SECÇÃO: Editorial

Abril: Bodas de Ouro

Neste mês de abril cumpriu-se meio século de Democracia, o mesmo é dizer que a Revolução do 25 de Abril de 1974 completou agora 50 anos. As Bodas de Ouro são sempre motivo de festa, e ainda mais, quando se comemora algo de tão importante para a sociedade, como é o regime democrático em que vivemos.

Ele, por comparação com os regimes ditatoriais que o precederam: Ditadura Militar, entre 1926 e 1933 e Estado Novo, entre 1933 e 1974, é incomparavelmente melhor para os cidadãos. Trouxe-nos liberdade de expressão, acabou com os prisioneiros políticos, extinguiu a polícia política e as organizações de propaganda e paramilitares do regime, afastou os antigos governantes (mas sem vinganças nem violências físicas), permitiu a constituição de partidos, acabou com a guerra colonial, negociou a inevitável descolonização, realizou eleições verdadeiramente livres, proporcionou que até os mais pobres pudessem prosseguir os seus estudos, investiu no ensino, na segurança e na saúde, apostou no progresso do país e encerrou o capítulo do “orgulhosamente sós”, voltando-se para a Europa (aderindo à CEE, em 1986), para o mundo Ibero-americano (fazendo parte desta comunidade, desde 1991) e para o mundo lusófono (fundando e integrando a CPLP, em 1996).

Portugal de hoje é completamente diferente, para melhor, do que era há 50 anos. As escolas de todos os níveis (incluindo o superior) multiplicaram-se, o número dos profissionais de saúde aumentou muito, a esperança média de vida equiparou-se à dos países mais avançados da Europa, a taxa de mortalidade infantil diminuiu vertiginosamente, grande número de pessoas tem acesso imediato às comunicações (através da televisão e da internet), as vias rodoviárias modernizaram-se (em 1974, Portugal tinha pouco mais de 60 Km de autoestradas, hoje tem mais de 3 mil Km), a eletricidade e a água canalizada chegaram a todas as casas, assim como as televisões (agora a cores).

A nível das autarquias, a diferença também é gigantesca: os municípios dispõem de mais e melhores estradas, escolas, campos de futebol, pavilhões desportivos, saneamento básico, recolha do lixo doméstico, centros culturais, bibliotecas, museus, espaços verdes e zonas industriais bem planeadas. Podem até apostar num apoio mais sistemático a todo o tipo de associativismo. A nível de habitação a grande maioria de portugueses vive em casas boas e dignas. Dispõe de carro ou tem acesso a meios de transporte públicos.

Abril trouxe-nos muito e, por isso, há que preservar o regime democrático e os seus valores. É importante apostar na literacia política junto dos jovens para que aprendam o real valor da Democracia que tem de ser a garantia da Liberdade, da Igualdade, da Justiça, do respeito pelos Direitos Humanos, que não podem excluir ninguém. A Democracia é multipartidária e multicultural, reconhece as diferenças e respeita-as, adotando uma política inclusiva, que não pode segregar as pessoas em função da cor, da pobreza, da cultura, da crença, da etnia ou da nacionalidade. A Democracia tem de ser tolerante e valorizar a paz.

É por tudo isso, que este número de “A Voz de Ermesinde” é especialmente dedicado ao Cinquentenário do 25 de Abril. Procuramos dar conta de tudo o que de mais relevante aconteceu nestes dias a celebrar o espírito de Abril e, nos próximos números, continuaremos a recordar esta importante efeméride política e patriótica.

Por: Manuel Augusto Dias