A Concessão - Privatização das Águas de Valongo a quem serve?
Be Water-Águas de Valongo, empresa “concessionária” do abastecimento de água e da rede de saneamento de Valongo, apresentou ao Município, que a aprovou, uma proposta de aumento dos preços para 2023 que, entre água, saneamento e taxa de resíduos urbanos, representa 13,5% a mais na fatura a pagar pelos consumidores. Este aumento está em vigor desde Janeiro e a sua aprovação pela Câmara de Valongo deu origem à habitual troca de galhardetes e de acusações politicamente correctas sobre questões menores, entre a actual gestão PS e a “oposição” PSD.
Todas as coisas têm um passado. As acções humanas não fogem à regra. Recorde-se , então, que foi o PSD o autor, em 2001, da ruinosa concessão - privatização dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Valongo, depois de avultados investimentos públicos na renovação da rede de águas e saneamento. O contracto foi estabelecido em 2001 por 30 anos e prorrogado depois para 36, sem pagamento de qualquer contrapartida à Câmara pela concessionária “Águas de Valongo”.
É sabido como todas estas “concessões”, “PPP” e contratos leoninos do género, não representam qualquer risco para as empresas privadas, mas antes são fonte segura de chorudos lucros, pois o erário público fica sempre obrigado a cobrir tudo o que possa correr mal. É que estes negócios com a coisa pública parecem muito complicados, mas são simples: trata-se do dinheiro dos outros (os trabalhadores), que cá estão sempre para pagar tudo e o resto.
O PS acusa agora o PSD do “pecado original” da privatização da água, em que, na altura, se absteve. O PSD mostra-se “preocupado” com este aumento, com os “mais frágeis economicamente” (nome pós-moderno para os que vivem mal). Quem diria… No entanto, nenhum deles pôs nem põe em causa os lucros da multinacional Be Water, que saem do país, empobrecendo-o e não entram nos cofres do Município, privando-o de verbas que poderiam ser utilizadas para melhorar o bem-estar das populações. Como não querem ouvir falar do resgate da concessão (custaria 50 milhões de euros, dizem. Eles lá sabem dos contractos que assinaram…). E nem uma palavra sobre os enormes prejuízos que a privatização da Água trouxe e trará ainda, ao Município e às populações do concelho. Entretanto, um e outro, apresentam como solução de recurso para ir empaliando, a atribuição das habituais “ajudas” e “apoios” aos “mais carenciados”. Nada de novo.
O aumento da fatura da água, quase no triplo do de 2022, poderia ser evitado ou moderado, se os serviços de água e saneamento tivessem continuado nas mãos da Câmara. Na actual situação de aumentos brutais de preços e de especulação, seria menos uma “facada” no já de si encolhido orçamento de muitas famílias.
E o futuro? Tendo em conta a prática de PS e PSD que, entre empresas, serviços essenciais e riquezas naturais estratégicas, tudo têm privatizado, é muito pouco provável que pensem em trazer de volta à gestão pública e ao serviço do Povo, o Bem essencial, fonte de toda a Vida, que é a Água. Claro que, a seu tempo, também o Povo pode vir a ter algo a dizer, se calhar determinante, sobre o assunto.
Pel´CDU Valongo.
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