A Página dos Jovens
Homem
Era fria e húmida a prisão onde se encontrava o Homem. Grossas barras separavam a humidade do interior da sua cela e a do exterior da sua cela. O Homem dormia naquela cama feita de pedra fria, com o resto de um manto putrefacto que lhe restava para manter a réstia de calor. A cela cheirava àquele cheiro forte a dejectos, a suor fresco, e a suor encrustado na pele... cheirava a Homem. O próprio Homem não se importava com o cheiro, com a humidade, com o frio da cela, era por escolha dele que ali estava, ele próprio construíra a sua própria cela.
Havia uma única janela na cela, uma janela sem grades, onde o sol brilhava, onde o ar entrava limpo trazendo a frescura do dia lá fora, mas o Homem tapara a janela com o seu manto, tapara e confinara-se ainda mais à sua prisão...o sol cegava-o, e o ar limpo já não lhe parecia normal...
Durante o dia, o Homem fazia nada, e nada continuava fazendo até que a escuridão chegava.
O Homem não se importava, não fazia coisa alguma e vivia esquecido naquele cubiculo, onde ninguém lhe chegava para o apontar, para o contrariar...
Apesar de suja a cela não era assim tão má, pensava o Homem, afinal a própria cela tornava-se melhor, porque se tratava da cela do Homem. Ignorante era o Homem, e assim vivia...
Ora Homem...olha à volta, olha à volta do mundo que consideras teu, e diz-me se viverás numa cela, ou se a cela vive em ti próprio...
Por: Ana Sofia Nunes
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