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Edição de 31-10-2024
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    Arquivo: Edição de 31-01-2024

    SECÇÃO: História


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    FACTOS DA NOSSA HISTÓRIA (13)

    Os jornais que se publicaram no concelho de Valongo no período da Primeira República

    Os republicanos achavam que a sua mensagem de renovação das mentalidades e a nova forma de fazer política precisavam de chegar ao povo. Muitas terras tiveram no período da Primeira República o seu jornal, ou os seus jornais, por vezes de sentidos políticos contrários. Em Ermesinde e Valongo, neste período, há registo da existência de dois jornais, um claramente de ideologia republicana, outro ligado à Igreja. Em Ermesinde surgiu, em 1912, o semanário “Maia-Vallonguense”, enquanto que em Valongo, se publicou, de 1913 a 1915, “O Vallonguense” de periodicidade quinzenal.

    No tempo pós-revolucionário da implantação da República, quando ainda se sentiam bem os efeitos revolucionários nas mentalidades, e a República procurava chegar a todo o país, pela via da propaganda, dos comícios, das grandes manifestações e até do jornalismo doutrinário, surgiu o “Maia-Vallonguense” que se apresentou como um jornal noticioso e independente, mas claramente republicano, procurando chegar aos leitores dos dois concelhos (Maia e Valongo), que lhe serviam de título.

    O seu primeiro número surgiu no dia 14 de janeiro de 1912, fez agora 112 anos, e tinha como Diretor, António Guerreiro, e Editor, Domingos Amorim. O preço de capa era 40 réis, mais tarde, reduzido para metade. A Redação e Administração funcionava na Quinta da Formiga, onde estava instalado o Internato da Escola Guerreiro. A partir do n.º 3 (28-1-1912) a Redação e Administração passou a ser na Rua de Cedofeita, no Porto, onde funcionava o Externato da mesma Escola Guerreiro.

    Publicaram-se apenas 5 números, o último dos quais no dia 18 de fevereiro de 1912. As suas características e objetivos ressaltam, de forma mais ou menos evidente, logo no primeiro Editorial, quando se escreve: «Jornal, semanario independente, dizemos nós, e não poderá gosar de tal predicado, se se não deixar guiar pelo dedo da Justiça na apreciação dos factos, se não for livre em tal apreciação.

    Republicano dentro da Republica, defendel-a-ha em todos os transes, mas será livre na critica aos actos do governo, quando os homens que estiverem á sua frente se não deixem orientar pelo recto caminho do dever que conduz á prosperidade da patria.

    Como independente não se filia em nenhum partido político, porque a sua politica é o bem estar do povo.

    Em materia religiosa defenderá a liberdade de todo o cidadão (...)».

    A REDAÇÃO DO JORNAL "MAIA-VALLONGUENSE" FUNCIONOU NA FORMIGA, ONDE ESTAVA INSTALADO O INTERNATO DA ESCOLA GUERREIRO
    A REDAÇÃO DO JORNAL "MAIA-VALLONGUENSE" FUNCIONOU NA FORMIGA, ONDE ESTAVA INSTALADO O INTERNATO DA ESCOLA GUERREIRO
    Neste curto excerto dá para perceber que se trata de um jornal de cariz verdadeiramente republicano, no sentido doutrinário do termo, que defende o regime da República, sem se integrar em qualquer formação partidária da República. Por isso, defende a liberdade de pensamento, a prosperidade da Pátria, a separação da Igreja do Estado.

    Alguns jornais daquele tempo, nomeadamente, “Notícias de Caminha”, “A Vida Nova”, de Lousada, e o “Correio do Ave” noticiaram nas suas páginas, com palavras elogiosas, o aparecimento do jornal republicano de Ermesinde.

    O seu conteúdo é marcadamente doutrinário e político, dando especial relevo às notícias com estas características, embora também existam artigos de opinião, notícias de Ermesinde, e se dê algum relevo ao problema da instrução, ou não surgisse este jornal num estabelecimento escolar.

    A este propósito, logo no seu segundo número, datado de 21 de janeiro de 1912, se anuncia uma nova Revista – a “Educação Nova”.

    Ao contrário do “Maia-Vallonguense”, o jornal “Vallonguense” cujo 1.º número aparece oito dias antes da festa de S. Mamede, em Valongo (era a maior romaria daquele tempo que tinha lugar na vila de Valongo no dia 17 de agosto de cada ano, pois S. Mamede era, e ainda é, o orago da sede do concelho), esta publicação é de cariz religioso, como se pode ver pelo seu subtítulo: “Boletim Parochial da Villa de Vallongo e freguesias circunvizinhas” e pelos seus responsáveis.

    O seu conteúdo, que não conseguimos verificar, há de ser de informação religiosa e, se alguma vez se aventurou em artigos de conteúdo político seriam certamente de contestação à República que muito maltratou a Igreja, ainda de forma mais acutilante nos primeiros anos do novo regime.

    O Diretor e Editor foi o Padre José dos Reis Paupério; enquanto que o Administrador e Proprietário foi o Padre Manuel Joaquim Tavares.

    O seu primeiro número saiu no dia 10 de agosto de 1913. O n.º 4 acrescentava o seguinte subtítulo: «Quinzenário defensor dos interesses de Valongo». De acordo com a informação disponível na

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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