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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 31-03-2023

    SECÇÃO: Local


    NOTÍCIAS DA AGORÁRTE / UNIVERSIDADE SÉNIOR DE ERMESINDE

    Visita ao Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada

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    No passado dia 27 de fevereiro, alunos da Universidade Sénior de Ermesinde (USE) tiveram uma aula externa, no Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada, em Sobrado – Valongo, organizada pelo Dr. Jacinto Soares, no âmbito da disciplina de História Local e Regional.

    Inaugurado em 2014, o Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada, localiza-se no antigo Centro Cultural de Sobrado, sito na Rua de Campelo, 340. Trata-se de um espaço interpretativo da festa da Bugiada, inserido no plano de salvaguarda desta tradição. Este Centro de Documentação funciona também como um polo agregador de informação temática e difusor dessa singular manifestação, contribuindo para que os visitantes compreendam a festa e sejam cativados a regressar no dia de S. João, ou em qualquer outro dia do ano.

    Podemos observar um conjunto de fotos que nos recordam os trajos usados antigamente. Numa outra sala estão expostos os trajes usados pelos bugios e mourisqueiros no ano de 2022.

    A festa da Bugiada e da Mouriscada reporta-se a uma tradição medieval. A lenda, como explicou o nosso guia – o Dr. Paulo Moreira, narra a disputa entre Cristãos e Mouros pela posse da imagem de São João Baptista. O dia da recreação da lenda ocorre a cada 24 de junho.

    O Largo do Passal, no centro da vila de Sobrado, é o palco principal das encenações das lutas entre Bugios (Cristãos) e Mourisqueiros (Mouros), pela posse da imagem milagrosa de São João Baptista. Uns são liderados pelo Velho da Bugiada, os Bugios, que “são o bizarro da festa pelas suas cores, saltos acrobáticos, pelos trajes com vestes de veludo colorido e pelas máscaras” e cujo exército não tem limites e pode ser integrado por pessoas da freguesia “dos oito aos 80 anos”. Já os Mourisqueiros, jovens de vestes garridas, que têm de ser solteiros por tradição, constituem um exército de (cerca de) 40 homens comandados pelo Reimoeiro.

    No Largo do Passal há as celebrações religiosas - a missa solene, na Igreja Matriz, de onde sai e à qual regressa a procissão. Segue-se a maravilhosa “Dança de Entrada”. Os rituais medievais, como a “Cobrança dos Direitos”, a “Sementeira da Praça” e a “Dança do Cego” desenrolam-se sucessivamente e o auge atinge-se com a guerra entre os dois exércitos: cada um dos grupos está no seu castelo. Começam a negociar através de diplomatas que recorrem a um estafeta a cavalo. Para a história ser completa, as negociações têm que falhar e a guerra estalar. Os Mouriscos assaltam o castelo, aprisionam o “Velho”, chefe dos Bugios. Estes aparecem com uma serpe assustadora e o inimigo foge aterrorizado.

    De manhã e até ao jantar (que ocorre entre as 9h30 e as 11h), decorrem danças de Bugios e Mourisqueiros em casa do Velho e do Reimoeiro, cujos locais variam de ano para ano. As danças que se realizam junto à Casa do Bugio, que é onde se faz o Jantar, têm lugar na estrada que liga Sobrado a Alfena. O acompanhamento musical é feito pela Banda de Campo, responsável pela dança dos bugios.

    Esta festividade, única no mundo, está já classificada como Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal, integrando também a Rede da Máscara Ibérica. Com o intuito de uma maior valorização e promoção, encontra-se em processo de estudo científico, por uma equipa da Universidade do Minho, tendente à inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial e lista representativa do património imaterial da Humanidade da Unesco.

    Após a visita ao Centro de Documentação da Bugiada e Mouriscada seguimos para o Largo do Passal, para apreciarmos a Igreja Matriz de Sobrado, que é um templo barroco, construído em 1671, a expensas da família Baldaia (padroeira deste edifício e desta povoação), sendo dedicado ao apóstolo Santo André. Entre 2010 e 2011, fizeram-se as obras de requalificação desta Igreja.

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    A Residência Paroquial, da qual se desconhece com exatidão a data da sua construção, indicando-se como possíveis, os anos de 1621 e 1691, foi pertença da Família Baldaia, sendo residência de D. Maria Clara Baldaia, padroeira de Sobrado. Em meados do século XIX, a familia Baldaia cedeu os terrenos da igreja, do passal e a casa, à Paroquia de Sobrado, tornando-se assim na Residência Paroquial. Durante todo o século XX, a casa acabou por ficar num estado de degradação avançado, situação essa que contribuiu para que se realizassem obras profundas. Esta intervenção acabou por alterar por completo a fisionomia do edifício, destruindo os estábulos e dando-lhe um aspeto mais moderno e menos rural.

    Capelas de S. Gonçalo - A mais antiga, remonta ao séc. XIX (substituindo uma ermida que existia no mesmo local e dedicada ao mesmo santo, mencionada desde 1758). A ermida passou para a posse da Paróquia apenas no séc. XX.

    Dado o incontornável valor destas festas, foi inaugurado a 21 de junho de 2008, na rotunda junto ao Largo do Passal, um conjunto escultórico, que representa a cena da prisão do Velho.

    Manuela Meireles

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