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    Arquivo: Edição de 23-11-2012

    SECÇÃO: Opinião


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    Corações de pedra

    O comentador Alfredo Barroso epigrafou a sua habitual participação no “Diário de Notícias” de 19 de novembro corrente com o título que adotamos para este escrito, ao longo da qual nos lembra diversas lições da História, começando por recordar o grito do general galego Millán Astray na Universidade de Salamanca, “Muera la inteligência! Viva la muerte!”, comparando a sua irracionalidade e obscenidade à atual política de sujeição dos países da Europa meridional ao diktat financeiro e orçamental alemão que, considera o articulista, também significa desprezo pela inteligência dos súbditos e uma condenação à morte das respetivas economias.

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    Alfredo Barroso esclarece que foi buscar a expressão “corações de pedra” a um livro de Jonh Maynard Keynes, onde este faz uma crítica devastadora da Conferência de Versalhes em que os vencedores da I Guerra Mundial impuseram à derrotada Alemanha “cláusulas de reparação” terrivelmente punitivas e humilhantes, escrevendo a dada altura que «de todas as formas, o velho mundo era duro na sua perversidade, dureza que provocou enorme ressentimento entre os Alemães e produziu terríveis consequências: inflação galopante, pobreza e caos social, ascensão de Hitler ao poder em 1933 e eclosão da II Guerra Mundial, que viria a devastar a Europa e parte da Ásia e Oceânia, entre 1939 e 1943.

    Dando nota de que há alguns meses o presidente da Confederação Europeia de Sindicatos enviou uma carta à Comissão Europeia em que compara os juros dos empréstimos da troika, mais os brutais planos de austeridade e privatizações às “cláusulas de reparação” do Tratado de Versalhes, sem que ninguém lhe prestasse atenção, o articulista termina lamentando não haver atualmente na Europa uma figura com a coragem e estatura do à época reitor da Universidade de Salamanca, capaz de enfrentar os fanáticos do neoliberalismo que teimam em promover a “selva”, destruir o Estado social e fazer regredir a Europa quase 70 anos.

    Saudando Alfredo Barroso pela qualidade e oportunidade do referido artigo, deixamos-lhe aqui um repto: tomar a iniciativa e mobilizar boas vontades para que se promova uma Conferência Europeia onde os atuais decisores políticos sejam alertados para as deliberações tomadas no passado, as terríveis consequências que delas resultaram para os povos, mostrando-lhes que sendo as atuais políticas de austeridade idênticas às adotadas no rescaldo da Guerra 1914/1918, outra coisa não devem esperar que não seja o eclodir de um novo conflito bélico na Europa de consequências imprevisíveis, mas certamente bem mais destruidoras que o último, perguntando-lhes diretamente se estão conscientes dos danos que se preparam para causar aos povos e se estão preparados para arcar com consequências semelhantes aos vencidos da Guerra 1939/1945. Ou se, despertos da tragédia para que empurram os povos, se decidem rapidamente a arrepiar caminho.

    Por: A. Alvaro de Sousa

     

     

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