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Edição de 31-10-2024
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    Arquivo: Edição de 30-06-2010

    SECÇÃO: Gestão


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    Os Media e os novos valores da Sociedade Ocidental

    Há quem diga que vivemos na Idade dos Media e que tal reflecte um retorno aos tempos da Idade Média, altura em que se vivia tempos de obscurantismo onde o dedo acusatório da Inquisição é hoje em dia substituído pela denúncia de um novo poder: os Media, que determina a sorte de uma qualquer personalidade que passa de imediato de bestial a besta, ou vice-versa.

    De entre os vários meios de comunicação, a televisão surge inevitavelmente como o mais importante e o de maior adesão das massas. O grande problema é que este meio é utilizado com fins menos nobres. Desde logo a publicidade é uma imposição às pessoas levando-as a escolhas inconscientes; depois a informação, é quantas vezes tendenciosa, acabando por serem os próprios jornalistas os protagonistas da informação que veiculam, através de acções espectaculares com o único objectivo de níveis superiores de share!… Isto não é informação isenta.

    Este tema decorre de um documentário que foi feito à forma como funciona a televisão em Itália, onde o presidente é o foco de uma vasta rede de interesses que gravitam à volta das televisões privadas de Berlusconi e da própria televisão pública, que acaba por ser manipulada pelo poder politico. Todo este controlo radica numa propaganda dirigida para o culto da imagem, onde as vedetas e os valores superficiais imperam; onde se cultiva a mediocridade, a superficialidade e os temas fáceis como o futebol ou o sexo, associados a uma violência latente.

    Estes valores assumem esta dimensão num país da UE, factos inclusivamente denunciados em instâncias supra-nacionais, como foi o caso do Parlamento Europeu, onde o primeiro-ministro italiano foi vaiado e objecto de contestação generalizadas.

    O grande problema é que as coisas não se passam apenas em Itália, mas em todo o mundo ocidental em que, na lógica de um sistema capitalista baseado numa economia liberal, se apela a valores de fácil concretização, do efémero e da imagem. A televisão é a fórmula ideal para promover estes valores que o presidente aproveitou com resultados evidentes.

    Esta é a grande fragilidade das democracias, onde os perigos do populismo fácil se sobrepõem aos fundamentos de uma sociedade que se pretende mais justa e desenvolvida. Foi assim que no passado se geraram as ditaduras e os regimes totalitários, onde a propaganda e o controlo dos meios de comunicação social se revelaram determinantes para o exercício do Poder.

    Por: José Quintanilha

     

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