VAMOS FALAR DE ASSOCIATIVISMO (67)
A Coletividade como exemplo de participação democrática!
A propósito de notícias recentemente divulgadas pela comunicação social, sobre as preocupações quanto ao “declínio da democracia”, surgiu-nos a ideia de fazer uma abordagem acerca do que sempre foi defendido no movimento associativo.
A notícia que nos foi apresentada, sobre o “Declínio da democracia”, refere que “Portugal cai 13 posições no Ranking. Mais de metade dos países do mundo está em declínio democrático”, tirando como conclusão que “Portugal é uma democracia consolidada. Mas nós temos alguma debilidade ao nível da representação e da participação política”.
Ora as preocupações do estudo apresentado, autolimitam-se, sobretudo porque ficam por coisas relacionadas com “eleições e abstenção, o funcionamento dos parlamentos e a ação dos tribunais” (relatório “O Estado Global da Democracia 2023”).
Facto este que, limitando tal abordagem ao poder de representação política, só por si é reflexo das limitações que, de certa forma, segregam tudo o mais que se movimenta na sociedade. Eliminando, assim, todo o quadro de atividade e funcionamento democrático, que com altos e baixos quanto à realidade das suas atividades no panorama da participação cívica, não deixa de acontecer.
Existem outros parâmetros na sociedade possíveis de evidenciar existências de envolvimentos democráticos, independentemente da necessária leitura em permanência acerca das suas próprias dificuldades e debilidades do exercício democrático.
Utilizamos para tal, e como exemplo factual, a conta satélite da Economia Social (ES) atualizada recentemente com dados referentes a 2019/20, onde fica salientada a existência de cerca de 73 mil entidades da ES, sendo que, quase metade (44%), se enquadram na nossa área associativa, da cultura, desporto e recreio. Nestas 73 mil entidades, estão representados cerca de 4 milhões de pessoas, enquanto associados e centenas de milhares de associados, enquanto dirigentes.
E é claro que a democracia também passa por aqui.
Se nos reportarmos aos últimos 100 anos, e tendo como ponto de partida a existência de organização associativa projetada pela Confederação Portuguesa das Coletividades (CPCCRD), que assume a responsabilidade de representação do Movimento Associativo Popular, significa que ao longo do seu trajeto, envolveram-se nas suas atividades milhões de dirigentes, de pessoas, de grupos, utilizadores de autênticos espaços comunitários.
Responsabilizados pelos seus associados, trabalharam a realização de iniciativas e de relacionamentos diversos, sempre em processo evolutivo, adaptaram-se aos tempos. É exemplo disso, o envolvimento progressivo das mulheres nas coletividades, mais tarde nos seus órgãos dirigentes. Hoje, as coletividades têm à sua responsabilidade a presidência de centenas das suas Direções.
Todos fomos aprendendo a arte de gerir, no desporto, na cultura, nas atividades recreativas, assimilando com isso enormes processos evolutivos culturais e populares, através de tais envolvimentos.
Com erros, influências negativas, desmotivações a reboque da ideia do “não vale a pena chatear-me”, ou “andar a trabalhar para os outros”, com preconceitos dos mais variados, desde as chamadas más influências, de avaliações abusivas de carácter, ou por razões ideológicas. Situações muito menores e até antidemocráticas, e mesmo de desrespeito, perante a importância do enormíssimo trabalho realizado por todos ao longo dos tempos.
Fazendo-o sempre voluntariamente, ganhando o respeito dos seus pares e das suas comunidades. Cometendo muitos erros e aprendendo, quais autodidatas da arte de aprender, dirigindo, ainda que com um ou outro erro.
UM PEQUENO CONTRIBUTO DEMOCRÁTICO
Claro que, na consideração de que nunca tudo funcionará como o desejável, existem razões e conhecimentos tais, que possibilitam continuar na senda do engrandecimento da nossa democracia associativa.
Sendo as associações populares autênticas escolas de democracia, obrigam-nos, ou devem obrigar-nos a um permanente questionamento do funcionamento de cada uma:
- Incentivando à maior responsabilização dos seus dirigentes, para a procura de aplicação de medidas e de conhecimentos formativos, para o trabalho geral a defender com todos, e a ser aplicado na execução dos objetivos que estão na base da criação da própria associação;
- Na dinamização comunicacional da associação, permitindo uma ligação mais eficaz entre os vários poderes existentes, caso dos seus órgãos sociais com os seus associados e ainda com os praticantes das várias atividades, que muitas das vezes pensam estar perante proprietários do clube e não com dirigentes voluntários benévolos e solidários, que trabalham gratuitamente;
- Transmitindo entre todos atitudes claras de transparência nas decisões de interesse geral, em todas as ações a desenvolver, de forma a que não se deixem dúvidas quanto aos propósitos dos seus projetos para os anos em vista;
- Atender a medidas e avisos que vão acontecendo, para apoios
(...)
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Adelino Soares*
* CPCCRD
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