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    Arquivo: Edição de 28-02-2019

    SECÇÃO: História


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    MEMÓRIAS DA NOSSA GENTE (3)

    Tradições agrárias: o linho (parte 2)

    O estudo da cultura e tratamento do linho é um dos trabalhos mais apaixonantes para os etnógrafos e todos aqueles que querem conhecer o que foi a cultura tradicional desta herbácea. Em Ermesinde, embora a sua prática não fugisse aos modelos e costumes das Terras da Maia, a sua cultura tomava certas particularidades que vamos tentar realçar e explicar. Esta especificidade tem a ver, quanto a nós, com a natureza do solo, com a grandeza das casas agrícolas «das maiores das da Maia2» e com a situação geográfica.

    Recordamos as várias fases por que passa o linho, desde a sementeira até à tecelagem. Depois de vermos como se prepara a terra, como se faz a sementeira e se processa a «arranca» vamos tratar hoje da ripa, do linho no engenho e da operação da espadelada.

    A RIPA

    ASPECTO GERAL DE UM RIPANÇO, MONTADO NUM CARRO DE BOIS
    ASPECTO GERAL DE UM RIPANÇO, MONTADO NUM CARRO DE BOIS
    Um cavalete de dentes, geralmente em ferro, é preso à cabeçalha do carro e é este instrumento que vai servir para lhe retirar a baganha. O ripanço, como é designado, é composto por uma fiada de «picos» mais finos e outra mais grossa, para no caso de alguma impureza passar na primeira não o conseguir na segunda. Embora se trate de um trabalho de homens, são as mulheres que chegam o linho aos ripadores que, com gestos espaçados, vão passando os molhos pelos seus dentes.

    A crosta da semente (baganha) e outros restos de palha que não serviam para nada eram, na nossa zona, deitadas aos «aidos» do gado para serem transformados, mais tarde, em estrume. Uma parte da linhaça era vendida às farmácias para ser comercializada, aí, com o mesmo nome. Depois de reduzida a pó e misturada com mostarda (daí a cor amarela), faziam-se cataplasmas, que eram usadas para tratar zonas doridas.

    Este trabalho era desenvolvido de noite e costumava estar pronto de manhã cedo. Ripado o linho, preparam-se os «ougadouros3» , isto é, os molhos que se iam enterrar, em água corrente.

    Em Ermesinde, depois de colocados nos carros de bois, eram enterrados ou junto à fonte da Prosela4 , perto da «Ponte das Tábuas» (o seu nome deve-se ao facto de antes de ser construída em pedra, ter sido de madeira); no Balsinha; em Chãos, nas águas do Rio Tinto, na parte sul da freguesia. Alguns locais eram assinalados com estacas para avisar os outros lavradores que aquele sítio já estava ocupado e os ougadouros cobertos, com tábuas que, por sua vez, tinham pedras em cima para que a correnteza não os levasse.

    Passados oito dias, vão buscá-los novamente e levam-nos para o monte, estendendo-se as paveias às filas, tendo sempre em conta que estes delicados caules não podem apanhar qualquer tipo de sujidade. Em Ermesinde, depois de retirados da água ficavam, geralmente, perto do local onde tinham estado. No caso da parte sul da cidade, por exemplo os lavradores aproveitavam as bouças que tinham nessa zona para aí estenderem o seu linho5. Era natural que quem aí não tivesse propriedades recorresse aos baldios da zona ou mesmo o trouxesse para espaços disponíveis perto de casa, ou até para as eiras, se estivessem livres.

    Mais ou menos quinze dias depois (o tempo considerado necessário para que a matéria fibrosa existente nas suas hastes fermentasse), guardavam-se as paveias, agora aos molhos, na casa da eira. Este trabalho de recolha era quase sempre feito pelas mulheres, geralmente numa tarde de grande calor e sem nevoeiro.

    (...)

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    Por: Jacinto Soares

     

     

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