III Encontro Gastronómico de Ermesinde dedicado a 80 anos de Zeca Afonso
A Confraria Gastronómica de Ermesinde promoveu, no passado dia 10 de Abril, no restaurante do Parque Urbano de Ermesinde um jantar comemorativo dos “80 Anos de Zeca”.
A iniciativa contou com a presença da Associação José Afonso – AJA Norte, e depois do jantar, cantaram José Afonso o cantor José Silva e Ana Ribeiro (AJA Norte).
A poesia esteve presente, na voz de Amílcar Mendes e Ana Afonso (AJA Norte).
O fado de Coimbra também se fez ouvir, através do grupo Sons de Sempre (vozes de Emídio Portugal e Julião Santos, a guitarra portuguesa de Rocha Ferreira e a guitarra clássica de Manuel Valdrez) e de Carlos Costa, um decano do fado de Coimbra, mas com a voz ainda muito límpida.
Convidados pela Confraria alguns artistas – Fernando Gaspar, Idalina Dionísio, Manuel Carneiro, Onofre Varela e Zeferino Coelho – fizeram retratos alusivos a Zeca Afonso, em pintura, desenho e cartoon, cuja venda reverteu a favor da AJA Norte.
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Fotos URSULA ZANGGER |
Cravos vermelhos e poemas de Zeca Afonso em folhas volantes espalhadas pelas mesas (editadas pela Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto) davam o tom da comemoração que a Confraria Gastronómica de Ermesinde quis imprimir a este seu III Encontro.
À entrada da sala a AJA Norte montou também uma banca com livros, CD’s e outros materiais.
As conversas são como as cerejas e assim foi o jantar: alimento do corpo e da alma. No final, António de Almeida Santos, destacado membro da Confraria. fez uma breve apresentação do que se iria seguir e dos motivos deste III Encontro.
De seguida, Helena Borges, da AJA Norte, recordou o Zeca e a sua disponibilidade. «Celebrar o Zeca é manter viva a sua mensagem nos dias de hoje. Afrontar os muros de que não se fala». E deu como exemplo a luta do povo sahauri.
O Zeca faria agora 80 anos, mas o importante é permitir que, «a partir de nós o Zeca faça 90, 100, etc.», concluiu Helena Borges.
Foi depois a vez de Joaquim Pimentel, que com o Zeca se cruzou nos tempos de Coimbra, e que recordou algumas peripécias da vida de então, testemunhadas junto dele e da sua primeira mulher, Maria Amélia.
Por fim, lembrou um dos últimos espectáculos do cantor, e o seu tributo a Coimbra (...que eu não volto a cantar).
Os textos de José Afonso, alguns dos muitos que ele não chegou a musicar, e as suas cantigas irromperam depois, na companhia de outros poetas, como Manuel Alegre ou César Príncipe, ali trazidos por José Silva, Ana Ribeiro, Ana Afonso e Amílcar Mendes.
Uma comovente carta de Zeca Afonso à filha, quando estava preso em Caxias, um mimo de ternura e pedagogia foi ali recordada. Tal como um texto sobre o Zeca de Urbano Tavares Rodrigues.
Depois, o momento de poesia à solta não veio a ser cumprido, os «espontâneos» declinaram elegantemente o convite escorregadio de Amílcar Mendes, mas o grupo Sons de Sempre, com a ameaça humorada de Emídio Portugal de que traziam reportório para toda a noite trouxe não só os textos poéticos e a música do fado de Coimbra, como também convidou para cantar um dos seus decanos, Carlos Costa:
«Morrer é passar um dia
Todo inteiro sem te ver...
a poesia de Coimbra, nas suas deliciosas e típicas hipérboles, tão líricas, mas que não travaram a fractura radical que com o fado de Coimbra haveria de fazer Zeca Afonso.
No final Paulo Esperança, da AJA Norte falou do Zeca e da importância dos afectos e da gente jovem.
Por:
LC
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