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    Arquivo: Edição de 15-11-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Lear de Valongo com o fim anunciado

    É caso para dizer que o inevitável acabou por acontecer. A administração da Lear Corporation anunciou publicamente na passada semana o fecho definitivo da sua unidade fabril de Valongo.

    Uma dura realidade que pairava no ar desde Maio passado, altura em que a multinacional norte-americana anunciou o despedimento de 285 funcionários com o intuito de adequar o seu quadro de pessoal às encomendas do seu único cliente, a Jaguar. Indefinido ficou, na altura, o futuro dos restantes cerca de 550 funcionários que permaneceram a laborar na empresa, sendo no entanto que eram mais as certezas em relação ao fecho definitivo da empresa do que as esperanças na sua continuidade no concelho.

    Certezas de encerramento estas que vieram agora a confirmar-se, estando o fim da Lear de Valongo aprazado para Abril de 2007. Entretanto, a administração da empresa já avisou que irá começar a dispensar os cerca de 550 trabalhadores já a partir do próximo mês.

    Foto ARQUIVO MANUEL VALDREZ
    Foto ARQUIVO MANUEL VALDREZ
    Apesar de há muito – infelizmente – ser esperada, esta notícia caiu quem nem uma bomba no seio da comunidade operária da Lear de Valongo. Confirmaram-se assim as (piores) previsões dos sindicatos, em especial do Sindicato Nacional da Indústrias e da Energia (SINDEL), e funcionários tecidas em Maio passado, altura em que foram despedidos 285 trabalhadores da fábrica de Valongo, tendo, na altura, a empresa de cablagens para automóveis justificado este acto como uma necessidade de adequar o seu quadro pessoal às encomendas do seu único cliente, a Jaguar, de modo a evitar o encerramento imediato da unidade. Por esta altura a Lear garantia assim a permanência da fábrica em Valongo, e assegurava a continuidade dos restantes 550 trabalhadores que lá haviam ficado.

    No entanto, esta continuidade era olhada como temporária pelos trabalhadores e respectivos sindicatos, pois no final deste ano os incentivos fiscais acordados pelo Estado à multinacional cessarão, pelo que este cenário era mais do que previsível. Perante este anúncio do fecho da unidade fabril de Valongo, a Agência Portuguesa para o Investimento acusou de imediato a multinacional de não estar a cumprir o contrato de investimento que esta celebrou com o Estado. A empresa já veio a público afirmar que o fim da produção será feito no final desse mesmo contrato celebrado com o Estado. A Lear anunciou igualmente o início dos despedimentos já para o próximo mês, sendo que o fecho definitivo da empresa está aprazado para Abril de 2007.

    Problemas económicos, mais precisamente na inviabilidade da continuidade do projecto em Valongo, serão, segundo a empresa, as razões para a sua saída definitiva da capital do nosso concelho.

    Certo, certo é que a produção da unidade fabril de Valongo irá ser transferida para a Polónia, onde a mão de obra é bem mais barata do que no nosso país, suspeita esta que também se levantou em Maio e que agora se confirma. Certa é também a dura realidade de aproximadamente 550 trabalhadores que irão assim integrar as fileiras do desemprego.

    Trabalhadores, e respectivos representantes sindicais, que neste momento continuam reunidos com a administração da empresa com vista às negociações dos acordos de rescisão. Tal como havia ocorrido em Maio, as negociações estão a ser longas e duras, por assim dizer, sendo que a Lear já disse que os valores de rescisão não serão superiores aos acordados em Maio com os funcionários que rescindiram contrato por mútuo acordo. Valor este que, relembre-se, correspondeu a uma indemnização de 1,85 salários por cada ano de trabalho. Um valor que, no entanto, não é do agrado dos "actuais" operários que estão às portas do desemprego. Segundo os dirigentes do SINDEL – um dos dois sindicatos envolvidos nestas negociações, juntamente com o STIEN (Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Eléctricas do Norte) – este valor é muito baixo, pois estes trabalhadores ficaram, ou vão ficar, até ao fim da existência da empresa em Valongo, aguentaram até ao fim, lembrando ainda que aquando o encerramento da unidade da Lear na Póvoa do Lanhoso, em 2005, os trabalhadores que se mantiveram até ao fecho dessa unidade fabril receberam uma indemnização de 2,0 de salários por cada ano de trabalho, sendo este o valor que os dirigentes sindicais apontam como mais justo para os funcionários da Lear de Valongo.

    Hipótese que paira igualmente no ar é a do despedimento colectivo, e mesmo que se venham a verificar situações de rescisão amigáveis esta hipótese é apontada como líquida, isto de forma a salvaguardar aos trabalhadores o direito ao subsídio de desemprego, pois a actual legislação impõe limitações às rescisões por mútuo acordo para efeitos da obtenção do subsídio de desemprego.

    À hora do fecho desta edição ainda não existiam novidades em relação a estas negociações, pelo que na próxima edição de “A Voz de Ermesinde” voltaremos a abordar o caso.

    Por: Miguel Barros

     

     

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