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    Arquivo: Edição de 30-09-2011

    SECÇÃO: Crónicas


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    Feira dos Pucarinhos

    Sempre tive fascínio pelas feiras. Seria devido às feiras de S. Martinho de Anta? Vivi as de Roalde, enquanto a força das pernas não deram para ir ao Largo do Eiró, na companhia dos familiares. Eram dias de ansiedade na espera do regresso dos pais, pois as compras continham sempre um regalo, que fosse o doce da Teixeira ou um pião das nicas! Na entrega de roupas barafustava em todo o tempo, e tinha de ouvir:

    – Estás a crescer, daqui a dias está na medida!

    Grande feira anual era a de Santo António de Vila Real. Passava dias a assistir e a ver os passantes a caminho da Vila. Era um corrupio de gentes e bens. Os que passavam a cavalo, muares e burros, ou em carros de bois, mostravam os animais ajaezados como fossem para romaria. Daí, se ouvir dizer: «Vamos pr’as Festas de Santo António» ou «vimos da Feira de Vila Real».

    Miúdos e crescidos iam contando os dias para a grande festa anual. A impaciência começava ao ver os peregrinos a passar, e os preparativos dos pais e amigos. As vestimentas novas e os brinquedos iam chegar! Os catitas chapéus de palha estavam prestes a proteger a cabeça do sol forte!

    Os cucos (ocarinas) e flautas de barro; as cornetas, cavalinhos e carrinhos de lata colorida; a pombinha de bater asas e a roda de ciclista a bater os raios, eram recebidos e logo exibidos, nas escadas da Capela, para os amigos.

    A mesa grande da sala servia de montra das compras à chegada. Depois, eram as entregas às (aos) irmã(o)s e avó, ao redor das ambicionadas prendas. A distribuição não era fácil: o quinhão de um era melhor que o do outro e as ofertas surpreendiam bem ou mal. O apaziguamento, por vezes, estava nas trocas.

    O consolo das disputas era ir à rua mostrar aos parceiros os brinquedos – era a reinação!

    O S. Pedro ainda estava para chegar... As prendas seriam outras, compradas no Bazar dos Três Vinténs e acompanhavam a aquisição das louças de barro preto de Bisalhães (vasos, púcaros, alguidares do arroz de forno, infusas para o vinho, chocolateiras... e, esquisito [!], potes esburacados para tostar as castanhas à lareira, depois de cozidas). Surpreendiam as infusas, por lembrarem o vinho novo, e os assadores, por recordar as castanhas.

    Só nos anos de exame tinha a sorte de passar as Festas de S. Pedro em Vila Real, e participar nos jogos de panelas. O largo da Igreja Nova era um mar de variadas louças de barro de Bisalhães. As donas de casa compravam, desde a bilha até às peças de arte decorativa; e os moços e moças as panelas de refugo, a serem jogadas na avenida. Os aselhas, pelas partidas, eram “obrigados” a comprar outras! A brincadeira ia noite dentro, mesmo depois da audição do concerto da Música de Mateus, nas escadas da Câmara ou na Verbena do Jardim da Carreira, e dos foguetes de lágrimas.

    Só durante os anos do liceu do 2º, 5º e 7º (anos de exame) podia estar presente na Feira dos Pucarinhos, pois terminadas as aulas era Roalde à vista!

    A realização da prova escrita de Matemática foi no dia do arraial de S. Pedro. Foi uma tragédia! Por terem sido mudados os tipos de exercícios, andou tudo aos papéis!

    A malta fez um “corridinho” pela cidade, de panelas ao alto, cantando:

    – Haja alegria, animação.

    O ponto de Matemática

    Não mete aflição!

    S. Pedro providenciou. Houve nova prova escrita a nível nacional!

    Por: Gil Monteiro

     

     

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