FACTOS DA NOSSA HISTÓRIA (10)
Em novembro de 1910 foi pedida a mudança de nome de Asmes para Ermesinde
Hoje debruçar-nos-emos sobre dois factos que se relacionam com a história de Ermesinde, que ocorreram em novembro de 1910, logo a seguir à implantação do regime republicano: o primeiro (a 6 de novembro) foi o pedido formulado por Amadeu Vilar, junto do Ministério do Interior, que visava a mudança do nome da sede de freguesia de S. Lourenço de Asmes para Ermesinde; o segundo (a 14 de novembro) foi a proposta do vice-presidente da Câmara, Luís Marques de Sousa, de criação de uma Casa de Correção em Ermesinde.
Antes da implantação da República, a freguesia de S. Lourenço de Asmes era a única no concelho de Valongo onde existia um dinâmico núcleo republicano, com nomes tão importantes e influentes como Amadeu Ferreira de Sousa Vilar ou o Dr. Maia Aguiar.
Esses e outros republicanos convictos e históricos fundaram esse núcleo de propaganda republicana, em 1908, passando a designar-se, oficialmente, depois do 5 de Outubro de 1910, Centro Republicano de Ermesinde.
No aspeto político, este núcleo soube difundir, como lhe competia, os princípios doutrinários do regime republicano, junto da população local. Assim sucedeu, por exemplo, com a organização de um Comício Republicano aquando da campanha eleitoral para as eleições de 28 de agosto de 1910, a escasso mês e meio da Revolução do 5 de Outubro. Entre os vários oradores que estiveram presentes, destacaram-se o Dr. Joaquim Maia Aguiar, Mem Verdial (conhecido republicano portuense) e Alexandre de Barros (deputado republicano).
Ainda no período da Monarquia, e no campo do apoio social, os republicanos deste núcleo, numa iniciativa corajosa, fundaram uma escola gratuita para os filhos dos republicanos mais pobres, conseguindo, quase de graça, todo o material escolar.
No ano da implantação da República, Ermesinde estava já muito maior mas ainda tinha características predominantemente rurais.
A DELIBERAÇÃO SOBRE A MUDANÇA DO NOME DE ASMES
Porque S. Lourenço de “Asmes” era um nome que nada dizia, a nível nacional, a Comissão Administrativa da Freguesia solicitou ao Governo Provisório Republicano a substituição do nome da Freguesia - “Asmes” para o nome de um dos maiores lugares da freguesia e mais central – Ermesinde, que era também o nome da sua estação e que era bastante conhecido na região norte e até a nível nacional.
Esta deliberação foi tomada na sessão da Junta de Freguesia do dia 6 de novembro de 1910. Era Presidente da Comissão Administrativa Republicana da Junta de Paróquia, desde 27 de outubro de 1910, Amadeu Ferreira de Sousa Vilar.
A respetiva ata diz, a este propósito, o seguinte: «O Presidente lembrou a conveniência de se representar ao Ministério do Interior afim de que esta freguesia passe a denominar-se freguesia de Ermezinde, o que foi aprovado por unanimidade».
Três meses mais tarde (dia 6 de fevereiro de 1911), o Ministro do Interior do primeiro Governo Republicano, António José de Almeida, deferia o pedido da Comissão Administrativa, e, no dia seguinte, o Diário do Governo publicava a referida resolução.
PEDIDA A CIRAÇÃO DE UMA CASA DE CORREÇÃO NA FORMIGA
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MARQUES DE SOUSA |
Na sessão da Câmara do dia 14 de novembro de 1910 foi proposta pelo Vice-Presidente da Comissão Municipal Republicana de Valongo, Luís Augusto Marques de Sousa, a criação de uma Casa de Correção na Formiga, sendo deliberado também fazer essa proposta ao Governo Provisório. Atente-se no que se escreveu, a este propósito, na ata.
«Pelo Cidadão Vice-Presidente Marques de Souza foi dito que segundo lhe constava extra-officialmente o Governo Provisorio da Republica estava no propósito de crear algumas casas de Correção.
Que essas casas destinadas a recolher menores de certa idade são muito uteis e necessárias para a regeneração do individuo; para ao mesmo tempo que ministram o trabalho, regulado conforme a vontade e a capacidade dos indivíduos ministram também a instrução litteraria e moral, prova que duns delinquentes ou desgraçados, sairiam uns cidadãos uteis á sua pátria e á sociedade. Ora n’este Concelho existe um local magnifico e uma casa apropriada para a instalação d’essa escola - que não é outra coisa, a casa de correcção - no lugar da Formiga da freguezia de S. Lourenço d’Asmes e como no districto do Porto existe uma única casa, de detenção e correcção no Concelho de Villa do Conde, justo era que n’este concelho tambem se creasse uma Casa n’essas Condições e por isso proponho a que se representasse ao Governo Provisorio da Republica solicitando a creação d’uma Casa de Correcção no logar da Formiga, da dita freguezia, aonde existe um grande edifício com todas as condições exigidas a par d’um local aprazivel e salubérrimo e com uma bella estrada para a estação ferro-viaria de Ermezinde que lhe fica muito próximo.
A Camara aplaudindo esta proposta resolveu approval-a unanimemente encarregando o Secretario de elaborar a representação».
No ano seguinte, Marques de Sousa encontrou-se duas vezes com o Ministro da Justiça e lembrou-lhe esse pedido, conforme se pode ver na ata referente à sessão de 6 de fevereiro de 1911: «Em seguida, tomando a palavra o Vice-Presidente Marques de Souza, disse que, estando em Lisbôa, e tendo sido adiada a manifestação que o Norte projectara fazer ao Ministerio ou Governo Provisorio da Republica, aproveitara a occasião para apresentar os seus cumprimentos, em nome da Commissão Municipal, ao illustre Ministro da Justiça, que agradeceu muito. Mais tarde, por occasião da recente visita do mesmo Ministro ao Porto, falou com S. Ex. sobre a Casa de Correcção que esta Commissão Municipal havia solicitado».
LUÍS AUGUSTO MARQUES DE SOUSA
(síntese biográfica)
Logo após a implantação da República em Portugal fez parte da 1.ª Comissão Municipal Republicana de Valongo, como seu Vice-Presidente.
As suas intervenções políticas revelavam uma
(...)
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Por:
Manuel Augusto Dias
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