QUADROS DA VIDA DE TRÊS MULHERES
Esse estranho mundo feminino...
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Fotos URSULA ZANGGER |
Maria Henrique, Fernanda Serrano e Ana Brito e Cunha estiveram, no passado dia 5 de Novembro, no Centro Cultural de Campo, para apresentar ao público do concelho a peça “Confissões de Mulheres de 30”, da autoria do brasileiro Domingos Oliveira. Ele próprio e Priscilla Rosembaum se encarregaram da direcção artística da peça, que tem percorrido Portugal de um lado ao outro, inicialmente com Margarida Marinho no lugar de Ana Brito e Cunha. O texto foi adaptado por Leonor Xavier.
Pese embora o barulho ensurdecedor do persicador (projector móvel que acompanha os actores) que, na pequena sala de Campo, não deixava, nos lugares de trás da plateia, ouvir o texto a não ser com uma concentração dolorosa, a representação merece aplausos.
Texto notável e, dir-se-ia com toda a certeza (no que nos equivocamos redondamente) escrito por uma mulher, “Confissões de Mulheres de 30” é uma peça de teatro pobre, com uma cenografia praticamente inexistente ou portátil, que se revela adequada para subir aos mais diversos palcos desde a capital ao mais recôndito cu de judas – o que tem, aliás, vindo a acontecer..
Interpretações marcadas por uma grande expressividade das actrizes, grande rigor nas marcações e movimentação em palco, e a tirar das vozes o que elas podiam dar.
Maria Henrique – a feia – sobressai no conjunto das três, mas as sex symbol Fernanda Serrano e Ana Brito e Cunha estão igualmente muito bem. No caso de Ana Brito e Cunha, a figura do hooligan benfiquista é particularmente bem conseguida e expressiva. A interacção com o público – muitas mulheres na sessão em que estivemos – é uma das armas da peça, embora o público, por vezes, se agarre à casca do mais imediato e deixe escapar todo o sumo.
O tema da peça são as angústias femininas de mulheres que, sendo já maduras, se enfrentam com os fantasmas típicos da dor e da fadiga, mas também, e sobretudo, embora apenas insinuados, do envelhecimento e da solidão.
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