ACONTECEU N'' A VOZ DE ERMESINDE (20)
Escola Técnica de Ermesinde (III)
Terminámos a passada edição dando notícia da criação da Escola Técnica de Ermesinde, na sua secção feminina. O anúncio n’A Voz de Ermesinde surge assinado pelo Padre Francisco Babo que nos indica que esta viria a funcionar no Instituto do Bom Pastor, escrevendo-se parcas linhas na edição de junho de 1965, com a promessa de aprofundar o tema na publicação do mês seguinte.
A edição de julho de 1965 vai incluir desde logo a criação da Escola Técnica na sua capa, um tema que como vínhamos a acompanhar trazia grande inquietação dado o grande número de crianças na vila de Ermesinde e arredores que a poderiam vir a frequentar. Neste número, em artigo não assinado, a redação da AVE diz-nos que, de forma a responder a todas as questões que vinham a ser colocadas sobre as matrículas para esta nova escola, decidiram entrar em contacto com a Madre Provincial, identificada como a Irmã Maria do Divino Redentor.
A primeira questão desta entrevista foi quando tinha surgido a ideia de criar o ensino técnico dentro do Instituto do Bom Pastor. A resposta foi longa mencionando-se que já há muito tempo que se pensava nesta hipótese, uma vez que as raparigas que viviam neste Instituto já prosseguiam os seus estudos, mas com um método diferente. A Irmã mencionou ainda que no ano transato quatro raparigas do Instituto tinham prosseguido o ensino técnico dentro de portas, tendo sido apenas propostas a exame para a obtenção de diploma, sendo que as quatro passaram desde logo na primeira fase e três delas haviam dispensado o exame oral. A primeira questão foi ainda usada como esclarecimento de que se o Instituto se encontrava preparado para aprovar quatro alunas sem ensino oficial, também poderia formar mais umas quantas sendo “útil a muita gente” (AVE, 1965b, 5).
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A segunda pergunta desta entrevista é possivelmente aquela que se revela mais curiosa, uma vez que ao longo do tempo temos vindo a mencionar o papel que a AVE viria a tomar nas suas publicações periódicas e da importância que poderia ter como um meio de comunicação de época, esta é: “Há muito que o nosso jornal se debate por este problema, indo ao ponto de percorrer quase todas as escolas do Porto, da especialidade para colher de entre os matriculados, o número dos alunos que beneficiariam duma escola em Ermesinde. Esses dados foram publicados num nosso Jornal. Podia-nos informar se este nosso trabalho teve influência na criação do ensino que vão iniciar?” (Idem). Ao que a Irmã responde que o conhecimento desses dados por parte do Ministério da Educação Nacional talvez pudesse ter facilitado a criação deste nível de ensino, uma vez que não tiveram qualquer potencial entrave desde o momento em que se tinham candidatado.
A entrevista prosseguirá com a afirmação de que esta seria uma escola a funcionar com a modalidade de ensino particular, possivelmente com Professores habilitados para o exercício destas funções, ao invés de religiosos. Esclarece-se ainda que a mensalidade será de cento e vinte escudos e que se pensava apenas lecionar as aulas da parte da manhã e que se houvesse necessidade de ter aulas da parte da tarde, se pensava em criar uma cantina para o efeito de servir as alunas e para que estas não tivessem de se deslocar até às suas casas, de forma a dar uma resposta mais imediata aos seus pais e necessidades.
A AVE salienta no final da entrevista a disponibilidade e agradece pela entrevista, mas salienta que apesar desta medida, que deveria ser aplaudida, não resolvia os problemas da Vila. Os pontos salientados são de que nos encontramos perante uma escola feminina e de ensino particular, o que não viria a dar resposta aos problemas no seio da comunidade ermesindense e que não descansariam enquanto o problema não estivesse resolvido na sua globalidade.
É já no mês seguinte, em agosto de 1965, num artigo assinado pelo Padre Francisco Babo, a propósito de Um pouco de história sobre o Instituto do Bom Pastor de Ermesinde, que este menciona que o Instituto se comprometeu com o Ministério a edificar um local próprio e adequado às leis do ensino para a criação da escola, que nos dois primeiros anos funcionará em local preexistente com as adaptações necessárias e mais urgentes, mas apenas para meninas, para as quais já se encontravam abertas as inscrições. É neste artigo que o padre de Ermesinde assegura que a criação de uma escola técnica masculina já se encontrava nos planos, uma vez que considerava que o Governo se encontrava ciente da sua necessidade em Valongo e de que o Orçamento talvez se pudesse mover neste sentido, desde que todos nós não nos esquecêssemos das necessidades também trazidas pelo Ultramar (AVE, 1965c, 5). Mencionaria ainda que poderia não ser estranho se encontrássemos a criação deste nível de ensino em Rio Tinto, uma vez que o progresso técnico e literário se fazia sentir nas duas localidades.
Tal como prometido pela redação da AVE, o tema da escola técnica não seria dado como encerrado e é ainda dentro da publicação de agosto, num artigo não assinado, dedicado à rúbrica de Progresso e Inovação que o tema volta a ser invocado. Sobre o subtítulo “O Ensino em Ermesinde” é-nos mencionado que a Vila de Ermesinde possui centenas de estudantes e que faz falta a criação de uma Escola Técnica e de um Liceu com regime oficial. Uma vez que nesse ano, e tal como noticiámos na edição passada, se encontravam previstas a criação de novas creches e escolas primárias, ficaria a faltar um lugar para que estas
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Por:
Mariana Filipa Lemos
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