ENTRETANTO MTN VALONGO 2006 • 1ª MOSTRA DE TEATRO NACIONAL
Após “Perdida nos Apalaches”
Após "Perdida nos Apalaches", a 1ª Mostra de Teatro Nacional continuou a surpreender tudo e todos, como já nos habituou o ENTREtanto TEATRO, organizador do evento. O auditório do Centro Cultural de Campo encheu-se no passado dia 24 para assistir à peça "Volta a Gil Vicente em 80 Minutos", da companhia Urze-Teatro.
Em 1873, Júlio Verne escreveu o famoso livro "A Volta ao Mundo em 80 Dias". 133 anos depois, em 2006, a companhia Urze-Teatro, originária de Vila Real, traz a palco "Volta a Gil Vicente em 80 Minutos", título criado numa analogia directa com o livro do escritor francês.
A peça inicia-se com o deambular de quatro actores pelo palco, num cenário negro e soturno. De rompante, "surge Gil Vicente" do fundo do auditório, apregoando palavrões, qual Parvo saído do "Auto da Barca do Inferno". Impressionados, os actores iniciais começam a questioná-lo sobre a sua identidade, rindo sempre que este se identificava como sendo Gil Vicente.
Ao longo de toda a peça, o personagem principal conta a história da sua vida, respondendo às perguntas dos outros com a intenção de provar quem diz ser. Por entre estas histórias contadas na primeira pessoa, surgem as representações de vários dos escritos de Gil Vicente, tais como o "Monólogo do Vaqueiro", "Auto da Índia" ou o famoso "Auto da Barca do Inferno". Assim como a sua vida é contada tal qual como aconteceu, também estas representações surgem na ordem cronológica em que foram escritas.
Em 80 minutos, o espectador assiste a uma visão alargada da vida, obra e conceito teatral de um dos maiores dramaturgos portugueses. Uma excelente peça protagonizada por Andreia Vasconcelos, Fábio Timor (guionista e encenador), Glória de Sousa (directora artística), Rui Félix e Susana Rocha, repleta de cenários cómicos e musicais. De resto, uma excelente sonoplastia de Jorge Rodrigues que combinava com textos que continham uma linguagem muito actual.
À saída do espectáculo, vários eram os que comentavam ter apreciado mais esta peça do que a do dia anterior. Mais uma prova de que o teatro cómico//histórico "tem pernas para andar" em Portugal.
Por: Daniel Faria
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