600 MIL PORTUGUESES SÃO INCONTINENTES. A GRANDE MAIORIA SOFRE EM SILÊNCIO
Semana da Incontinência Urinária assinala-se de 01 a 07 de abril
A Associação Portuguesa de Urologia (APU) e a Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia (APNUG) alertam: a procura de ajuda é fundamental para a resolução de um problema que, apesar de ainda ser um tabu, tem uma taxa de cura de quase 90%.
Em todo o mundo, há mais de 60 milhões de pessoas a sofrer de incontinência urinária. Só em Portugal são estimadas 600 mil e a curva de envelhecimento da população não deixa margem de dúvidas: este número vai continuar a crescer.
Segundo um estudo epidemiológico da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, a incontinência urinária afeta 20% da população com mais de 40 anos. Ou seja, um em cada cinco portugueses acima dos 40 anos sofre desse problema.
As mulheres são quem mais sofre: entre os 45 e os 65 anos, a proporção de casos de incontinência urinária é de três mulheres para cada homem.
Caracterizada por perdas de urina involuntárias, que podem variar entre o muito ligeiras e ocasionais, e perdas mais graves e regulares, a incontinência urinária é, para muitos, encarada como um tabu, e acaba por condicionar o doente nas várias vertentes do seu quotidiano. Da vida pessoal à familiar, passando pela social, e mesmo pela laboral, todas saem afetadas.
Em casos extremos, a incontinência urinária pode levar ao isolamento de quem dela sofre. A fuga ao contacto social torna-se um escape, principalmente por causa do medo e da vergonha inerentes a uma preocupação principal: que os outros percebam.
«A incontinência urinária reduz drasticamente a qualidade de vida de quem dela sofre», explica Luís Abranches Monteiro, presidente da Associação Portuguesa de Neuro-Urologia e Uro-Ginecologia. Para o especialista, «mesmo as mais pequenas perdas de urina têm implicações graves no quotidiano, e podem, inclusivamente, afetar a relação conjugal».
Procurar ajuda é fundamental
Foram vários os avanços científicos nesta área nos últimos anos, pelo que atualmente existem armas terapêuticas capazes de curar ou controlar a maior parte das situações. Algumas formas de incontinência urinária são, inclusivamente, tratadas com medicamentos ou técnicas de reabilitação, e a maioria das cirurgias quase não implicam internamento.
Para quem não tem, ainda, o seu problema resolvido, são muitos os materiais de apoio ao alcance do incontinente. Das fraldas para adultos a pensos de várias dimensões, passando por roupa interior especialmente desenhada para o efeito, há várias soluções disponíveis.
Sobre a incontinência urinária
Há vários os tipos de incontinência. Entre as mais comuns, encontramos a incontinência de esforço, a incontinência por imperiosidade ou a mista.
A incontinência de esforço refere-se a pequenas perdas de urina que acontecem quando o indivíduo se ri, tosse, espirra, faz exercício, se curva ou pega em algo pesado. Ocorre quando os músculos estão enfraquecidos e existe uma pressão exercida sobre a bexiga. Mais prevalente em mulheres entre os 45 e 65 anos, a incontinência de esforço decorre da fragilidade dos músculos pélvicos que suportam a bexiga e a uretra. No caso dos homens, este problema pode derivar de uma prostatectomia radical (utilizado para tratamento do cancro da próstata). Como a próstata se encontra numa situação anatómica crítica, entre a bexiga e o esfíncter, a cirurgia pode danificar o esfíncter, provocando uma situação de incontinência de esforço.
A incontinência por urgência, ou imperiosidade, ocorre repentinamente, acompanhada de uma vontade súbita e intensa de ir à casa de banho. A bexiga apresenta súbitas contrações, causando urgência em urinar. Este tipo de incontinência pode estar relacionado com o envelhecimento e o avanço da idade, mas também surge em idades mais jovens, associado a doenças neurológicas. Muitas vezes, não apresenta causas identificáveis.
Como o próprio nome indica, a incontinência mista refere-se a uma combinação. Bastante comum, junta a incontinência de esforço com a incontinência de urgência.
Há ainda os casos de incontinência por extravasamento, em que as perdas de urina acontecem, sem que se consiga chegar a tempo à casa de banho. Ocorre quando a bexiga suporta grandes volumes de urina e a pressão do líquido é tão grande que não se conseguem controlar as perdas.
Entre as incontinências mais comuns, encontramos ainda a incontinência funcional – causada por incapacidade do doente, em casos de demência ou lesão neurológica grave, como por exemplo Alzheimer ou Parkinson – e a incontinência noturna, caraterizada por perdas de urina durante o sono. É frequente em crianças, mas também pode ocorrer em idade adulta.
|