O Desafio Crescente do Lixo Espacial
Na última edição do ano trazemos um tema novo a este espaço de ciência, o lixo espacial. Sim, porque a nossa pegada já há muito que deixou a gravidade terrestre para ocupar os confins do espaço.
O espaço, uma vastidão que já foi considerada intocável, enfrenta agora um desafio crescente e ameaçador que é o lixo espacial. Este fenómeno, originado principalmente a partir das atividades humanas no espaço, está a transformar-se numa preocupação global devido à sua rápida acumulação e às potenciais consequências para as futuras explorações espaciais.
O lixo espacial é principalmente composto por detritos de satélites desativados, componentes de foguetes espaciais e fragmentos de colisões entre objetos no espaço e tem as suas raízes nas décadas passadas de exploração espacial. Inicialmente, lançamentos de satélites e missões espaciais eram realizados sem muita preocupação para o destino dos equipamentos utilizados. À medida que o número de missões aumentou, o espaço ao redor da Terra tornou-se uma região cada vez mais congestionada, contribuindo para a criação de uma nuvem de detritos, girando à volta do nosso planeta através da gravidade terrestre.
Atualmente, o aumento exponencial do número de objetos em órbita terrestre tem levado a colisões frequentes entre satélites e outros detritos já existentes. Esses impactos resultam na fragmentação de objetos maiores em milhões de pequenos pedaços, aumentando ainda mais a densidade do lixo espacial. A Estação Espacial Internacional (EEI) e outros satélites operacionais enfrentam, desta forma, um risco real de colisões que podem comprometer as suas funções e, em última análise, ameaçar a segurança humana no espaço.
Enfrentar o problema do lixo espacial exige uma abordagem colaborativa e internacional. Iniciativas para mitigar a produção adicional de detritos, como o desenvolvimento de tecnologias para a remoção ativa de lixo espacial, tais como a do artigo que trazemos nesta edição são essenciais, garantindo que o espaço continue a ser um recurso acessível e seguro para as gerações futuras.
«Investigadores apostam no desenvolvimento de equipamento para deteção de lixo espacial low cost
Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a desenvolver um equipamento low cost (baixo custo, em português) que permitirá detetar o lixo espacial.
O projeto “Algoritmos de detritos espaciais em imagens de constelações de satélites para a caracterização e determinação orbital de detritos”, de Joel Filho, estudante de doutoramento em Engenharia Física no Departamento de Física (DF) da FCTUC, acaba de vencer uma bolsa da Agência Espacial Europeia (ESA) no valor de 90 mil euros.
«Estamos a desenvolver um método para identificar e caracterizar o lixo espacial em imagens, baseado em algoritmos de deteção de open source (código aberto, em português) e determinar as suas órbitas para utilização a bordo de satélites, fazendo uso das imagens que estes utilizam para determinação da sua orientação no Espaço, imagens essas que não podem ser armazenadas, mas das quais se extrairão informações relativas aos detritos espaciais antes de serem apagadas», revela Joel Filho.
A crescente concentração de lixo espacial apresenta um risco cada vez maior para as atividades espaciais. Atualmente, sabe-se que há cerca de 35 mil objetos com mais de 10 centímetros (cm) de diâmetro a orbitar a Terra, sendo que são apenas conhecidas as órbitas de cerca de 90% deles, havendo também cerca de um milhão, com tamanhos entre 1 e 10 cm, quase todos por catalogar, e estima-se que existem ainda cerca de 130 milhões de objetos, entre 1 mm e 1 cm, por rastrear.
De acordo com Nuno Peixinho, investigador do DF e do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), «é precisamente por estas razões que o estudo do lixo espacial é hoje, e cada vez mais, uma área prioritária nas ciências do espaço, e a FCTUC também está envolvida nisso», afirma, explicando que «os atuais radares e telescópios óticos terrestres, usados para deteção e rastreamento de lixo espacial, estão limitados pela sua sensibilidade, implicando limites de tamanho baixos para os detritos, fornecendo um catálogo com uma muito pequena quantidade do total. Além disso, é
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Por:
Luís Dias
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