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Edição de 30-11-2024
Jornal Online

SECÇÃO: História


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50 ANOS DO 25 DE ABRIL

A Fita do Tempo da Revolução: As movimentações militares na Revolução dos Cravos (7)

A GUARDA NACIONAL REPUBLICANA ENTRA EM CENA

O momento de entrada em cena da Guarda Nacional Republicana sempre foi objeto de alguma controvérsia. Mas muito dessa controvérsia foi ditada pelo preconceito de que a GNR era uma Força afeta ao Regime, a sua Guarda Pretoriana e, por isso, defendê-lo-ia com todas as suas capacidades.

Na Fita-do-Tempo oficial, publicada pela Associação 25 de Abril, a entrada em cena da GNR deu-se às 03:45 horas, quando o General Comandante da GNR, Adriano Augusto Pires, contactou o Batalhão nº 4 da GNR, sedeado no Porto, ordenando-lhe a entrada em situação de Prevenção Rigorosa e para que, com forças da Policia de Segurança Pública e o apoio do Regimento de Cavalaria nº 6, do Porto, desalojassem as Forças do Movimento que ocupavam o Quartel-general do Porto.

A bibliografia existente não apoia, de forma alguma, esta visão. Tanto mais que, àquela hora, o Quartel-general do Porto ainda não havia sido tomado. O que se passou foi uma coisa muito diferente. Mas a verdade é que a grande fonte de informação credível sobre a atuação da GNR no 25 de Abril foi escrita vários anos depois por um oficial da própria GNR que investigou a ação da GNR naquela jornada heroica, o então Major Nuno Andrade. Essa investigação seria traduzida em livro, editado por Guerra e Paz Editores S.A. em 2008 sob o título “Para Além do Portão”. A história, afinal, é outra.

A 16 de Março de 1974, forças da GNR mal armadas em espingardas, mas bem armadas em coragem e determinação, estiveram na primeira linha de defesa da capital ante o avanço da coluna do Regimento de Infantaria das Caldas da Rainha. Na jornada de 25 de abril, não só saíam tarde para o cumprimento dos seus objetivos, ordenados pela tutela, como o faziam sem qualquer determinação. E espantosamente – ou não – militares da GNR colaboraram com Salgueiro Maia no movimento dos carros de combate no cerco ao quartel do Carmo.

O que se passou?

Cerca das 02:00 h da madrugada de 25 de Abril de 1974, as sentinelas da Penitenciária de Lisboa, que eram militares da GNR, apercebem-se de “movimentações suspeitas” no quartel do Batalhão de Caçadores 5, paredes meias com a própria penitenciária. Não consta em nenhuma fonte bibliográfica conhecida que “movimentações suspeitas” foram essas, mas naquela altura o BC5 iniciava “o mais discretamente possível” a sua entrada na Revolução. O mais provável é que os militares estivessem discretamente a abandonar as camaratas e se dirigissem para um ponto qualquer de reunião no interior dos edifícios do quartel. Mas esta discrição não passou despercebida aos militares da GNR, habituados e treinados em reconhecer padrões de comportamento suspeitos, não fossem eles guardas-prisionais.

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O sargento-comandante do Corpo da Guarda comunica o facto ao Oficial-do-dia do seu Batalhão (1º Batalhão de Infantaria), Tenente Bento Júnior e ao Comandante da sua Companhia (1ª Companhia), Capitão Santiago Carvalho.

O Tenente Bento Júnior informa o Oficial-do-Dia ao Comando Geral da GNR, Capitão Braga de Oliveira, que por sua vez informa o Chefe do Estado-maior da GNR, Coronel Ângelo Ferrari.

Ainda o Tenente Bento Júnior telefonou ao comandante do seu Batalhão, Coronel Costa Pinto, que lhe ordenou que lhe enviasse o seu motorista buscá-lo. Por sua vez, o Coronel Ângelo Ferrari ordenou ao Capitão Braga de Oliveira que comunicasse o facto ao Segundo-comandante geral da GNR, Brigadeiro Tavares de Figueiredo e a todas as Unidade da Guarda, que entrariam de imediato em Prevenção Rigorosa. Ordenou ainda o contacto com a PSP e a DGS a pedir informações, tendo estas entidades afirmado desconhecerem qualquer movimentação militar. O Coronel Ângelo Ferrari informa o Comandante-geral da GNR, General Adriano Augusto Pires, das suspeitas movimentações militares em Lisboa.

Assim, desde muito cedo se encontram no Quartel do Carmo da GNR o General Comandante-geral, o Segundo-comandante, o Chefe do Estado-maior e os vários comandantes de Regimento e de Batalhão. É montada a segurança interna ao Quartel por forças da 1ª Companhia do 1º Batalhão. As ordens genéricas foram de que não se faria fogo ofensivo ou provocatório de dentro para fora do quartel, mesmo em resposta a fogo vindo do exterior. As únicas exceções seriam as ordens diretas do general-comandante ou a entrada massiva de forças hostis no interior do quartel. Mas, ao contrário do previamente previsto para estas situações, não foi montada qualquer segurança externa.

Tinham-se passado trinta minutos e já todo o dispositivo da GNR estava sob alerta. Mas ninguém foi avisado pela GNR. Tudo se passou para lá dos portões…

Mas apesar deste aparato, a vida na instituição continuava a correr pacificamente. A atestá-lo está o telefonema intersetado pelo Movimento, entre a GNR e a PIDE-DGS cerca das 03:00 h, preparando a visita do Ministro de Defesa ao Alentejo…

Houve por todo o território Nacional ordens de intervenção por parte das forças da GNR, mas estas ordens ou não eram cumpridas ou eram-no apenas de forma simbólica.

Verdadeira bomba foi a anúncio de que

(...)

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José Campos Garcia

 

 

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