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    Arquivo: Edição de 22-03-2012

    SECÇÃO: Arte Nona


    “Construções de armar” no CNBDI – Homenagem a António Velez

    Os encontros no CNBDI continuam a marcar presença, agora na última quinta-feira de cada mês.

    Assim, no próximo dia 29 de Março, pelas 21h00, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem, na Amadora, terá lugar mais uma edição de “Às Quintas Falamos de BD”, com o encontro Construções de Armar - Homenagem a António Velez.

    Para a ocasião Dâmaso Afonso e José Ruy recuperaram a única entrevista conhecida de António Velez. São 11 minutos que reconstituem o significado e a memória das construções de armar em Portugal e o pretexto para mais um encontro no CNBDI.

    foto
    QUEM FOI ANTÓNIO VELEZ

    (texto reproduzido de kuentro.blogspot.pt)

    Entre os muitos desenhadores que fizeram construções de armar, destacamos alguns como Calvet de Magalhães, Jorge Barradas, Fernando Bento, António Cardoso Lopes "Tiotóino", Eduardo Teixeira Coelho e José Garcês, com um bom curriculum de maravilhosas construções.

    Porém um desenhador houve, que sem o ser de banda desenhada, sobressaiu e ficou na memória de todos que liam e apreciavam os jornais infantis, António Velez.

    António Coelho Velez nasceu em Vila Viçosa em 3 de Julho de 1921. Filho de família abastada, a avó era morgada e o avô foi várias vezes presidente da Câmara de Vila Viçosa ao tempo de el-Rei D. Carlos, deixando vários melhoramentos nesta vila, entre os quais a praça de touros.

    Velez foi criado em casa dos avós, onde existiam imensas construções de armar de origem francesa, da qual recorda... uma estrada em espiral subindo um monte em cujo cimo se erguia um convento ou castelo. Faz o exame de admissão em Évora e aos 12 anos deixa o Alentejo e fixa residência nos arredores de Lisboa aonde o pai comprara uma quinta.

    Continua a admirar tudo que é construção de armar e mais uma vez fica-lhe na memória aquela que fora feita referente ao cortejo histórico, em que nos coches as próprias rodas rodavam.

    Vai para desenhador da Função Pública, mas o "bichinho" das construções não o larga e um dia apresenta-se no jornal infantil “O Mosquito” com a construção de "O Mosquito Voador". Cardoso Lopes gostou e propõe-lhe outro tipo de construção. Assim, já no formato pequeno, no n.º 325, de 02-05-1942, começa a ser publicada "Uma Azenha", com a curiosidade de a roda ser movida por meio de areia. O interesse desta construção foi tão grande que, quando Velez apresentou a mesma, já construída na Papelaria Fernandes, do Largo do Rato, não a deixaram já sair, colocando-a em exposição na montra. A partir daqui começou a sua imensa atividade nesta arte que tão grande prazer deu a todos aqueles que tiveram o privilégio de a poderem realizar.

    Nos anos 60 Velez compra uma "Multilit", offset de pequeno formato, e passa a imprimir ele próprio as construções já em cartolina, o que era uma novidade.

    Após alguns anos de relativa calmaria, devido a ausência de compradores, o Ministério da Educação encomenda-lhe uma série de construções dedicadas às Casas Regionais Portuguesas para serem distribuídas pelos imigrantes. Muitos deles acabam por fazer as suas casas baseadas nessas construções (Velez pediu conselhos e autorização ao arquiteto Raul Lino, para usar alguns dos seus projetos para a realização das mesmas). Mais tarde, também muitas escolas compram estas construções de armar para as suas aulas de atividades plásticas. Posteriormente distribui-as por lojas, para possibilitar a sua compra aos interessados.

    No entanto, entre a feitura das construções de armar, a sua fértil imaginação não pára. O dinheiro que por elas recebe emprega-o em um outro tipo de atividade, inventos que projeta e constrói, como por exemplo:

    - Dois barcos em madeira.

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    - Um hovercraft movido por dois motores com rotações contrárias, um relativamente ao outro, e em que a almofada de ar era conseguida por meio de quatro câmaras-de-ar de pneus. Com os amigos vai fazer o seu ensaio na pista da Base Área de Sintra. Um aviador que vira do céu aquele objeto a deslizar na pista, ao aterrar correu para o local para saber o que era aquela gemada que deslizava na pista. O hovercraft era pintado de amarelo. Isto nos anos a seguir ao término da grande guerra.

    - Constrói uma estufa orientável para o sol, para a secagem de frutos (Velez foi toda a vida um vegetariano).

    - Adapta uma motoreta "acelera" para o ajudar nos trabalhos da sua propriedade.

    - Modifica o automóvel inventado por Sinclair, o inventor do computador Spectrum, adaptando-lhe um tejadilho (Sinclar quis com este automóvel criar um veículo de cidade, não poluente, de fácil aparcamento, simples de guiar e sem carta de condução. É baseado no carro brinquedo das crianças, e pouco maior, levando apenas um adulto. Movido a pedais, tem uma bateria para ajudar nas subidas. O seu guiador é do tipo das motas ou bicicleta, simplesmente o condutor põe as pernas por cima dele. Bastante fácil de conduzir, esta invenção de Sinclair acabou por o levar à falência).

    António Velez faleceu em 27 de dezembro de 2000.

     

     

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