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    Arquivo: Edição de 15-02-2010

    SECÇÃO: Tecnologias


    Porque é que o “código aberto” perde o ponto de vista do software livre? (1)

    Quando chamamos ao software «livre», referimo-nos a que respeita as liberdades essenciais do utilizador: a liberdade de utilizá-lo, executá-lo, mudá-lo e estudá-lo, e [a liberdade] de distribuir cópias com ou sem modificações. Esta é uma questão de liberdade e não de preço, por isso pense-se em «liberdade de expressão» e não em «gratuitidade». [1]

    Estas liberdades são de vital importância. São essenciais, não somente para o bem do utilizador individual, porque promovem a solidariedade social: compartilhar e cooperar. Estas liberdades tornam-se ainda mais importantes quando a nossa cultura e actividades da vida diária se tornam cada vez mais digitais. Num mundo de sons, imagens e palavras digitais, o software livre acaba por representar a liberdade em geral.

    Foto HTTP://WWW.MILENIUMINFORMATICA.COM.BR
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    Dezenas de milhões de pessoas ao redor do mundo utilizam agora software livre; as escolas de regiões da Índia e de Espanha ensinam a todos os estudantes como utilizar o sistema operativo livre GNU/Linux. A maioria destes utilizadores nunca escutaram as razões éticas pelas quais desenvolvemos este sistema e construímos a comunidade de software livre, porque este sistema e esta comunidade são descritos como «de código aberto», e atribuídos a uma filosofia diferente, na qual estas liberdades são raramente mencionadas.

    O movimento de software livre faz campanha pela liberdade dos utilizadores de computador desde 1983. Em 1984 iniciámos o desenvolvimento do sistema operativo livre GNU, para poder evitar os sistemas operativos que não são livres e negam a liberdade aos seus utilizadores. Durante os anos 80 criámos a maior parte dos componentes essenciais do dito sistema, e desenhamos a Licença Pública Geral de GNU (GPL de GNU, pela sua sigla em Inglês) para distribuir estes componentes sob esta licença, desenhada especificamente para proteger a liberdade de todos os utilizadores de um programa.

    Naturalmente, nem todos os utilizadores e programadores de software livre estavam de acordo com as metas do movimento do software livre. Em 1998, uma parte da comunidade de software livre bifurcou-se e começou a fazer campanha em nome do «código aberto» («Open Source» em Inglês). O termo propôs-se originalmente para evitar um possível mal-entendido com o termo «software livre», mas de imediato se associou com visões filosóficas diferentes das do movimento do software livre.

    Alguns dos defensores do «código aberto» consideraram-no uma «campanha de marketing para o software livre»; a qual atrairia os executivos de empresas ao citar os benefícios práticos, enquanto evitava as ideias de correcto e incorrecto que quiçá não desejassem ouvir. Outros defensores rechaçavam frontalmente os valores éticos e sociais do software livre. Quaisquer que tenham sido as suas perspectivas, quando faziam campanha pelo «código aberto» não citavam ou advogavam esses valores. O termo «código aberto» foi rapidamente associado com o costume de citar somente os valores práticos, como fazer software potente e confiável. La maioria de simpatizantes do «código aberto» chegaram ao movimento depois e associaram-no do mesmo modo.

    Quase todo o software de código aberto é software livre. Os dois conceitos descrevem quase a mesma categoria de software, mas representam pontos de vista baseados em valores fundamentalmente diferentes. El código aberto é una metodologia de programação, o software livre é um movimento social. Para o movimento do software livre, o software livre é um imperativo ético porque somente o software livre respeita a liberdade do utilizador. Em contrapartida, a filosofia do código aberto considera os assuntos debaixo dos termos de como fazer «melhor» o software, num sentido prático somente. Defende que o software que não é livre não é uma solução óptima. Para o movimento do software livre, sem dúvida que o software que não é livre é um problema social, e a solução é parar de usá-lo e migrar para o software livre.

    «Software livre». «Código aberto». Se é o mesmo software, importa acaso que nome se utiliza?. Sim, porque as diferentes palavras expressam ideias diferentes. Enquanto um programa livre, com qualquer outro nome, ele dará a mesma liberdade; estabelecer a liberdade de uma maneira perdurável depende sobretudo de ensinar as pessoas a valorizar a liberdade. Se deseja ajudar a fazer isto, é essencial que fale de «software livre».

    Nós, no movimento do software livre, não vemos o âmbito do código aberto como o inimigo; o inimigo é o software proprietário, o que não é livre. Mas queremos que as pessoas saibam que defendemos a liberdade, e assim não aceitamos que nos identifiquem como partidários do código aberto.

    Más interpretações

    frequentes

    de «software livre»

    e «código aberto»

    O termo «software livre» tem um problema de interpretação, um significado não intencional. «Software que podes obter a custo zero» pode revestir tão bem o termo como o significado pretendido: «software que dá ao utilizador certas liberdades» [2]. Tratamos este problema ao publicar a definição de software livre e dizendo «pense em liberdade de expressão, não em gratuitidade». Esta não é uma solução perfeita, não elimina completamente o problema. Um termo correcto e inequívoco seria melhor, se não tivesse outros problemas.

    Desafortunadamente, todas as alternativas em Inglês têm os seus próprios problemas. Vimos muitas alternativas que as pessoas sugeriram, mas nenhuma é tão claramente «correcta» que mudar para ela fosse una boa ideia. Por exemplo, em certos contextos pode-se usar a palavra espanhola e francesa «libre», mas as pessoas da Índia não a reconhecerão de nenhum modo. Todos as substituições propostas para «software livre» tinham algum tipo de problema semântico, e isto inclui o «software de código aberto».

    Por: Richard Stallman

    [1] Em Inglês o termo “free” pode significar “livre” ou “gratuito”.

    [2] Em Inglês a expressão “free software” poderia interpretar-se como “software livre” ou “software gratuito”.

    Nota “A Voz de Ermesinde”: Texto traduzido por nós a partir da versão espanhola.

     

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