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    Arquivo: Edição de 30-04-2013

    SECÇÃO: História


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    O 39º aniversário da Revolução

    «Abril só se cumprirá quando todos os portugueses tiverem o mínimo para viver com dignidade, na sua terra, e sem terem de sobreviver com o credo na boca ou a mão estendida à caridade»

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    Celebrou-se no passado dia 25 de abril, o 39º aniversário da última revolução que ocorreu em Portugal. Militares, políticos da oposição, cantores de intervenção, jovens e a população em geral vieram todos “gritar” para a rua, a plenos pulmões, que o povo era então “quem mais ordena”!

    A liberdade, há tantos anos reprimida, voltava a ser palavra de “ordem”. De reivindicação perseguida e coartada, em tantos casos com a morte, tornava-se então uma conquista plenamente concretizada.

    É verdade que nem tudo correu como se desejava. O período do PREC trouxe, a quem o viveu, reais momentos de angústia. Mas, a democracia, conforme era entendida no bloco ocidental (não podemos esquecer que o mundo ainda vivia a guerra fria e Portugal até estava, e ainda está, ligado à Nato, de que foi um dos países fundadores) acabou por ficar consolidada no articulado da Constituição.

    O povo português voltou a acreditar no direito à vida plena.

    A liberdade permitiu retirar o véu cinzento com que a verdade nos era dissimulada; os soldados portugueses puderam regressar às suas casas e ao seio das suas famílias; os povos africanos puderam tornar-se independentes. E Portugal, virando--se, também, para a Europa, pôde almejar integrar a CEE. Ao nível do poder local, as autarquias passaram a dispor de meios que nunca tinham tido.

    E o resultado vê-se hoje de lés-a-lés de Portugal. O país está irreconhecível se comparado com o de há 40 anos atrás. As terras e as pessoas têm uma vida mais digna.

    Mas, infelizmente, os últimos anos puseram a descoberto uma crise de que não se conhecem bem os contornos, nem o princípio, nem o fim.

    Parece ter sido financeira, mas é sobretudo económica, política e social! As pessoas têm sofrido, em números nunca vistos, o problema do desemprego. Os jovens concluem os cursos, que ajudamos a pagar com os nossos impostos e vão ficar ao serviço de outros povos que assim beneficiam diretamente de uma mais-valia cujos custos fomos nós que suportámos! E se Portugal está mal, com esta debandada, da gente jovem, culta e dinâmica, ainda fica pior.

    As pessoas que fazem sacrifícios continuam a ver que outros concidadãos seus não sofrem qualquer espécie de “corte” nos seus largos rendimentos, e alguns até com culpas no cartório, pelo estado de coisas a que chegámos! E isso alimenta uma revolta que começa a deixar de ser “surda e muda”.

    O “25 de Abril” foi, mais uma vez aproveitado, por muita gente, para sair à rua, reivindicando “igualdade”, “justiça”, “trabalho” e “pão”. No fundo, para pedir aquilo que a Lei fundamental, escrita depois de abril, consubstancia.

    E os políticos não podem afastar-se do querer do povo, deviam ser, aliás, os primeiros executores da sua vontade, pois é por vontade do povo que eles chegam ao exercício do seu cargo.

    Não podem enveredar por uma política neoliberal que esquece os grupos sociais mais fragilizados; nem por uma política de proteção do grande capital sacrificando o presente e adiando o futuro do país e das novas gerações.

    Consenso, justiça, igualdade, humanismo e solidariedade têm de ser preocupações constantes de quem nos governa e não apenas promessas vãs e conjunturais de momentos de campanha.

    Abril só se cumprirá quando todos os portugueses tiverem o mínimo para viver com dignidade, na sua terra, e sem terem de sobreviver com o credo na boca ou a mão estendida à caridade.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

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