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    Arquivo: Edição de 10-10-2012

    SECÇÃO: Crónicas


    CRÓNICAS DE LISBOA

    Cristiano Ronaldo, o nosso orgulho?

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    Acedi ao canal de TV do Real Madrid e pude, desse modo, ver um resumo alargado do jogo entre o Ajax vs Real Madrid para a a segunda jornada da "Champions League". Nesse jogo, o jogador português marcou três dos quatro golos com que os madrilenos bateram os holandeses de Amesterdam. Além disso, o nosso craque fez uma exibição "à Ronaldo", daquelas que, infelizmente, não consegue fazer quando atua pela equipa nacional portuguesa, não por falta de empenho seu, porque Ronaldo é também nesse aspeto um "fora de série" (aliás a sua história de vida socioprofissional é um exemplo para muita gente, mesmo fora do contexto desportivo), mas porque dos restantes dez jogadores que com ele fazem equipa, poucos são os que estão ao nível dos "dez" habituais da equipa ultra milionária do Real Madrid. Custa a entender isso? Só os fanáticos, que acreditam que se podem fazer omeletas sem ovos, não veem que a Seleção portuguesa vive de três ou quatro jogadores acima da média e os restantes são fracos.

    Os adeptos portugueses e os dirigentes e treinadores, esperam sempre que Ronaldo "carregue" uma seleção ou mesmo um país onde o futebol vive em constantes trocas de palavras azedas, insinuação de suspeições que visam influenciar os árbitros para disfarçarem os erros de outros agentes do futebol. Paradoxalmente e nesta semana, a equipa nacional está classificada em 3º lugar da FIFA (só a Espanha e a Alemanha estão à frente dessa classificação – incoerências estatísticas) e os clubes portugueses estão no 5º lugar do “ranking” das provas da UEFA, classificação essa obtida através dos quatro “grandes”, maioritariamente servido por jogadores estrangeiros. Aquelas classificações não são fruto da "qualidade do nosso futebol", mas sim graças à conjugação dum conjunto de factos excecionais e que vão permitindo que o futebol português vá disfarçando todos os seus males, apesar dos dirigentes continuarem a "assobiar para o lado" e terem a ousadia de dizer que o futebol português «ainda é das poucas coisas de sucesso internacional que o nosso país tem», na qual alguns jornalistas também “embandeiram em arco”, só porque o FCP e o SLB vão fazendo negócios chorudos com os “homens das arábias ou do gás”, gente rica que desatou a comprar alguns dos grandes clubes europeus. Apesar desses encaixes financeiros, os nossos clubes continuam na “linha vermelha” do endividamento e da insolvência. Com estádios vazios, na maioria dos jogos do nosso campeonato, como pode o futebol português ser sustentável? Contudo, nem a crise que o país atravessa parece afetá-lo!

    Quando Cristiano Ronaldo "arrumar as botas", a Seleção Nacional virá em queda livre no "ranking" da FIFA, porque a política desportiva em torno do futebol jovem português é um mentira. Veja-se o número insignificante de jogadores portugueses que atuam nos nossos clubes "grandes", este ano com o Braga a destoar da sua política do passado recente e a ser a “mais portuguesa” equipa dos quatro grandes. Com esta política, não admira que o selecionador Paulo Bento tenha enormes dificuldades em escolher o número de jogadores com algum nível para jogarem na equipa nacional. Basta estar atento aos reservistas ou rejeitados pelos principais clubes portugueses, que ele tem que convocar. Elucidativo! No final da carreira de Ronaldo, o futebol português ficará órfão dum jogador que muitos consideram o melhor do mundo na atualidade, apesar da rivalidade que trava com o argentino Messi, ou não atuassem ambos em dois dos maiores clubes do mundo e rivais numa das mais competitivas ligas de futebol profissional.

    Confesso que me comovi com as palavras que os comentadores da Real TV iam fazendo acerca da exibição de Cristiano Ronaldo no citado jogo contra o Ajax e que, sublinhavam «o melhor jogador do mundo» e, muito importante, várias vezes mencionavam «o português». Estes elogios e referências vindas de Espanha, tão "chauvinistas" que costumam ser, ainda mais orgulho nos dá. Ronaldo e Mourinho são "reis em Madrid", mas cujo protagonismo e fama a imprensa e a televisão espalham por esse mundo fora e isso é uma das melhores propagandas que Portugal pode ter além fronteiras. Perguntem a um empresário português ou a um turista nacional o que ouvem quando, num qualquer país longínquo que seja, mencionam Portugal! Mas a nossa "orfandade" futebolística, isto é, a falta de candidatos (ídolos) para sucederem ao nosso "rei" (lembremos-nos que Ronaldo sucedeu a Luís Figo, sem interregno), é uma ameaça e a culpa é de todos aqueles que privilegiam jogadores estrangeiros, muitos deles de qualidade duvidosa e que os adeptos "tudo comem", mas que noutras atividades já teriam feito protestos públicos contra esta política desportiva, em geral, e do futebol, em particular. Basta!

    Por: Serafim Marques

     

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