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    Arquivo: Edição de 28-02-2006

    SECÇÃO: Educação


    A Página dos Jovens

    Ermesinde e a nova geração

    Fotos CRISTIANA FELGUEIRAS
    Fotos CRISTIANA FELGUEIRAS
    As mudanças que ocorrem actualmente no panorama político, social e económico obrigam as sociedades actuais a desenvolverem cada vez mais a formação dos jovens. Ou seja, se não acompanhamos, ficamos para trás, condenando-nos e aos que estão para vir à mediocridade e ao falhanço. E tem sido este o objectivo do País. Desenvolver o ensino, infelizmente sem olhar a meios, necessidades e condições, tanto para os futuros cidadãos como para aqueles que os formam.

    Desde o 25 de Abril, a data que deveria constituir o nosso orgulho, a promessa de liberdade para estes povos lusos oprimidos na cultura caseirinha e desagradável do Estado Novo, que o português é corrido da escola básica para reprovar na secundária, não por ter poucas aptidões, ou fraqueza de raciocínio, ou por incompetência dos professores, simplesmente não quer porque não o deseja, ou porque não tem uma base sólida de ensino para o apoiar. Logo, a Europa troça do nosso esforço em manter-mo-nos atrasados, e do suor que escorremos para permanecer insatisfeitos e com esta vaga sensação de viver no terceiro mundo. Em socorro da Nação não vêm os políticos e demagogos, mas sim as pessoas excepcionais que são geradas entre nós.

    É neste ponto que falamos de Ermesinde, das suas escolas e dos jovens que constituem o futuro da cidade. Todos eles são o esforço das gerações que passaram, e apresentam os seus dons e capacidades com vontade de quem quer triunfar. E poucos sítios há tão repletos de gente inteligente e inovadora como a Secundária de Ermesinde, contando estudantes e professores. O facto de a escola servir uma grande área traz-lhe os valores das gentes que lá vão estudar, beneficiando a cidade, a escola e o ensino.

    Existem talentos neste estabelecimento que a maioria dos ermesindenses não conhecem ou sequer sonham existir, e eu tive o prazer de conhecer alguns deles. Desde prosadores brilhantes, futuros jornalistas de sucesso, poetas e actores, arquitectos e pintores, cartoonistas e campeões matemáticos nas olímpiadas, o arsenal de valores que para aqui vai é impressionante e valioso. Trata-se de gente humilde e trabalhadora? Deveras. Alia-se a isto a simpatia e o espírito de comunidade, e esta cidade seria um exemplo a seguir. O que se encontra então por detrás da cortina? O crescente crime nas escolas, o abandono e a marginalidade, tudo isto em estado alarmante.

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    A criminalidade que se transforma em rotina, os assaltos diários, tanto à carteira como à dignidade, perpetuados pelos chamados desfavorecidos, que em vez de serem inseridos no meio da comunidade egoísta, só lhe merecem o desprezo, e vingam-se do abandono a que são submetidos. O abandono escolar torna-se noutra grande perda. Longe da escola e de influências que faltam em casa, não se desenvolve o gosto pelo saber nem os valores morais, e perde-se o factor competitivo tão necessário nos dias de hoje. Mas o grande defeito está no marginalismo escolar. Ao contrário do que pensamos, aqui o marginal é geralmente alguém com posses suficientes para agir por pura maldade desnecessária. É um ritual de inserção nos grupos masculinos e femininos, que consiste em atormentar aqueles que já mal toleram a escola. Falo de actos de humilhação que vão desde o cuspir nas pessoas, a forma encontrada de demonstrar todo o desrespeito por quem tem menos sorte, ao marcar nojentemente as roupas das pessoas, à difamação, pois estes heróis retardados têm os ouvidos do público, que prefere os jeans de marca e os blasers ostensivos aos argumentos e ideias de quem sabe. No meio desta competição de mau gosto, apenas uma instituição tem algum mérito, e não são as associações de pais ou os professores, mas sim a Associação de Estudantes, que devido ao seu trabalho exemplar, apesar de ainda insuficiente, tem mantido a divulgação da cultura e de entretenimento para todos. E mesmo esta associação tem sido vítima desse mesmo marginalismo. Os que lutam por um futuro esbarram com os que já o têm garantido, e não podem competir com eles. Esta marginalidade desvia a atenção do potencial inovador para o ridículo e grosseiro. Nada se faz, nada muda, nada se desenvolve, e perdemos o poder criativo dos jovens para os que não merecem. A escola já não é centro de aprendizagem e cultura, mas sim um enorme jardim infantário, tão miserável e abarrotada que está.

    O Homem é Conhecimento e Criação, e cabe-nos a todos, não podendo ajudar o Homem, no mínimo educar o Jovem.

    Manuel Rodrigues

     

     

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