Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 15-06-2011

    SECÇÃO: Desporto


    ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA DIREÇÃO DO CPN, PAULO SOUSA

    Salvação passa por entrega do complexo desportivo à exploração

    Estão longe de poderem ser considerados satisfatórios os primeiros seis meses de gestão da Direção liderada por Paulo Sousa à frente dos destinos do CPN.

    O clube continua a braços com graves problemas económicos que atentam contra a sua própria sobrevivência, e o mais recente capítulo do drama que tem sido vivido pela família cepeenista foi o encerramento das piscinas por falta de verba para liquidar a dívida à EDP Gás.

    Em tempos de crise económica mundial encontrar apoios – monetários – de particulares tem sido uma missão praticamente impossível, e os caminhos para levar o clube a porto seguro por meios próprios são cada vez mais escassos.

    A solução passa por entregar a exploração de todo o complexo desportivo cepeenista a uma empresa de gestão deste tipo de infraestruturas. Um grupo de profissionais experientes que irá trazer uma nova vida ao clube, dinamizando e rentabilizando todo o complexo. «Foi o único caminho que a Direção encontrou para salvar o clube», diz Paulo Sousa, sendo que agora estará nas mãos dos associados do CPN aprovar, ou não, o tal caminho da salvação.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    O ânimo e a energia patenteados em dezembro passado aquando da tomada de posse esmoreceu. Hoje o seu semblante é um pouco mais carregado, mas nem por isso perdeu a esperança e a determinação em colocar o CPN a salvo da frágil situação em que se encontra. Esta é, por estes dias, a imagem de Paulo Sousa, um homem que começou por recordar o início fulgurante da entrada em cena da Direção por si comandada, «onde a expetativa era grande, até porque na altura sentimos o apoio de várias empresas por nós contactadas no sentido de nos ajudar financeiramente. E o que é certo é que com esses apoios conseguimos resolver vários problemas que o clube tinha, pelo que a expetativa era de que continuássemos nesse caminho». Relembra que uma das grandes dívidas da altura, à EDP Gás, foi ultrapassada graças a essas ajudas exteriores, mas também a acordos que foram então realizados para a renegociação do pagamento dessa mesma dívida. Aliás, uma situação semelhante às outras dívidas com as quais o clube se deparava na altura. «A dívida à EDP Gás era de cerca de 18 000 euros, e nós quando tomámos posse como Direção tínhamos um plano para conseguir pagar esse valor em prestações, plano que foi cumprido na íntegra, pois no dia 31 de dezembro fui ao banco depositar a última tranche desse acordo. Nesse dia tínhamos as contas com a EDP Gás regularizadas».

    Contudo, um inverno rigoroso veio pôr cobro a esta onda de satisfação de dever cumprido, já que nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro as faturas mensais de consumo de gás na piscina passaram de aproximadamente 5 000 para 8 000 euros. O alarme de alerta voltou a soar! O CPN voltava a deparar--se com contas demasiado elevadas para as suas débeis finanças. «Mantivemos a piscina aberta na expetativa de que as pessoas a pudessem procurar e que dessa forma houvesse um crescimento no número de utentes e como consequência pudesse entrar mais dinheiro nos cofres do clube, algo que não viria a acontecer.

    Na altura a piscina tinha cerca de 200 utentes, o que representava uma receita de cerca de 5 000 euros mensais, e a “levarmos” com faturas de 8 000 euros, e só falando na conta do gás, a situação da piscina acabou por se tornar insustentável», recorda Paulo Sousa. Equacionou-se então o encerramento temporário da piscina e reformular o pensamento de como a situação poderia ser contornada. Tentaram-se novas negociações com a EDP Gás, no sentido de, à semelhança de um passado recente, a dívida poder ser renegociada. Dívida essa que ascendia agora aos cerca de 24 000 euros. Números que com alguma ginástica financeira e uma parca mas deveras importante ajuda externa de algumas empresas, foram emagrecendo, mas mesmo assim muito longe de serem facilmente ultrapassados. A entidade energética impôs então as suas condições, as quais passavam pelo pagamento de prestações semanais de 3 000 euros até ao final do mês de março, isto quando o mês de fevereiro se aproximava do fim. Uma proposta no entanto impossível para as finanças do CPN, recorda o presidente da Direção: «A EDP Gás encostou-nos à parede e disse-nos que a dívida tinha de estar paga até 31 de março, impondo-nos, praticamente, a opção de pagarmos semanalmente uma verba de 3 000 euros até ao prazo por eles imposto, sendo que a primeira dessas prestações deveria ser paga na última semana de fevereiro. Na altura a dívida era de 16 000 euros. Era impossível cumprir com esse hipotético acordo, porque as entradas de dinheiro no clube são realizadas no início de cada mês.

    Eles compreenderam a situação, impondo então uma nova condição, ou seja, de que a primeira prestação fosse feita na primeira semana de março, prestação essa que no entanto teria de ser já de 6 000 euros!

    Mesmo assim era impossível, não tínhamos esse dinheiro todo nessa semana. Na segunda semana de março o gás foi cortado e não tivemos outra alternativa senão fechar as piscinas».

    De lá para cá a Direção desdobrou-se em contactos para angariar apoios de maneira a pagar esta dívida e recolocar a piscina a funcionar, mas sem resultados positivos. O CPN estava cada vez mais moribundo. O complexo desportivo sem vida, despido de utentes, ou não fosse a piscina não só a principal fonte de receita do clube mas também a infraestrutura que diariamente traz mais dinâmica a casa cepeenista.

    A ÚNICA

    SOLUÇÃO PARA

    A SALVAÇÃO

    foto
    Depois de muitas equações a Direção chegaria à conclusão de que a única solução para salvar da morte lenta o CPN passaria por dar o complexo desportivo à exploração. A ideia já vinha fervilhando na cabeça de Paulo Sousa há algum tempo, antes do encerramento da piscina ser sequer equacionado. «Eu já havia mantido várias conversas com este grupo de pessoas. Eles têm uma grande experiência na gestão deste tipo de complexos, na rentabilização e dinamização dos mesmos, e como tal foi a única solução que encontrámos para sair desta situação», frisa o líder da Direção.

    A ideia será apresentada na próxima Assembleia Geral (AG) do clube, no dia 17. Caberá aos sócios decidirem se querem ou não a dita empresa – de que Paulo Sousa prefere para já não divulgar o nome, uma vez a proposta oficial será apresentada na referida AG – a explorar o enorme potencial que o complexo desportivo do CPN tem, segundo a convicção do seu presidente.

    Paulo Sousa, numa explicação mais profunda, sossega os associados cepeenistas de que o clube não irá acabar nem tão pouco ser vendido com a entrada desta empresa em ação. «Será como entregar um bar à exploração. Esta empresa vai apenas gerir o complexo desportivo, tudo o resto mantém-se como está, a Direção irá continuar a fazer o seu trabalho de tentar resolver os problemas do clube. Trata-se de uma empresa com pessoas qualificadas, com vasta experiência neste tipo de gestão, pessoas que vão saber pegar nisto, vão criar uma dinâmica muito forte em todo o complexo, vão torná-lo rentável, vão criar mais oferta de serviços ao sócio do CPN. Nova dinâmica que irá trazer mais pessoas até aqui, e daqui por uns meses teremos 500 ou 600 utentes a nadar na nossa piscina. Por isso entendemos que entregar o complexo não é um risco, é a única solução que temos», sublinha Paulo Sousa, que afirma querer explicar tudo isto aos associados do clube na próxima AG de uma forma transparente.

    Claro que o CPN está ciente de que nos primeiros tempos não irá tirar grandes proveitos – financeiros – desta exploração, até porque a empresa “exploradora” irá fazer um grande investimento inicial no arranjo, digamos assim, das infraestruturas. A casa das máquinas da piscina, por exemplo, há muito tempo que vem dando problemas ao clube, uma vez que devido ao seu mau funcionamento tem sido um dos responsáveis pelas elevadas faturas de gás. O seu arranjo andará nas casa dos 20 mil euros, verba que seria já suportada pela dita empresa. «Já conversámos com eles e foi feito um levantamento de todas as necessidades para voltar a pôr o complexo a funcionar em pleno. Volto a dizer que eles vão trazer uma nova dinâmica a tudo isto, e muitos desses projetos de dinamização vêm desta Direção, eles vão aproveitá-los, como é o caso, por exemplo, de um eventual protocolo a celebrar com as escolas locais no sentido de trazer os alunos para as nossas piscinas. Eles vão igualmente manter os protocolos que o clube tem já assinados, como o que foi celebrado recentemente com a Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE) para a utilização das nossas piscinas por parte dos cidadãos seniores. No caso da EDP Gás, por exemplo, a empresa assumirá a dívida e acordará com a entidade o pagamento da mesma, até porque daqui em diante todos os contratos serão feitos em nome desta empresa. Eles assumirão os custos e as receitas da exploração de todo o complexo, e volto a dizer que inicialmente o CPN não terá grandes rendimentos dessa nova dinâmica», explica o nosso interlocutor.

    No cair do pano desta conversa Paulo Sousa deixou uma mensagem de esperança aos associados, dizendo que é possível com a ajuda e o trabalho de todos o CPN dar a volta por cima a esta penosa situação. A Direção vai continuar a «espernear para encontrar soluções que solucionem o passivo do clube, e aliás quero dizer que mesmo com a piscina fechada temos vindo a resolver alguns problemas, graças à ajuda de algumas empresas/pessoas. A dívida à EDP está a ser paga. Ainda esta semana pus a conta da água em dia, e o acordo do pagamento da dívida à Segurança Social está para sair. Aproveito para agradecer o empenho de todos os que nos têm ajudado, apoio que muitas vezes não é monetário mas de igual modo importante para nos ajudar a encontrar soluções. E nesse aspeto agradeço à Câmara de Valongo e à JFE. Quero ainda dizer aos sócios que mesmo com este cenário negro o clube está vivo, e que com a ajuda desta empresa muito em breve vão ter o CPN a funcionar em pleno», remata.

    Por: Miguel Barros

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].