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Edição de 30-11-2024
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    Arquivo: Edição de 30-11-2022

    SECÇÃO: Local


    Grupo de Danças e Cantares de Alfena celebrou o seu 10.º aniversário com Festival de Folclore “Dez anos pelas águas do rio Leça”

    Fotos MÁRCIO POSSANI MARQUES
    Fotos MÁRCIO POSSANI MARQUES
    O Auditório S. Vicente, em Alfena, acolheu no passado dia 12 de novembro o Festival de Folclore “Dez anos pelas águas do rio Leça”. Este espetáculo assinalou o 10.º aniversário do ASPRECA - Grupo de Danças e Cantares de Alfena.

    Para além do grupo aniversariante, o festival contou com outros grupos convidados, a saber, o Rancho Regional de Guifões (Matosinhos), o Grupo Folclórico “Os Camponeses de Vila Nova” Cernache (Coimbra), o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arouca, e o Rancho Regional de São Salvador de Folgosa (Maia).

    Foram parceiros na organização deste evento a Câmara Municipal de Valongo, a Junta de Freguesia de Alfena, o Agrupamento de Escolas de Alfena, e a Paróquia de São Vicente de Alfena. O apoio técnico esteve a cargo da Federação do Folclore Português.

    De acordo com os organizadores, este evento teve o nome de “Dez anos pelas águas do rio Leça”, no sentido de realçar «a importância daquele rio no crescimento de Alfena e de todo o vale do Leça».

    No decorrer do espetáculo o grupo anfitrião apresentou alguns quadros etnográficos sobre o quotidiano alfenense de antanho. A abertura do espetáculo deu-se com uma declamação, em forma de verso, à musa inspiradora do trabalho do grupo da casa: Alfena. Nesses versos, o ASPRECA - Grupo de Danças e Cantares de Alfena avançou por todos os lugares que compõem a freguesia e pelos montes que a envolvem. Prestou-se, ainda, tributo ao culto aos santos da freguesia, levando a uma viagem pelos pilares da instituição desta freguesia. A par disto, ao som da descrição em “voz off” foram exibidos os trajos do moço/capataz, contratado para trabalhar nas quintas; os patrões com os seus trajos de linho; os trabalhadores à jorna, como o malhador, o sachador, a moleira, a mandadora do gado, a criada, as moças de servir, as vendedeiras de pão, biscoito, carquejeiras, trajos dos lavradores para ver a Deus e os trajos de romaria.

    No final dessa apresentação, foi ecoada e dançada a tirana, uma dança que faz referência à sageza da mulher: “esta moda da tirana tem que se dançar depressa, qu’ela aprendeu a correr pelas augas do rio Leça”.

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    Depois da apresentação do Rancho Típico de Vila Nova, Coimbra, que trouxe a este festival as suas recolhas naquele concelho, o grupo anfitrião apresentou-se com o quadro do namoro e do casamento. Neste quadro, foi abordado o namoro à carreira, a prática de oferecer-se, no domingo de São Lázaro, uma regueifinha de cornos à noiva (sinal de que o compromisso era sério). Houve o anúncio do casamento, junto da vizinhança, já que era prática comum oferecer-se aos vizinhos uma regueifa de Valongo, como sinal de matrimónio. O grupo anfitrião apresentou os trajos de noivos, no casamento, e o papel dos padrinhos. No final do quadro, o Pezinho, dança de roda geralmente de festa, foi a dança escolhida. Falar-se ao namorado também acontecia ao som destas danças de grande simbologia no amor. Esta simbologia, claro está, era muito diferente da atual. O amor não era declarado publicamente e muito menos com expressões que pudessem colocar em causa a reputação, essencialmente, da moça. A forma encapotada de se revelar o interesse mútuo, era demonstrado através de versos como “Ponha aqui o seu pezinho, quero lhe tirar o talho, quero fazer uma meia, pro seu pé ter agasalho”, em que a mulher demonstrava o seu apego ao homem.

    Findo este quadro, entrou em palco o Rancho Regional de Guifões, localidade também situada nas margens do rio Leça. Após a sua saída, o ASPRECA - Grupo de Danças e Cantares de Alfena abordou um quadro que muitos grupos têm receio de expor: As superstições, mezinhas e benzeduras. Talhou-se o medo de andar, sob as doze badaladas do sino da igreja de Alfena; talhou-se o tesorelho (a papeira), com jugo de bois; recriou-se o uso de amuletos, medalhas, agnus dei, por aqueles que saíam de casa de madrugada e se dirigiam para o Porto. Foram elencadas as feiras de referência, com especial destaque para a feira de São Martinho, em Penafiel, na qual muitos lavradores desta região marcavam presença. Já no fecho deste quadro, foi apresentada a dança do Penafiel: “Hei-de ir a Penafiel, hei-de ir a Penafiel, não me engano no caminho, não me posso esquecer, não me posso esquecer, da feira de São Martinho”.

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    De seguida foi dado o palco ao Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arouca, que brindou a assistência com a polifonia e com as danças daquela região. Posto isto lá voltou o grupo anfitrião ao palco, desta feita com a Romaria de Nossa Senhora do Amparo. A preparação para procissão, a novena a Nossa Senhora do Amparo, a declamação da fé por Nossa Senhora e a festa, foram os pontos tocados neste quadro. Neste quadro, o vira marcou presença, uma dança nitidamente de festa e que aborda, também ela, uma temática de namoro: “Oh igreja de Alfena, de que pedra fostes feita? Fostes tu a causadoura de eu dar minha mão d’reita”; “A Sinhora do Amparo, é nossa mãe verdadeira, quando formos par’o céu, Ela vai à nossa beira”.

    Por fim, subiu ao palco o Rancho Regional de São Salvador de Folgosa, representando o Vale do Coronado, em contraposição ao Vale do Leça.

    Finda a atuação deste grupo, os aniversariantes encerraram o festival, com o quadro da E(i)migração brasileira, iniciado com a carta de Pero Vaz de Caminha para o Rei D. Manuel I, e com a relação de influência da emigração e do retorno desses emigrantes e/ou seus descendentes para Alfena. Passou-se pela identificação da cidade irmã Alfenas, pela influência na arquitetura, no trajar, no linguajar e, claro está, na dança. E, no que toca à dança, apresentámos o Brasileiro: “Dissestes que não me querias, não foi por eu não ter dinheiro, tenho meu pai no Brasil, sou filho dum brasileiro”; e o Perim: “Mandei fazer um barquinho, da folha do limoeiro, par’embarcar o Perim para o Rio de Janeiro”. Já no final, foi aberto o palco à assistência, para um pé de dança ao som do Vira Velho.

    «O espetáculo foi abrilhantado, de sobremaneira, pela magnífica sala que é o Auditório São Vicente, pelo que muito agradecemos ao

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    AVE/ ASPRECA - Grupo de Danças e Cantares de Alfena

     

     

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