Assembleia Municipal de Jovens propõe soluções para problemas locais
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Fotos CMV |
No passado dia 9 de maio, Dia da Europa, decorreu no Auditório Dr. António Macedo, em Valongo, mais uma edição da Assembleia Municipal de Jovens, uma iniciativa que volta a afirmar-se como espaço de participação cívica, reflexão crítica e cidadania ativa por parte dos estudantes do concelho.
A sessão foi conduzida por uma mesa previamente eleita, composta pelos alunos: Luana Loureiro (presidente), Tiago Cabral (primeiro secretário) e Beatriz Rocha (segunda secretária), e contou com a presença de jovens deputados de cinco escolas do município – Agrupamento de Escolas de Valongo, Agrupamento de Escolas de Campo, CENFIM de Ermesinde, Agrupamento de Escolas de Alfena e Agrupamento de Escolas Vallis Longus – bem como dos professores orientadores. Assistiram ainda ao evento o presidente da Assembleia Municipal, Abílio Vilas Boas, o vice-presidente da Câmara Municipal de Valongo, Paulo Ferreira, e vários deputados municipais.
Na primeira parte da sessão, cada escola apresentou problemas concretos e propostas de solução.
O Agrupamento de Escolas de Valongo trouxe à discussão o tema “Embaixador da inclusão na diversidade”, sublinhando a importância de integrar comunidades imigrantes, respeitando diferenças culturais e promovendo a diversidade. Entre as propostas, destacou-se a sugestão da criação de um Festival Anual da Inclusão e da Diversidade Cultural, a realizar no Largo do Centenário, no centro da cidade. A iniciativa mereceu o apoio de Paulo Ferreira, que sugeriu o recurso ao Orçamento Participativo Jovem de Valongo para transformar a ideia em projeto.
Já os representantes do Agrupamento de Escolas de Campo apresentaram o projeto “Tok’A Todos”, defendendo que chegasse a todos os estudantes do Município, o programa municipal de férias “Tok’a Mexer”. Criticaram o facto de o programa estar demasiado centrado em Valongo e Ermesinde, deixando de fora estudantes de outras freguesias, e sugeriram novos períodos e penalizações para desistências injustificadas. O vice-presidente reconheceu a pertinência das observações e mostrou abertura para repensar o alcance do programa.
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O CENFIM de Ermesinde, a única escola profissional presente, trouxe à Assembleia o tema da segurança rodoviária, com especial enfoque na Avenida Eng.º Duarte Pacheco, onde ocorreram vários acidentes graves. Reivindicaram a colocação de semáforos redutores de velocidade e melhores condições de mobilidade pedonal, incluindo iluminação adequada e construção de passeios na Rua Nossa Senhora da Mão Poderosa. Paulo Ferreira referiu que a Avenida Duarte Pacheco é uma estrada nacional, sob a gestão das Infraestruturas de Portugal, e por isso, a Câmara pouco pode fazer, mas, relativamente à Rua Nossa Senhora da Mão Poderosa, revelou que está em curso uma negociação com uma empresa privada que ali vai construir um armazém, para a requalificação da rua junto ao CENFIM, incluindo a construção de passeios.
O Agrupamento de Escolas de Alfena trouxe à discussão o tema da mobilidade urbana, com críticas à empresa de transportes “UNIR”, pela escassa informação nas paragens e pela ausência de abrigos. Lamentaram também o mau estado das vias no concelho. O vice-presidente da Câmara, responsável pelo pelouro da mobilidade, reconheceu que o serviço tem evoluído, mas ainda carece de melhorias. Quanto às ruas, explicou que as intervenções têm sido feitas conforme a gravidade dos casos e os limites do orçamento camarário.
Por fim, os jovens do Agrupamento de Escolas Vallis Longus abordaram o tema da habitação, denunciando a escassez de oferta e os preços elevados, superiores à média nacional, o que dificulta a emancipação económica dos jovens, mesmo daqueles que já trabalham. Defenderam medidas como a reabilitação de prédios devolutos, a criação de cooperativas de habitação e a construção de casas modulares e sociais. Paulo Ferreira reconheceu a gravidade do problema, considerando-o estrutural e nacional, e garantiu que o município está a implementar projetos de habitação social e a requalificar imóveis já existentes.
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Na segunda parte da sessão, os jovens deputados debateram dois temas de grande atualidade: imigração e ensino digital. Sobre a imigração, consideraram-na simultaneamente uma oportunidade de enriquecimento multicultural e um desafio à identidade nacional, apontando a necessidade de políticas públicas equilibradas que promovam a inclusão sem perder de vista a coesão social. Em relação ao ensino digital, reconheceram vantagens como o acesso facilitado à informação e a personalização da aprendizagem, mas alertaram para riscos como a desigualdade no acesso, a perda de interação social e as distrações. Defendem, assim, um equilíbrio entre tecnologia e ensino tradicional, garantindo o desenvolvimento integral dos alunos.
Apesar de o debate não ter tido a dinâmica esperada, devido à duração prolongada da sessão – que se estendeu por cerca de três horas –, algumas intervenções pontuais revelaram maturidade e sentido crítico.
Esta edição da Assembleia Municipal de Jovens voltou a demonstrar a importância de proporcionar aos jovens espaços reais de expressão e de contacto com a vida democrática, fomentando o sentido de responsabilidade cívica e o envolvimento na construção de uma sociedade mais justa, participativa e consciente.
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Por:
Manuel Augusto Dias
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