SECÇÃO: Saúde

A Diabetes, sabe o que é?

A diabetes Mellitus é uma doença crónica amplamente conhecida na população em geral, sendo prevalente em Portugal (cerca de 13,1% da população, entre os 20 e os 79 anos), assim como no resto do mundo. De certeza que conhece, na sua família ou círculo mais alargado, alguma pessoa com diabetes. Mas sabe em que consiste esta doença?

A diabetes Mellitus engloba um conjunto de patologias caracterizadas pelo anormal metabolismo da glicose (“açúcar”) no sangue. Existe o tipo 1, tipo 2 (o mais frequente), diabetes gestacional (que surge durante a gravidez) e outros tipos menos comuns.

O diagnóstico desta doença faz-se quando se verifica pelo menos um dos seguintes critérios, de acordo com as normas da Direção Geral da Saúde:

• Glicemia em jejum maior ou igual a 126 mg/dL (em duas ocasiões distintas)

• Glicemia maior ou igual a 200 mg/dL às 2 horas na Prova de Tolerância à Glicose Oral (PTGO)

• Glicemia maior ou igual a 200 mg/dL em qualquer ocasião desde que acompanhada dos sintomas de Diabetes mellitus

• Hemoglobina glicosilada (Hgb A1c) maior ou igual a 6,5%.

Outras associações de relevo, como a Associação Americana de Diabetes (ADA) atualizam frequentemente estas recomendações.

No que diz respeito aos sintomas, de uma forma geral:

• Diabetes Mellitus tipo 1 – o doente nota perda de peso, aumento da sede e fome, assim como o número de vezes que urina em grande quantidade.

• Diabetes Mellitus tipo 2 – frequentemente não se verificam sintomas e este tipo de diabetes é diagnosticado em análises de rotina. Se se verificarem, os sintomas podem ser semelhantes aos previamente descritos. O doente pode notar, contudo, maior dificuldade na cicatrização de feridas e no surgimento de infeções mais frequentemente.

Quanto aos fatores de risco, no que diz respeito à diabetes Mellitus tipo 1, estes não são bem conhecidos, mas fatores genéticos parecem estar associados a esta patologia, contrastando com a diabetes Mellitus tipo 2. Neste caso, excesso de peso ou obesidade, estilo de vida sedentário, idade avançada, erros alimentares ou familiares com diabetes, constituem fatores de risco mais evidentes.

As complicações crónicas da diabetes podem já estar presentes no momento de diagnóstico da doença, nomeadamente na diabetes Mellitus tipo 2. Estas podem ser, de uma forma global, divididas entre complicações microvasculares ou macrovasculares, dependendo do calibre dos vasos sanguíneos afetados.

• Complicações microvasculares incluem doenças nos rins (nefropatia), olhos (retinopatia) e do sistema nervoso (neuropatias de vários tipos).

• Complicações macrovasculares referem-se a doenças do coração (doença coronária), do cérebro (AVC e AIT) e das artérias (disfunção erétil e doença arterial periférica).

No que concerne a complicações desta doença, reforça-se a importância de vigilância das extremidades dos doentes, o conhecido “pé diabético”, que muitas vezes conduz a amputações dos membros inferiores.

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*Telma Lopes - Médica Especialista de Medicina Geral e Familiar, UCSP Matosinhos - Unidade Local de Saúde de Matosinhos

*Catarina Rebelo - Médica Especialista de Medicina Geral e Familiar, UCSP Darque - Unidade Local de Saúde do Alto Minho