco famílias a treinar em conjunto, isto é, pais e filhos treinam juntos. «Dificilmente se encontra isto em qualquer outra modalidade. No nosso caso isto acontece porque os pais inscreveram aqui os filhos e as filhas, começaram depois a assistir aos treinos, gostaram e acabaram também por experimentar. E sinceramente, eu não quero sair deste espírito familiar, pois as coisas têm corrido bem assim, muito devido, lá está, às pessoas que temos a sorte de ter aqui também», realça.
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CPN DESENVOLVE O ESTILO SANDA
Como já foi referido inicialmente, o Kung Fu é uma arte marcial chinesa, e tal como outras artes marciais apresenta vários estilos. No CPN, o único estilo desenvolvido é o Sanda (boxe Chinês), que assenta na vertente de combates de Kung Fu. É um pouco parecido com o Kick Boxing, embora com umas ligeiras diferenças de regras, como nos explica Fernando Coelho. «O Kick Boxing é um desporto de combate e o estilo Sanda é uma arte marcial que engloba o espírito e o respeito marcial que é o que praticamos aqui. Nós optamos pelo Sanda, que é o estilo que estou mais habilitado a dar, precisamente porque a nossa existência como secção não está tão vocacionada para o estilo de formas, que tem movimentos mais repetidos, e onde há uma exigência física em termos de elasticidade e movimentos acrobáticos, explica ainda o coordenador.
Dez anos de atividade da secção que na voz de Fernando Coelho têm sido de crescimento, desde logo em número de atletas, 46 na atualidade, mas também de divulgação da modalidade. Embora, neste último ponto, o nosso entrevistado saliente que ainda há algum trabalho a fazer no sentido de chegar a um maior número de pessoas e dessa forma angariar mais atletas. Aliás, foi por isso que neste mês de setembro a secção criou uma nova turma, tendo em conta que a capacidade média da sala de treino é de 20 a 22 atletas, sendo que a partir daí começa a ser mais complicado ministrar o treino. Se no passado recente os treinos eram, e continuam a ser, dados às segundas-feiras, quartas-feiras e sábados, desde este mês que se acrescentou a terça-feira e sexta-feira no calendário dos treinos.
Este alargamento de treinos permite também que possa entrar gente nova na secção, porque o objetivo é, na voz de Fernando Coelho, continuar a crescer. Por falar em turmas, a secção tem uma turma específica para os mais novos, atletas entre os 3 e os 12 anos de idades, que é a turma dos kids, que treina às segundas e quartas-feiras às 19H15. Daí em diante, isto é, os atletas que não têm limite de idade, treinam nos outros horários e dias sempre com inicio às 20H15 e sábados às 10H30.
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Treinos que neste momento são ministrados não só por Fernando Coelho como também por Mariana Martins, uma das atletas mais antigas da seção, secretária da Assembleia presidida por Paulo Araújo da FPAMC e atual campeã nacional da modalidade sénior. «Quando estão mais atletas a Mariana ajuda o treino, visto estar habilitada a fazê-lo. Também a Rafaela Barros, uma jovem de 14 anos que foi medalha de prata no campeonato nacional em Sub-17 e que é das mais evoluídas em termos técnicos, ministra o treino, sobretudo com os mais novos, tendo em conta que ela tem jeito e sensibilidade para trabalhar com as crianças. Os nossos atletas com mais prática são sempre uma boa ajuda e sabem receber muito bem os mais recentes atletas».
Por falar em campeonatos nacionais, há que recordar que tanto neste ano como no ano passado a cidade de Ermesinde recebeu a elite do Kung Fu português no âmbito dos campeonatos nacionais que se realizaram pela mão do CPN. Fernando Coelho recorda que esse facto trouxe mais divulgação à modalidade em termos locais, mas que ainda há algum trabalho a fazer para chegar a mais público. «É logico que precisamos de muito mais apoios, principalmente ao nível da divulgação, no sentido de chegar a mais pessoas. Precisávamos, por exemplo, de um outdoor, de fazer folhetos e cartazes para espalhar pela cidade, ou seja, haver uma divulgação maior. Mas deixe-me dizer que acho que vamos conseguir organizar aqui em Ermesinde o terceiro campeonato nacional consecutivo. Recordo que na primeira vez, no ano passado, o presidente da federação, o Jorge Teixeira, elogiou-nos dizendo que tivemos aqui o campeonato de Sanda mais bem organizado nos últimos 20 anos. Modéstia à parte, somos muito bons a organizar campeonatos», frisa Fernando Coelho. Para a realização da competição nacional o apoio da Junta de Freguesia de Ermesinde e da Câmara de Valongo foi fundamental conforme recordou o nosso entrevistado, pois «sem isso seria impossível montar uma logística tão grande. Eu também arranjei meia dúzia de patrocinadores no comércio local, que também ajudaram. Mas este ano foi um suplício em termos financeiros, já que ainda pus algum dinheiro do meu bolso, porque como participámos no campeonato tive de mandar fazer equipamentos para os nossos quatro atletas, material de proteção, etc.». Questionado sobre se esta é uma modalidade cara para quem a deseja praticar, Fernando Coelho explica que para quem apenas quiser treinar e divertir-se basta uns calções, uma t-shirt e umas ligas para as mãos, sendo que para isso 20 ou 30 euros bastam. Agora, quem quiser evoluir, chegar à competição, o preço a pagar é um pouco maior, já que é preciso um material melhor, comprar proteção bocal, colete, capacete, por exemplo. «Neste momento o nosso maior apoio, ou seja, patrocinador oficial que nos tem ajudado, é
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Por:
Miguel Barros
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