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    Arquivo: Edição de 28-02-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER

    Sons solidários

    O espectáculo “Variações sobre uma Guitarra” regressou (na noite de 17 de Fevereiro) ao palco do Fórum Cultural de Ermesinde, por onde já tinha passado, no passado dia 14 de Outubro. Nesta reencarnação (agora com entradas pagas e com a receita a reverter a favor da AMI – daí o rebaptizar-se “Variações sobre uma Guitarra – Sons Solidários”, o espectáculo veio mais refinado e teve a acompanhá-lo o lançamento do livro “Palavras Não” (fotografia de José Manuel Soares sobre poesia de Manuel António Pina, com selecção e prefácio de Sílvia Maria Gonçalves). Lançado pela Fólio, os direitos de autor do livro serão também a reverter para a mesma instituição de solidariedade.

    Previsto para estar presente, Fernando Nobre, o presidente da AMI, acabou por não poder vir a Ermesinde, com afazeres de última hora relativos a um projecto social a desenvolver em Jalalabad, no Afeganistão, a obrigá-lo a partir para essas paragens. A substituí-lo esteve o seu irmão, igualmente médico e dirigente da AMI, José Luís Nobre.

    Projecto desenvolvido sobretudo pelo arquitecto do Ágora, Manuel Valdrez, este espectáculo – bem como toda a espinha dorsal da actividade desta associação cultural ermesindense –, mereceu a um dos intervenientes, Joaquim Andrade, um elogio do labor do músico (como se sabe igualmente fotógrafo de “A Voz de Ermesinde”), que foi acompanhado com uma justíssima revoada de palmas de homenagem de toda a audiência. Por isso, para começar, não poderíamos deixar de associar-nos a ela.

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    A noite foi introduzida por José Carlos Faria, que anunciou as presenças no espectáculo, e contou com as breves palavras de Eduardo Costa, responsável do grupo proprietário da Fólio (o jornal “O Primeiro de Janeiro”), mas a expectativa de ouvir José Manuel Soares e Manuel António Pina saiu gorada. Por vingança feliz, o espaço dos poemas de Carlos Carranca à volta do singular instrumento que é a guitarra portuguesa e que pontuaram uma parte generosa da primeira encarnação do espectáculo, em Outubro, foi agora quase inteiramente ocupado pela poesia de Manuel António Pina, com inegável ganho para o sarau e para a audiência.

    Seguiram-seos comovidos agradecimentos de José Luís Nobre. O dirigente da AMI, que justificou a ausência de Fernando Nobre e desvendou um pouco do projecto de Jalalabad (uma escola, um centro de saúde e um centro social), falou um pouco da história da AMI e da sua determinação em intervir quando se torna necessária – de como, por exemplo, no dia a seguir ao tsunami no Extremo Oriente, já aí tinha instalado um hospital de campanha – ou de como é gerida a sua actividade. Por exemplo, José Luís Nobre referiu que 70 % do orçamento da AMI é proveniente de doações particulares e que apenas 10% do seu orçamento provém de apoios do Estado português, o que permite à instituição uma intervenção totalmente independente do Estado ou do Governo.

    Precedendo ainda o espectáculo propriamente dito, interveio Carlos Pimentel que, mais uma vez na qualidade de alguém próximo de Carlos Paredes – à memória de quem “Variações sobre uma Guitarra” foi construído, além de ter como pilar fundamental a sua música – lembrou passagens da vida do criador que reinventou a guitarra portuguesa e cuja modéstia sempre esteve ao nível do seu génio.

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    Pimentel lembrou o nascimento de Paredes, em 1925, a sua ligação à guitarra portuguesa logo por via genética (o avô Gonçalo e o pai Artur eram guitarristas), a sua aprendizagem – pois apesar dessa linhagem, foi praticamente autodidacta, a passagem pelas cadeias da PIDE, onde esteve detido três anos e onde construiu uma guitarra, etc.. No fim, revelando ter um livro prestes a ser publicado, Carlos Pimentel anunciou , a exemplo de Manuel António Pina e José Manuel Soares, ir entregar os direitos de autor à AMI e, além disso, prometeu também entregar o produto da receita dos 100 primeiros livros à instituição.

    Por: LC

     

     

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