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    Arquivo: Edição de 31-07-2021

    SECÇÃO: Património


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    Pelos “Percursos” de Resende

    O Fórum Cultural de Ermesinde tem patente, desde o dia 18 de maio, uma exposição de Júlio Resende, intitulada de Percursos.

    Júlio Martins Resende da Silva Dias (1917-2011), mais conhecido por Júlio Resende, é um dos artistas mais reconhecidos da arte portuguesa do século XX. Produziu uma obra multifacetada onde se dedicou às mais diversas técnicas e suportes, deixando um longo legado, conservado na fundação que ergueu com o seu próprio nome, em Gondomar. A sua obra retrata sobretudo os seus interesses e o que pretendia fazer, algo que é salientado pelo próprio.

    Apesar de na folha de sala não encontrarmos os princípios que regeram a escolha das obras expostas no Fórum Cultural de Ermesinde, conseguimos verificar que seguiu dois eixos temáticos: “Viagens” e “Técnica”. É a partir destas viagens que iniciamos o nosso artigo, pretendendo informar o leitor sobre o que pode descobrir.

    Ao penetrarmos na exposição encontramos em primeiro lugar um statement do próprio artista onde nos indica que nunca foi um seguidor do que acontecia no mundo da arte, que apesar de ter vivido de perto todas as revoluções da arte contemporânea procurou sempre manter-se fiel a si próprio. Indica-nos ainda que prefere deixar os juízos sobre a sua arte, e o que faz, aos historiadores de arte, para que retirem dela o que considerarem, mas que a si apenas o deixassem pintar.

    É com este pontapé de saída que talvez consigamos compreender a falta de outras linhas que nos descrevam esta exposição, pois Resende possivelmente pretenderia deixar o observador a questionar-se e a retirar dela o que considerasse mais pertinente.

    Iniciamos assim os Percursos com Resende que no nosso artigo seguirá a ordem cronológica das suas viagens.

    Júlio Resende (1948) - Marché aux Puces. Aguarela
    Júlio Resende (1948) - Marché aux Puces. Aguarela
    Em 1946, Júlio Resende recebe uma bolsa de estudo para o estrangeiro, por parte do Instituto de Alta Cultura, onde, à semelhança dos seus contemporâneos, visita primeiro França e depois Itália. O primeiro núcleo desta exposição apresenta-nos Paris, onde o artista foi bolseiro entre 1947 e 1948. Nesta cidade estudou técnicas de afresco e gravura, na Escola de Belas-Artes de Paris, e frequentou a Academia Grande Chaumière. Apresentam-se perante nós seis obras onde predomina a técnica de aguarela; estes registos, à semelhança do que iremos verificar na restante exposição, retratam cenas quotidianas e registos de locais por onde Resende passou como o Marché aux Puces.

    O Marché aux Puces, traduzindo-se o “Mercado das Pulgas” ou a Feira da Ladra é um local onde se comercializavam artigos em segunda mão e que recebeu o nome de pulgas por, muitas vezes, o vestuário à venda se encontrar infestado por estes animais. Neste local, Resende registou uma pequena banca ou tenda que vendia bicicletas e artigos para motos se atentarmos no letreiro que escreveu “MOTOS XELOS”.

    Prosseguimos para o Alentejo, entre 1949-1951, onde Resende se instalou no seu regresso à pátria; aqui foi professor numa escola de cerâmica, em Viana do Alentejo, e neste espaço temporal realizou ainda uma viagem à Noruega. À semelhança do núcleo anterior, encontramos registos rápidos, possivelmente realizados in loco, onde Resende capta as casas alentejanas com a sua base colorida, pessoas a circular com chapéus de palha…

    Muda-se depois para o Porto onde executa diversos trabalhos e se mantém instalado. Em 1971, realizou a sua primeira viagem ao Brasil, que revisitou em 1973, 1977-78 e 1981-82. Encontramos assim, de seguida, vários registos destas passagens pelo Brasil, com exceção de 1973, todos os estudos se encontram intitulados e registam momentos simples como a “Moça com o balão”, em primeiro lugar, e por último o “Menino com flor”.

    Continuamos a viagem pela cidade de Resende, o Porto, e encontramos datados de 1986 e 1987 vários registos da Ribeira do Porto em que, sobretudo, a tinta da china e aguada, o artista nos imprime várias vistas deste local e das suas gentes. Pertinente é ainda pensarmos na trajetória da sua vida pois é entre estes anos que realiza o mural “Ribeira Negra” e, possivelmente, poderão estes esboços também representar um estudo para o seu trabalho.

    A viagem prossegue para Cabo Verde, onde, em 1992, o pintor visita São Vicente e Santo Antão. Este núcleo que também regista momentos do quotidiano demonstra-nos uma preferência por outro material, pois ao passo que vimos registando nos outros locais as aguarelas e tinta da china, em Cabo Verde, predominam os registos a pastel muito mais coloridos.

    Júlio Resende (s/data) - Estudos para vitrais da Igreja do Foco
    Júlio Resende (s/data) - Estudos para vitrais da Igreja do Foco
    Quatro anos depois, em 1996, o artista visita o Oriente, mais precisamente Goa. Denotamos que se mantém o gosto pelo registo de figuras a pastel, que culmina com a viagem que realizou a Moçambique, em 1999.

    Intercalado com as viagens de Resende, encontramos a segunda linha desta exposição, intitulada de “Técnica”. Encontramos aqui cinco núcleos, inicialmente representações a pastel e aguarela, elementos que mencionamos anteriormente, mas consideramos mais curiosos os restantes três, que se apresentam ao observador intitulados de “Afresco”, “Vitrais” e “Cerâmica”.

    Como verificamos anteriormente Resende estudou em Paris a técnica de afresco; encontramos aqui expostos dois estudos, o primeiro para o Palácio da Justiça do Porto e o segundo para o Tribunal de Justiça de Penafiel. O primeiro, encomendado na década de 60, intitulado de “Assistência Desvalida”, é preenchido por um enorme número de personagens que se encontram em movimento e claro diálogo entre si, executado em guache, este estudo apresenta-se perante o observador quase como uma obra final. O segundo, estudo para o Tribunal de Justiça de Penafiel, apresenta algumas colagens e demonstra ser de facto um estudo, onde podemos quase que acompanhar o artista quando este decide colocar os elementos pelos diferentes espaços da tela.

    (...)

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    Por: Mariana Filipa Lemos

     

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