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    Arquivo: Edição de 15-06-2006

    SECÇÃO: Crónicas


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    Travessa dos Congregados

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Foi à entrada da Travessa dos Congregados e no restaurante Girassol (antigo) que comi as primeiras tripas à moda do Porto. O almoço, após entrega dos papéis de inscrição para aptidão à Faculdade de Ciências (Leões), deixou sabor! O fascínio de desfrutar o comer portuense começou e continua, como no passado sábado.

    Durante o tempo de estudante, havia visitas programadas aos petiscos das casas de pasto (ainda mantêm o nome!) da Travessa dos Congregados. Quando as conversas no café Estrela, ou durante as bilharadas do café Avis, davam até às tantas!, e o estômago remoía em seco, era um rodopio à adega de S. Romão, para comer iscas de bacalhau. Não se encontravam outras semelhantes: cubos de bacalhau alto envolvidos em massa frita. Quando se esgotavam, as iscas de fígado de cebolada ou o peixe frito de escabeche completavam o apetite!

    De tempos a tempos, não esquecendo a noitada de S. João, era regra ir ao local do “crime gástrico”, claro está, a Travessa dos Congregados.

    Há uns tempos em exploração dos restaurantes da Nova Baixa, desde os antigos aos recentes (Brasileira e outros), não ia às casas de pasto da conhecida Travessa. Mas, quando a Maria Fernanda vê as propostas de almoços na entrada da rua Sampaio Bruno, junto à rua do Bonjardim, logo pensei: “Ala que se faz tarde, vamos à adega de S. Romão!” Que pena!, estava fechada. (Espero que seja só aos sábados e domingos).

    Em solidariedade, também estava fechada a Travessa dos Congregados. Um painel, representando um prédio antigo, impedia a saída para a avenida dos Aliados. Como passou a beco, de volta, fomos “convidados” a entrar no restaurante Flor dos Congregados.

    Desde as famosas tripas (bucho com todos) até ao peixe grelhado, dado a verificar à Maria Fernanda, a guelra de sangue vivo, fomos, ainda, obsequiados com um pratinho de favas guisadas. No final do repasto apetecia dizer: Viva a Baixa do Porto.

    Ah!, não esqueço os estrangeiros da mesa ao lado (gente nova) que saboreavam os petiscos, conversando em várias línguas, por vezes, sobrepostas.

    No regresso a Paranhos, de estômago bem aconchegado, tive o ensejo de encontrar o André, e dizer: – A Baixa Portuense está a reviver! Os turistas já são muitos e a animação anima...

    Se a igreja dos Congregados do séc. XVII continua cheia de fiéis, é preciso que a Congregação de S. Filipe de Néri se empenhe na Praça Almeida Garrett e na “nova” Avenida da Ponte, a fim da Cidade Invicta proporcionar o bem estar aos utentes e visitas. E, lá virá o tempo de conhecer a zona mais alta da cidade do Porto (Monte dos Congregados), miradouro junto à Cooperativa dos Pedreiros e depósitos de água.

    Em 1973, após a sangria da emigração para França, fui a Roalde (S. Martinho de Anta). Não consegui chegar a tempo da homilia dominical, tornadas célebres pelo orador-sacro, Dr. António Maria Cardoso. Não só os roaldenses usufruíam da celebração e das belas palavras, como também as gentes de Vessadios, Fonteita e Sobrados. Mas, tudo muda, tudo evolui, a desertificação tinha começado; e, nesse domingo de Agosto, com os emigrantes e amigos de férias, a pequena-grande Capela encheu-se até às escaleiras do Firmino!

    O Zé Bernardino eufórico, de ver tanta gente na missa, disse: – Roalde, já parece Roalde!

    O mesmo tive de dizer ao João: – A Baixa já parece a Baixa!

    Por: Gil Monteiro

     

     

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