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Edição de 30-04-2024
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    Arquivo: Edição de 30-10-2009

    SECÇÃO: Local


    Rotary Club de Ermesinde homenageia a primeira mulher profissional de táxi

    O Rotary Club de Ermesinde, cumprindo mais uma vez, tal como tem vindo a acontecer nos últimos anos, a homenagem a um profissional, dedicou a noite do passada segunda-feira, dia 26 de Outubro, a Maria Emília de Sousa Faria, figura sobejamente conhecida na cidade de Ermesinde, e a quem anos a fio, os ermesindenses muitas vezes terão recorrido para os transportar no seu táxi ao destino pretendido.

    A homenageada foi a primeira mulher profissional de táxi e as circunstâncias de que se rodeou a entrada nesta actividade e o seu desempenho nela justificam amplamente a homenagem de que agora foi alvo.

    A cerimónia teve lugar com a realização de um jantar que decorreu, como habitualmente nas iniciativas rotárias, no restaurante Churrasqueira do Norte.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Cumpridas todas as formalidades do rico e complexo ritual rotário, Carlos José Faria, actual presidente em exercício, anunciou a principal razão de mais esta confraternização do Rotary Club de Ermesinde.

    A homenagem a um profissional tem sido uma das iniciativas do Rotary que mais interesse tem despertado na comunidade e, a daquela noite, mais uma vez levada a cabo, não deveria ser diferente, bem antes pelo contrário, pois não faltavam motivos para homenagear a personalidade agora escolhida para a distinção, a profissional de táxi Maria Emília de Sousa Faria.

    Para fazer a apresentação da ilustre homenageada usou da palavra o rotário Joaquim Moutinho, que, em intervenção breve mas muito bem documentada, traçou o perfil desta taxista e as circunstâncias difíceis em que abraçou a actividade e a desempenhou com elevado grau de dedicação e profissionalismo.

    De facto, Maria Emília de Sousa Faria, teve de demonstrar uma vontade férrea para desempenhar uma profissão que, até então, era domínio exclusivo dos homens.

    Para tornar possível o exercício legal da actividade de taxista, com 34 anos de idade, teve de frequentar um curso de educação de adultos, para obter a qualificação escolar mínima obrigatória ao desempenho da profissão, então a 4ª classe. E para o fazer viu-se obrigada a dividir o tempo dedicado a essa aprendizagem com o tempo dedicado à família – pois era mãe de três filhos – e a sua actividade efectiva de taxista.

    Foi no longínquo ano de 1964 que Emília Sousa Faria começou a exercer a actividade de chauffeur de táxi, sendo então a primeira mulher a fazê-lo em Portugal.

    A sua entrada na profissão levantou curiosos problemas, entre eles o da regulamentação da indumentária exigida para a condução de táxis, em vigor àquela data.

    De facto, como se partia do princípio que a profissão era exercida por homens, os regulamentos então em vigor estabelecidos pela Direcção Geral de Transportes Terrestres (DGTT) previam o uso de um fardamento constituído por camisa cinzenta, casaco azul e gravata preta, bem como o uso de boné de copa com pala rígida, o que – sabe-se através das palavras da própria homenageada em confidências sobre esses tempos heróicos –, apesar de completamente inadequado, precisava de ser acatado com o necessário cuidado e arte do desenrasca para que não pudesse ser penalizada pela fiscalização em caso de eventual incumprimento, mesmo parcial.

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    Posteriormente, a entrada de mulhres profissionais neste sector de actividade até aí exclusivo dos homens, levou a DGTT a alterar a regulamentação sobre o fardamento, prevendo, em despacho emitido em 1972, características específicas para a indumentária profissional das mulheres taxistas.

    A dedicação de Maria Emília de Sousa Faria à profissão viria a trazer-lhe posteriormente outro motivo de orgulho, já que o seu filho, José Monteiro, viria a ser um destacado dirigente da ANTRAL – Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros, associação que agrupa os empresários deste sector económico.

    Aliás, José Monteiro, que actualmente ocupa o cargo de vice-presidente da Direcção Nacional da ANTRAL, à qual também já presidiu, esteve presente na homenagem (sendo ele também um dos elementos do Rotary de Ermesinde), além dos outros taxistas da empresa, todos presentes.

    Hoje, e desde o ano de 1999, Maria Emília Sousa Faria encontra-se na situação de aposentada.

    No final, o Rotary Club de Ermesinde entregou uma placa comemorativa à ilustre homenageada.

    Por: LC

     

     

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