SECÇÃO: Destaque

2º ANIVERSÁRIO DA DELEGAÇÃO DE ERMESINDE DA APVG

Augusto Freitas: É imperativo reconhecer a devastação do stress de guerra

O vice-presidente da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra (APVG) e, simultaneamente director do seu Departamento Clínico, é neuropsicólogo e investigador, competências que junta a várias outras – acumula várias licenciaturas e graus académicos.

A sua grande batalha dentro da APVG é pôr de pé, com os seus colaboradores nesta área, um trabalho de excelência no domínio clínico, que permita realizar o despiste e as adequadas terapêuticas das patologias causadas pelas situações de guerra vivenciadas pelos militares portugueses.

Augusto Freitas começa por falar-nos da génese da APVG, constituída a 18 de Março de 1999, na sequência de divergências ocorridas na associação APOIAR.

A associação, que agrega ex-combatentes das guerras coloniais de todos os ramos das Forças Armadas, inclui, explica o dirigente em resposta a uma pergunta nossa, não apenas os veteranos de Angola, Moçambique e Guiné, mas também os ex-militares da antiga Índia Portuguesa e os veteranos das missões portuguesas mais recentes, na Bósnia, Afeganistão, etc..

Fotos MANUEL VALDREZ

Neste momento, a APVG seria mesmo a maior organização de ex-combatentes portugueses.

Neste momento algumas perspectivas podem começar a abrir-se no reconhecimento das situações que afectam grande parte dos veteranos de guerra, em particular a gravíssima, mas ignorada ou não reconhecida enfermidade que constitui o stress de guerra, que com a lei 9/2002, teve finalmente, pelo menos no papel, um timido reconhecimento.

Uma recente reunião realizada na Associação 25 de Abril, em Lisboa, sentou à mesma mesa a esmagadora maioria das associações representativas de veteranos, no sentido de chegarem a uma mínima identidade de objectivos, de modo a poder vir a constituir-se a Federação Nacional de ex-Combatentes, da qual provavelmente só não fará parte a Liga dos Combatentes, «filha do Ministério da Defesa», nas palavras de Augusto Freitas.

Entre os objectivos próximos mais prementes da APVG figura, em primeiro plano, a resolução das situações resulltantes do já referido stress de guerra, e em segundo plano, a assumpção dos compromissos de honra por parte do Estado português relativamente àqueles militares que tombaram ao seu serviço nas guerras coloniais e cujos corpos se encontram enterrados nos cemitérios das ex-colónias, sobretudo em África.

A actual Direcção da APVG, liderada por António Basto, conta ainda, além de Augusto Freitas, com a presença de Agostinho Rio Novo, seu secretário, Eduardo Magalhães Ribeiro, tesoureiro, e João Manuel da Silva Gomes, vogal, além dos elementos suplentes.

UM APELO

Uma das queixas de Augusto Freitas vai para os póprios associados que, muitas vezes, não podendo comparecer às consultas previamente marcadas, não avisam disso a delegação, causando com essa atitude transtornos desnecessários.

O dirigente apelava assim a uma maior responsabilidade dos associados, de forma a poder optimizar-se a prestação de serviços em benefício de todos.

Por: LC