Obrigada... por estarmos em desacordo
A democracia tem destas coisas, dá-nos a liberdade de pensamento, de escolha e de agir de forma diferente. Estar em desacordo não é ser inimigo de ninguém, significa pura e simplesmente que vemos o mundo que nos rodeia por outras perspetivas.
Vem esta questão a propósito da última Feira do Livro e da forma como o jornal a sentiu. Como não acredito em verdades absolutas continuo a pensar pela minha cabeça e a fazer uma leitura um pouco diferente daquela que é reivindicada pelos responsáveis pelo certame. Ainda bem, significa que somos diferentes, e como dizia um meu amigo «gerir conflitos é a forma mais eficaz de me aproximar e entender os outros».
Estou de acordo com ele, conhecemos um pouco melhor as pessoas, todos puderam opinar e dizer da sua justiça, por mim estou esclarecida.
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Foto LUÍS LAGE |
Resta-me apenas acrescentar também um pequeno esclarecimento para os nossos leitores, o jornal “A Voz de Ermesinde” nunca esteve em nenhuma reunião preparatória da Feira do Livro, o que até considerávamos natural, pois somos apenas um jornal e não livreiros ou editores ou mesmo associações, e daí as nossas propostas serem sempre “atrasadas” em relação aos outros.
Continuamos a acreditar que prestamos um serviço à comunidade, aos organizadores do certame e aos próprios feirantes, dedicando-lhes um número especial, trazendo autores e temáticas diversificadas, não numa perspetiva comercial, atividade para a qual não estamos vocacionados, mas com preocupações culturais, criando momentos de reflexão, contrariando um pouco uma tendência em crescimento dum consumismo de livros para passar tempo, balofos e vazios.
Talvez por isso as nossas sensibilidades sejam diferentes, talvez até que os livros que levamos à Feira não sejam do agrado das maiorias, mas é a nossa opção.
Quanto à forma, ao trato... vamos tentar esquecer, aprendemos sempre com os nossos erros e os dos outros, é pena que nem todos tenham essa lucidez, por isso mais uma vez, obrigada... por estarmos em desacordo.
Com livros ou sem eles, os que podem e querem partem de férias, durante o mês de agosto não há edição do jornal, o que é compensado no mês de setembro e dezembro, como vem sido hábito nos últimos anos.
Há quem aproveite as férias para ler, outros fazem um intervalo porque leem durante o ano, eu levo sempre livros, o que não significa que os vá ler todos, penso que acontece o mesmo a muito boa gente.
Boa férias e bons livros!
Por:
Fernanda Lage
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