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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2022

    SECÇÃO: Património


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    As raridades que o tempo esqueceu nas margens do Ferreira

    «Chão de Couce»

    O meu paraíso», como o designava Hélder Pacheco no seu livro, «O Grande Porto» fica sensivelmente a meio de um conjunto de «linguetas» de terra, que se contorcem ou distendem ao longo das margens deste afluente do Rio Sousa, entre o Alto do Castelo e o Alto do Ramalho. Toda esta área entre a serra de Santa Justa e a serra de Pias é conhecida genericamente por «Chão de Couce.»

    A aldeia propriamente dita, é constituída por casas pobres edificadas com xisto da zona e mesmo com seixos do rio, no meio da qual se descobre uma pequena e humilde capela. Junto à estrada que acompanha o Rio Ferreira pela margem direita, uma pequena eira de ardósia, outrora comunitária e hoje destinada a dois proprietários, documenta bem a agricultura de subsistência de que dependiam estas gentes.

    Eira comunitária de Couce
    Eira comunitária de Couce
    Algumas peças deste conjunto urbanístico, que pela sua integração no meio, são autênticos modelos de arquitectura popular estão, infelizmente, a acusar os efeitos do tempo, apresentando indícios de ruína. O cimento, o azulejo e o alumínio, ainda há alguns anos fora deste mundo, começaram, aos poucos, afazer o seu aparecimento.

    A capela, de linhas simples e com altar-mor em madeira, data, à semelhança das outras construções, dos meados do século XVIII. Junto ao seu sacrário existia, pelo menos até há pouco, um lindo presépio, protegido por uma caixa em vidro, com figuras e paisagens bíblicas, modeladas em madeira, provavelmente da autoria de um artesão local. A rodear todo este núcleo habitacional ainda se distinguem vestígios da vegetação primitiva, constituída por castanheiros, sobreiros, carvalhos e medronheiros. A maioria do actual manto vegetal, contudo, é composto por pinheiros, eucaliptos e mimosas, as quais de forma intrigante florescem no início, ou antes da Primavera, fenómeno este que muitos atribuem ao microclima que ocorre na zona. Os amieiros e salgueiros, de porte imponente, sobrevivem ainda junto às margens do rio.

    A célebre planta carnívora --«Drosophylum Lusitanicum Lin»
    A célebre planta carnívora --«Drosophylum Lusitanicum Lin»
    Dos inúmeros moinhos existentes nos finais do Seculo XIX, restam hoje alguns exemplares e apenas um a funcionar. Eram ao todo «cento e sessenta rodas, que produziam a farinha com que se fabricava o afamado pão de Valongo», como nos conta o Padre Joaquim Alves dos Reis na sua monografia a«Villa de Valongo». Os historiadores universitários do Porto, numa das suas antigas pesquisas nesta zona, ainda sinalizaram alguns vestígios de moinhos desaparecidos, num descampado da margem esquerda do rio, onde se tinha pensado fazer um parque de campismo. Couce vale também pelas suas raridades no campo da geologia e botânica. Pode-se dizer mesmo que estamos perante um autêntico laboratório vivo de observação da natureza, tal é a sua riqueza e variedade de espécies vegetais e a abundante ocorrência de fenómenos e transformações na superfície terrestre.

    Para não nos alongarmos muito, porque este aspecto mereceria um outro trabalho, realça-se apenas, entre todas estas raridades, as «escombreiras», pequenos amontoados de cascalho branco que a natureza se encarregou, através da erosão, ao longo dos séculos, de esboroardos bancos quartzíticos dos cumes de Santa Justa e Pias e arrastar e depositar nas margens do rio Ferreira. Outros defendem que a sua origem se deve às escórias da mineração romana, que o tempo se encarregou de separar primeiro e amontoar depois.

    O Rio Ferreira, em Couce, vendo-se casas e moinhos
    O Rio Ferreira, em Couce, vendo-se casas e moinhos
    Infelizmente, continua a verificar-se a delapidação deste património natural, dada a sua utilização na construção civil, como substituto do cascalho granítico, inexistente na zona. As célebres «plantas carnívoras» que, ao contrário do que alguns pensavam, estariam em risco de desaparecimento, pelo menos na sua variedade mais importante, constituem o que poderemos considerar o seu «ex-libris». Estamos a falar concretamente de uma

    (...)

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    Nota de Redação:

    Este texto foi escrito pelo autor, há mais de quarenta anos. Muitas das situações aqui relatadas estão alteradas, ou mesmo desapareceram. Couce, é evidente, já não é o que era. Convém, contudo, recordá-lo. Este artigo utiliza a antiga ortografia.

    Por: Jacinto Soares

     

     

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