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    Arquivo: Edição de 28-02-2005

    SECÇÃO: Crónicas


    Futebol

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    Gosto de futebol. Já fui assíduo frequentador do campo do Calvário (Vila Real) quando aluno do liceu. A vinda para a cidade do Porto fez perder o gozo do futebol, excepto algumas idas ao Campo do Salgueiros para encher o olho de defesas rijas do Barrigana (mãos de ferro) transferido do Futebol Clube do Porto – a transferência mais cara ao tempo.

    Nos nossos dias ainda me distraio a ver um desafio na TV, caso a disputa não seja "muito a doer" para um dos lados. Neste caso, oiço o relato da rádio.

    Apesar de ter a consciência da importância do desporto-rei na vida comunitária, jamais escreveria sobre ele, senão tivesse observado dois casos despoletantes:

    Desenho Rui Laiginha
    Desenho Rui Laiginha
    O primeiro foi da recente ida à Austrália, onde vi, no recreio de um colégio, meninos anafados de chapéus de abas largas a jogarem futebol! O que o clima obriga! A Austrália jamais será potência futebolística ...

    O segundo tem a ver com a notícia recente de "O Primeiro de Janeiro", em que o concerto de Bryan Adams, no Pavilhão Rosa Mota, esteve repleto de fãs. E o que tem isso com o jogo da bola?! Muito, pois tinha lido que o cantor canadiano, “adora” o nosso país, por ter frequentado a Escola do Ensino Primário (Lisboa) quando viveu com os pais em Cascais. As recordações da Escola não são muitas, mas uma é forte: «jogava futebol nos recreios»!

    Assim de uma aprendizagem de três ou quatro anos, não refere sequer a nossa língua, a nossa Pátria (Fernando Pessoa) mas o famoso jogo da bola.

    A importância fantástica do futebol na vida colectiva culminou no Euro 2004. A única parte que me coube foi assistir à inauguração do Estádio do Dragão. Ver um neto "decorado" à Porto, saltar na modernas cadeiras da bancada, jamais pode ser esquecido!

    Estou em crer que o maior esforço financeiro para a implantação dos dez estádios, todos último grito, como o de Braga, deu cartas ao Mundo. Foi o maior empreendimento desde que Portugal é Nação.

    PEQUENEZ?

    Nem o tempo dos Descobrimentos, com a aparelhagem das naus e formação dos marinheiros, absorveu, proporcionalmente, tanto capital! Se os portuenses não tivessem contribuído no abastecimento das carnes a embarcar não haveria as célebres tripas à moda do Porto! Nunca fomos nem seremos um País pequenino, o nosso miserabilíssimo, dito e afirmado, é que faz a pequenez.

    Somos tanto ou mais capazes que os outros povos. O Centro Cultural de Belém, a Expo 98 e a organização do Euro, só um Portugal era capaz de realizar, com as fracas bases estruturais, a baixa riqueza e a escolaridade reduzida. Ou será por isso? Ninguém é capaz de fazer das tripas coração como os descendentes de um Viriato!

    O futebol movimenta milhares de jovens. Sem esse desporto de massas, a droga e a sida seriam ainda maior tormento. Se todos os portugueses tivessem qualidade de vida, com acesso ao lazer, à cultura e à actividade desportiva, os roubos, a criminalidade e o stress seriam menores.

    Muitos se queixam que o futebol é violento e tem linguagem desbragada, tanto nos que jogam como nos que por vezes assistem. Apenas expresso uma virtude: sem ele a nossa iliteracia era maior. Temos dez a doze por cento de analfabetos. Sem os jornais desportivos e programas de futebol na TV e rádio, alguns alfabetizados passariam a iletrados!

    * Director do Colégio Vieira de Castro.

    Por: Gil Monteiro

     

     

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